Capítulo 35 - Imprevistos

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No Planeta Mater

Não havia nuvens no céu. Trux já havia se posicionado no topo de uma planta com dezenas de metros de altura.

Ele achava um absurdo os Kleo não terem preparado as fechaduras das cápsulas especiais para permitir acesso remoto.

O painel para a digitação das senhas tinham que ser acessados fisicamente. Ele não podia detonar as cargas de antimatéria por rádio, como seria o ideal.

Faltava menos de vinte minutos para a chegada das cápsulas. Os outros crow/hava também estavam em posições de tiro.

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A caverna estava silenciosa como sempre.

Tikse estava usando o dispositivo com tela sensível ao toque. Depois de centenas figuras que ela digitou os nomes, o aparelho passou a mostrar pequenas animações. A caixa de entrada de texto era maior e ela entendeu que devia descrever a cena que aparecia na tela.

Uma das cenas era Tulo entrando na caverna, a outra era Tulo saindo da caverna. Uma terceira era Tikse entrando na caverna, e assim as cenas se seguiam.

Como não havia mais nada a fazer, e ela não queria ficar com a mente desocupada, pois os pensamentos tristes viriam, ela foi digitando e digitando.

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Junto as trincheiras as vozes dos humanos irritavam Portla. Ele achava que o som que eles faziam, quando se comunicavam um com o outro, muito desagradável.

Então Dora chamou no rádio:

- Cápsulas de origem desconhecida saíram do hiperespaço. As aeronaves vão interceptar fique a postos.

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Trivio avistou um paraquedas se abrir, depois diversos outros se seguiram. Ele passou a trezentos metros de uma cápsula que descia.

Não houve nenhuma reação.
A cápsula parecia não ter portinholas para atiradores. Talvez fossem apenas cápsulas de carga.

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Dora e o Quatro Braços conversam por rádio:

- Isso está muito suspeito. Não seria melhor atirar nessas cápsulas? – perguntou Dora.

- Podem ser os teletransportadores e crows das forças invasoras que nós enfrentamos há alguns dias.

- Certo, vou mandar uns havas e batalhoídes para cercar as cápsulas assim que elas pousarem.

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As cinco aeronaves Rivas modificadas  monitoram a descida das cápsulas. Quando detectam um feixe de luz avermelhado saindo da floresta rumo ao céu.

Quilômetros acima ele quase acerta o paraquedas de uma cápsula.

Trivio grita no rádio:

- Dora! Estão atirando nos paraquedas, os disparos sairam lá da floresta.

Dora responde em um canal aberto para que todos ouçam:

- Saiam daí, se afastem da área. Batalhoides, havas, procurem abrigo, agora! Humanos pulem nas trincheiras, agora!

Outros feixes saíram da floresta rumo ao céu. A maioria deles errou o alvo, mas dois paraquedas foram atingidos e começaram a queimar.

As duas cápsulas passaram para uma queda livre. Quando a primeira se chocou contra o solo seus sensores internos detectaram a violação do casco, e detonaram a carga de antimatéria.

A explosão da segunda cápsula se somou a da primeira.

A onda de choque formada pelo ar em grande velocidade e com temperatura de milhares de graus foi consumindo tudo o que estava no raio de vários quilômetros.

Dezenas de batalhoídes não conseguiram chegar a um lugar seguro, e foram arrastados por centenas de metros. Eles foram sendo destruídos enquanto rolavam pelas colinas.

Portla havia encontrado uma pedra não muito grande e se escondeu atrás dela. Cavando um buraco para pôr a cabeça.

O ar quente passou envolta da pedra e provocou queimaduras graves em seus braços. A dor foi absurda. Mas a perspectiva de escapar da morte mais uma vez o fez ficar totalmente imóvel, enquanto partes dele queimavam.

A onda de choque atingiu a floresta derrubando e queimando as grandes plantas. A orla externa da formação florestal foi devastada.

Os humanos conseguiram se abrigar nas trincheiras, e quando a onda de choque chegou até eles já estava mais enfraquecida.

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O Quatro Braços pergunta para Dora.

- Você já tem uma estimativa das perdas?

- Vinte e oito batalhoídes, dez havas guerreiros, sete havas trabalhadores, e nove autômatos.

Em resumo, uma merda. Você acha que vão nos atacar novamente em breve? – disse Dora.

- Talvez, eles devem estar mandando os teletransportadores e crows bem depois das forças invasoras, e agora nessas cápsulas explosivas. Depois que o tempo necessário para montar o teletransportador tiver transcorrido, e nenhuma cápsula sendo mandada  de volta, eles vão saber que a invasão não deu certo. Aí se eles tiverem mais alguma coisa disponível eles podem enviá-la, talvez outro bombardeio. – disse o Quatro Braços.

- Talvez devemos acelerar o cronograma de evacuação desse planeta. – disse Dora.

- Talvez. – disse o Quatro Braços.

- Os humanos estão solicitando contato por rádio. – disse Dora.

- Certo, vamos ver o que eles querem.- disse o Quatro Braços.
Carlos entra na conferência por rádio:

- A comandante Aline está propondo trazer mais reforços, temos o interesse mútuo em defender esse planeta. Podemos solicitar mini aeronaves armadas com ogivas nucleares compactas, e pequenos veículos terrestres com blindagem leve.

- Analisaremos sua proposta, vocês estão bem?

- Sim, os civis estão muito assustados mas estamos todos bem, obrigado pelo aviso, ele salvou muitas vidas.

- De nada.

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Em um asteroide no sistema solar do Planeta Atlas

Fardo e Lorta se reúnem com os oficiais mais graduados daquela frota invasora.

Eles contavam com a ajuda do desmembramento da inteligência artificial Toro para tentar refazer a estratégia para a invasão.
O quadro não estava nada favorável e Toro disse:

- Sem as tropas e equipamentos da nave de transporte interestelar a invasão é inviável.

Os Stall não haviam se recuperado da surpresa de saber que os humanos haviam feito um ataque surpresa se teletransportando para o asteroide.

E o pior foi encontrar todos aqueles corpos de tropas flutuando no espaço. Não se sabia o que havia ocorrido com certeza, mas acreditava-se que os humanos tenham, de alguma forma, assumido o controle da nave de transporte.

Fardo então diz:

- Devemos pelo menos bombardear o planeta.

Toro então diz:

- As naves sombra relataram que houve uma evacuação. Provavelmente os integrantes não militares do inimigos devem ter deixado o planeta. Devem existir tropas de elite em abrigos subterrâneos. Um bombardeio destruiria apenas instalações, e o risco de perdemos muitas naves é grande. É impossível prever o nível de incorporação da tecnologia do novo inimigo pelos humanos.
Lorta pergunta:

- O que podemos fazer então?

- Recuar.

O Deus TuloWhere stories live. Discover now