Capítulo 41 - Ukar

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OITENTA E UM DIAS DEPOIS

No Planeta Ukar

Aquela região do Planeta Ukar, conhecida como a Grande Planície, ficava quase no centro do continente principal. O solo era formando principalmente por rocha sedimentar. O clima era seco e os ventos eram muito fortes em quase todas as estações do ano, o qual durava 392 dias. E cada dia durava 23 horas, 12 minutos e 24 segundos aproximadamente.

A atmosfera do planeta Ukar era respirável, porém, para os humanos, atividades físicas muito intensas não eram recomendáveis, uma vez que o nível de oxigênio não era muito alto se comparado ao de outros planetas.

Para construir a base naquele planeta as tropas de Dora e o do Quatro Braços inicialmente realizaram a escavação de uma grande valeta no terreno rochoso.

Ela media 53 metros de largura, tinha em média 24 metros de profundidade, e vários quilômetros de comprimento, porém ela não seguia em linha reta, ela ia ziguezagueando pela Grande Planície.

O desenho da base foi pensado para proteção contra os fortes ventos, e para ser facilmente defendida, uma vez que ela funcionava como uma trincheira gigante. A zona de saída de cápsulas do hiperespaço ficava a cerca de 110 quilômetros.

A base contava com dezenas de poderosas torretas sobre elevadores hidráulicos, que podiam subir acima do nível da valeta, atirar, e descer novamente em poucos segundos.

Inicialmente se planejava que a valeta em si fosse utilizada apenas como uma estrada interna, como campo de pouso para as aeronaves e POCs, e para as torretas.

Dora havia idealizado que todas as instalações seriam subterrâneas com saída para a Grande Valeta. Porém como os refugiados humanos também vieram para Ukar, eles tiveram que montar acampamentos em uma faixa da valeta, próximo ao paredão escavado na rocha.

Aquela obra gigantesca só foi possível com os novos cortadores de rocha que Dora construiu usando algumas das armas de partículas capturadas do inimigo.

Conseguir água para todas aquelas pessoas era um desafio. Os veículos com grandes recipientes viajavam quase 650 quilômetros até o rio mais próximo.

E voltavam com o carregamento de água. Também eram necessários um rígido racionamento e um programa de reciclagem. Mesmo assim as faltas do precioso líquido eram frequentes na base.

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O Quatro Braços estava em seu quarto lendo as últimas descrições que Tikse escreveu sobre os rituais e outras características da religião Stall.

A menina havia descrito quase tudo que ela sabia sobre a cultura de seu povo.

Dora era onipresente na base e falou pelos alto-falantes do terminal portátil:

-Bizarras essas cerimônias de sacrifícios de indivíduos da espécie Vlou. Não entendo como uma espécie tão avançada tecnologicamente pode ter rituais e crenças tão primitivas.

-Fico imaginando o que eu poderia ter feito de tão grandioso para ser considerado uma divindade. Fico pensando se um dia a gente achasse o planeta natal dos Stalls, e se uma janela para o passado deles surgisse. Se eu voltaria no tempo e tentaria fazer a coisa certa dessa vez, fazer eles serem uma espécie forte e avançada, porém diplomática e tolerante.  E essa Virtex? De onde veio? E como ela se encaixa nisso tudo? São tantos mistérios. - disse o Quatro Braços.

-Será que ela não seria eu? - disse Dora.

-Como assim? - disse o Quatro Braços.

-Você sabe que eu estou pesquisando uma interface para controlar seres biológicos, colocando um módulo com uma cópia minha no lugar do cérebro deles. O indivíduo crow/hava está respondendo bem aos primeiros testes. Quem sabe eu não poderia  assumir o corpo de uma fêmea Stall para participar desse plano?  Sabe? Ser a Virtex e voltar no tempo com você. Quem sabe essa Virtex não seja eu? a sua parceira de sempre.- disse Dora.

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