Capítulo 13 - Nada está tão ruim que não possa piorar

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Oito naves esfera se preparam para partir. Jorge faz um rápido inventário do combustível e munição. Ele havia assumido a liderança da equipe após a morte de Vladimir.  Ele percebe que ainda tem o necessário para a arriscada missão de resgate.

As pequenas naves eram formadas por uma estrutura tubular esférica. Os motores e armas ficavam em suportes retráteis fixados em eixos rotacionais.

Depois que elas saiam do teletransporte os suportes se projetavam para fora da estrutura esférica, e podiam virar para diversos lados, permitindo grande manobrabilidade para as pequenas naves.

Carlos se posicionou na frente da nave de Jorge, e prendeu com um cabo a  parte de trás de seu traje a um tubo da estrutura da nave. Nina se prende ao seu lado.
Em cada uma das outras sete naves dois soldados se prenderam as partes dianteiras das mesmas.

Aquele posicionamento havia sido previsto no plano, tanto que haviam sido instalados suportes  para os soldados apoiarem as costas e os pés.

Depois que todos os soldados se fixam, Carlos diz para Jorge pelo rádio:

- Estamos prontos, podemos ir.

- Certo, vamos sair em 5, 4, 3, 2, 1 agora.

As cinco naves saem alinhadas. Os demais soldados ficam na superfície do asteroide, entre eles está Raul, o qual luta contra a dor.

A nave de transporte Stall está imóvel no espaço, ainda soltando ar pela perfuração na lateral, uma nuvem de corpos e outros objetos paira na parte externa da nave.

As naves esferas vão se aproximando e vão assumindo uma formação em fila, uma atrás da outra.

Juliana e Sarah estão na frente da mesma nave esfera. Juliana olha para a amiga e diz pelo rádio:

- Não acredito que vamos fazer isso, entrar em uma nave Stall desse tamanho, devem ter milhares deles lá dentro.

As naves esfera levam apenas alguns minutos para se aproximar de seu alvo.

Um brilho forte vem de um ponto do espaço situado no outro lado do asteroide. Carlos olha assustado, então Jorge diz:

- Calma é a Solar Oito.

Carlos sente um alívio, pensou que poderiam ser mais Stalls. Então vê a forma de cubo da nave de transporte das forças humanas.
A voz do comandante da Solar oito é ouvida pelo rádio:

- Boa sorte na missão de resgate, vocês tem muita coragem. Estamos lançando uma NCO e naves de abordagem, em alguns minutos estaremos aí. Também iremos resgatar o pessoal no asteroide.

As naves esferas diminuem a velocidade, estão prestes a entrar na nuvem de corpos Stall.

Os soldados apontam seus rifles e destravam as armas. As naves esferas agora se aproximam lentamente. Carlos e Nina são obrigados a empurrar corpos, contêineres, e outros objetos para abrir espaço.

Entre os Stalls mortos e congelados Nina encontra uma criança, aparentemente um menino, se ele fosse um humano teria oito anos de idade. Com um nó na garganta ela empurra o pequeno corpo para longe.

Ela já tinha ouvido falar que naquelas imensas naves Stall havia crianças, era muita loucura.

Eles chegam a poucos metros da perfuração. As bordas são viradas para dentro. Carlos pode ver que aquela parte do casco era formada por uma placa de metal relativamente fina.  A NCO penetrou naquele chapa como se ela fosse de papel.

A nave esfera entrou pela perfuração com folga. Carlos e Nina apontavam seus rifles e varriam a grande câmara em que eles estavam.

Não havia inimigos vivos ali. Eles viram na parede interna outra perfuração. Carlos disse:

- Até onde essa nave pode ter ido?

- Com essas paredes finas ela deve ter ido longe. – disse Jorge.

Na comprida câmara havia veículos de combate e aeronaves parcialmente desmontadas.

A primeira nave esfera entra pela segunda perfuração, Carlos constata que a segunda câmara é similar a anterior.

Eles entram por mais cinco perfurações, e finalmente avistam a cauda da NCO.

Carlos usa o rádio para tentar entrar em contato com a tripulação da NCO. Depois de várias tentativas ele consegue uma resposta.

- Aqui é Brenda! vocês vieram! Muito obrigada! Estamos usando os maçaricos lasers para abrir um escotilha, todas foram danificadas e travaram.

- Certo. Vamos fazer um perímetro de segurança. – disse Carlos.

No interior da NCO Brenda e sua tripulação vestem trajes espaciais, e cortam partes da escotilha.

Brenda recuperou a esperança, ela até pensou em detonar a ogiva nuclear de um dos mísseis que eles carregavam.

Do lado de fora os soldados se soltaram das naves esferas e assumiram posições defensivas ao redor da NCO avariada.
Juliana e Sarah ficaram responsáveis por guardar uma parede, a qual possuía diversas escotilhas.

O pessoal da NCO finalmente consegue abrir a escotilha próxima da cauda da nave. Os tripulantes vão saindo um a um.

Juliana grita pelo rádio:

- Escotilha abrindo aqui!

Juliana vê a escotilha retangular se abrir, e vê um Stall usando um traje espacial. Ela aperta o gatilho. O disparo da arma dela acerta o alvo e uma nuvem de sangue se espalha pelo ambiente.

Sem gravidade os restos do Stall vão para todos os lados. Sarah também atira, e depois outros soldados disparam suas armas.

Os disparos dos rifles de plasma dos soldados humanos amassam as paredes internas, mas não as penetram.

Outras escotilhas também se abrem. Os Stalls não saem pelas aberturas, colocam apenas partes das armas para fora e atiram a esmo. Eles não conseguem atingir nada, a não ser o já danificado casco da NCO.

As naves esferas miram os seus disparadores de plasma e atiram perto das escotilhas. Os disparos penetram pelas paredes internas, eliminam os atiradores, e causam grande destruição.

Os disparos param e Carlos diz:

- Vamos embora pessoal, mais Stalls provavelmente virão.

Jorge estava manobrando sua nave esfera, momento em que seu painel de controle parou de funcionar por uma fração de segundo. Seu estomago se revira, ele é um piloto experiente, sabe o que aquilo significa. Então diz no rádio:

- Pessoal, essa nave Stall saltou.

Juliana olha para Sarah e diz:

- Amiga, acho que dessa vez a gente morre.

O Deus TuloOnde histórias criam vida. Descubra agora