Capítulo 45 - Tubulação

97 80 0
                                    

No Planeta Torix

Em uma das saídas do sistema de esgoto da cidade em forma de anel, um grupo grande formado por humanos, havas trabalhadores e autômatos se reunia.

Os humanos e os havas olhavam para as telas de seus terminais portáteis. Os diagramas do plano organizado pela cópia de Dora eram visualizados.

Carlos fala para seus soldados, os quais se reúnem a sua volta:

- O plano é bom. Os drones de reconhecimento vão na frente. Nós não seremos emboscados. Vamos ter tempo de planejar nossa ação caso tenha guerreiros lá embaixo.

Eles estão na margem do canal por onde o esgoto corre depois que sai da tubulação sanitária. Aquele local fazia parte da divisa entre a área urbana e áreas de cultivo agrícola. Ismael disse:

- A gente precisa mesmo entrar nessas fossas nojentas? mandar robôs não é suficiente.

- A gente já conversou, precisamos ajudar a assegurar esse planeta. Os refugiados já vão começar a ser enviados para cá. Se houver guerreiros lá nas galerias nós vamos empurrar eles para a saída, onde tem autômatos prontos para liquida-los. Vamos lá pessoal, coloquem as máscaras. – disse Carlos.

As unidades robóticas do tipo búfalo pularam para o canal. A vazão de esgoto estava baixa, os havas haviam feito a população (a parte dela que não tinha fugido) deixar de usar os banheiros por algumas  horas, para que o fluxo de dejetos e águas servidas fosse minimizado.

Os robôs ficaram imundos, e suas patas remexendo o fundo do canal aumentaram ainda mais o mal cheiro.

Os humanos também entraram no canal, eles ficaram até o joelho mergulhados no líquido nojento. Os drones de reconhecimento decolaram da margem do canal e foram diretamente para a entrada da tubulação.

---x---

Depois de alguns minutos os drones não tinham encontrado nada vivo, a não ser os já esperados vermes e insetos.

Os humanos e as unidades búfalo ligam suas lanternas e avançavam cautelosamente. As máscaras de oxigênio cobriam o rosto dos soldados, e duas mangueiras a ligavam ao cilindro que eles levavam nas costas.

---x---

Eles já estavam há duas horas nas tubulações e Ismael não conseguia deixar de olhar para o verme que subia pela parede. Ele era marrom claro na parte da frente, e ia escurecendo ao chegar na cauda.

Ele tinha a grossura de um braço humano e aquele que espécime em particular tinha quase um metro e meio de cumprimento. A criatura possuía centenas de pequenos pés com ventosas, com os quais se fixavam na parede e permitiam a ele se  locomover.

Ismael sentiu uma gota de um fluido viscoso cair sobre a sua cabeça. Ele olha para cima e vê que outro verme estava no teto da tubulação. Gotas de fluido cinza caiam de vez em quando da extremidade posterior do animal. Ismael grita enquanto sai debaixo de onde o bicho estava:

- Puta que pariu, o que falta agora? Que missão de merda.

- Calma Ismael, talvez isso aí seja bom para o cabelo, vai saber? – disse Juliana rindo.

Simone e Maristela estavam perto e também riram. Elas haviam coberto seus cabelos curtos com pedaços de tecido impermeável, por isso não se preocupavam tanto com as gotas que caiam do teto.

---x---

As tropas humanas e robóticas foram se subdividindo para cobrir todas as tubulações que não paravam de se ramificar.
Simone e Maristela e duas unidades búfalo estavam passando por um trecho de dois quilômetros de uma interligação entre tubulações.

As soldados queriam passar logo por aquele trecho, para se reencontrar com os outros.

Os drones de reconhecimento já haviam passado por ali, mas mesmo assim Maristela e Simone estavam totalmente atentas e com as armas prontas. Uma unidade búfalo ia a frente e outra na retaguarda do pequeno grupo.
Simone e Maristela ouvem alguns estalos. A frente e atrás do pequeno grupo, várias placas curvas de concreto estavam se destacando das paredes e são arremessadas para fora.

Pelas várias aberturas que acabaram de surgir diversos guerreiros hava saem já atirando. Eles são um pouco diferentes, possuem a caixa craniana mais desenvolvida e são mais inteligentes. Eles estão armados com rifles de partículas iônicas. Essas armas não são tão poderosas, seus disparos não penetrariam em blindagens pesadas. Mas eram leves, precisas e capazes de realizar um disparo a cada 1,84 segundo.

Maristela e Simone se espremem contra a lateral da tubulação tentando se proteger, e começam a atirar com seus rifles de plasma.

As unidades búfalo permaneceram em pé e usavam todo o seu poder de fogo. Seus disparadores de plasma destroçaram os primeiros soldados. As armas de partículas das torretas fazem vários disparos, alguns deles atravessam mais um inimigo e os incendeiam por dentro.

Porém os guerreiros havas insistiam em sair das aberturas para morrer, porém alguns deles conseguiram atirar antes de serem liquidados. Um dos disparos acertou a cabeça de uma unidade búfalo, o disparador de plasma ficou inoperante. Depois a torreta também foi atingida.  O robô disparou um míssil e atingiu a parede do túnel matando quatro havas de uma vez. Outra onda de guerreiros veio e continuou a atingir as unidades búfalo, uma delas caiu para o lado.

Poucos segundos depois a outra unidade búfalo, a qual estava sendo atingida pelos dois lados, também tomba.

Maristela e Simone continuam atirando, elas sabem que em breve seus amigos chegariam para resgata-las.

Os havas de forma coordenada lançam várias pequenas granadas. Elas caem perto dos pés de Simone e Maristela.

Simone acha que a morte chegou. As granadas detonam, porém elas não são granadas de fragmentação, e a carga explosiva não é tão grande. Elas deixam Maristela e Simone apenas atordoadas e temporariamente fora de combate. Os havas aproveitam e avançam. 

---x---

Carlos e seus soldados tentam correr porém isso é difícil na superfície enlameada das tubulações.

As unidades búfalo conseguem se locomover mais rápido e já entraram em combate com o inimigo.

Eles chegam a interligação e um feixe avermelhado passa pela tubulação, felizmente ninguém foi atingido.

Eles precisam ficar junto a parede para se proteger e avançam lentamente, a frente uma unidade búfalo está atirando com todas as suas armas. Ela lança um míssil e instantes de depois o som alto da explosão ecoa pela tubulação.
Então os disparos param. O silêncio incômodo se impõe. Ismael diz:

- Que merda está acontecendo?
A voz da cópia de Dora vem pelo rádio:

- Os inimigos parecem que estão recuando. Mas tudo isso está muito estranho. Eles vieram de umas aberturas na tubulação que estavam camufladas, mas não era para haver nada ali, e esses guerreiros são mais evoluídos e com armas melhoradas. Isso não é uma simples resistência, é uma ação planejada do inimigo.

- Nós vamos avançar, temos que salvar nossas amigas. – disse Carlos.

- Espere, meus drones de reconhecimento chegaram, vou enviá-los. – disse Dora.





O Deus TuloOnde histórias criam vida. Descubra agora