O Deus Tulo

Capítulo 55 - Samuel

No Asteroide FK 625

Samuel era o comandante militar das instalações do Asteroide de Mineração FK 625. Na verdade, apesar do título pomposo, ele apenas cuidava da segurança do asteroide, não tendo influência sobre as importantes pesquisas e operações militares que se desenvolviam no local.

Em seu centro de comando ele ouve antigas músicas românticas do século XX em seus fones de ouvido, enquanto lê na tela de seu terminal os relatórios sobre a atualização das torretas defensivas, as quais estavam sendo equipadas com armas de partículas de longo alcance.

As equipes estavam trabalhando  nessa tarefa há semanas. E ele estava muito entusiasmado com o desempenho daquelas novas armas. A tecnologia alienígena permitia que aqueles armamentos tivessem mais alcance e mais poder destrutivo que os disparadores de plasma que anteriormente equipavam as torretas defensivas.

Os asteroide já contava com setenta e quatro das novas torretas espalhadas pela superfície. Elas tinham dois metros e quinze centímetros de altura e em suas laterais ficavam as quatro armas de partículas, duas de cada lado. Mas ainda haviam vinte e quatro das antigas torretas com disparadores de plasma, as quais ainda não haviam sido convertidas para a nova tecnologia das armas de partículas.

O comandante Samuel estava se adaptando a nova realidade. Aquela instalação quase não minerava mais nada, havia se convertido em um local onde pesquisas secretas ocorriam, e operações militares também secretas eram preparadas. Ele tinha pouco acesso as informações sigilosas, sabia apenas o fundamental para seu trabalho.

Ele também era responsável pelas equipes que recuperavam  as pequenas cápsulas que saiam do hiperespaço, a algumas centenas de metros da superfície do asteroide, as quais ele não sabia de onde vinham.

A preocupação com um possível ataque dos Stalls ainda era real, por isso a pressa em melhorar as defesas do asteroide. E por isso também havia duas NCOs próximas ao asteroide, e em caso de emergência elas podiam chegar ao pequeno corpo celeste em menos de vinte minutos.

A auxiliar de Samuel se chamava Silvana, e ela estava entediada e puxou conversa, mesmo sabendo que seu comandante preferia ouvir música, ela disse:

- Ei chefe, o fato de terem conseguido mais um prisioneiro Stall indica que a guerra deve estar indo bem, você sabe de onde ele veio?

- Não, nós somos só os guardas desta rocha, não vão liberar essas informações pra gente. - disse Samuel meio contrariado, ele realmente preferia ouvir as músicas do ABBA do que conversar com sua subordinada.

- A propósito, como você sabe de um outro prisioneiro Stall? – perguntou Samuel.

- Os boatos correm, eles tentaram esconder a maca dele com cobertores quando o desembarcaram da cápsula, mas um dos cientistas se atrapalhou e o pessoal da movimentação de cápsulas conseguiu ver uma perna de Stall aparecendo.

Samuel não queria admitir que não tinha conhecimento sobre o novo prisioneiro, e por isso havia fingido estar a par da situação. Ele sabia das coisas mais por boatos do que por comunicações oficiais. Havia sido assim que ele soube das crianças Stall, e do estranho alienígena de quatro braços que trabalhava com os cientistas.

- Sabe chefe, eu gostaria de poder ir para a linha de frente, ter um pouco de aventura, conhecer planetas diferentes, dar uns tiros, sabe? Nada contra o pessoal daqui, são todos ótimos, mas sabe, tenho 22 anos e ainda não participei de uma batalha. Nada contra quem é pacifico, mas eu tenho o sangue guerreiro, entende?.- disse Silvana.

- Ah,  sim, eu também já quis dar tiros e matar Stalls. Eu vou ver o que posso fazer, deve ser possível te mandar pra algum lugar mais animado, pode deixar. - disse Samuel.