Capítulo 12: Um passo à frente

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Que pergunta mais besta! — pensei.

— Por que eu me incomodaria? — retruquei, ignorando a sua proximidade. — Você faz o que quiser, e gosta de quem bem entender. Eu não me importo! — dei de ombros.

— Não pareceu. — disse, tentando esconder um sorriso bobo que parecia querer escapar.

— Olha, como eu disse, obrigada por me trazer. Não vou perguntar se quer entrar porque já está tarde...

— Tudo bem, não se preocupe. Boa noite e até amanhã. Fica com Deus, Manu. — despediu-se.

— Boa noite pra você também. Fica com Deus.

Entrei em casa com um sorriso nos lábios, mesmo que eu ainda estivesse brava por sua atitude na cafeteria, era impossível não sorrir quando o escutava falando sobre Deus ou qualquer coisa do tipo. Era bom saber que a fé de Thomas não mudou depois de tanto tempo. Encostei minhas costas e minha cabeça na porta, pensando em como a noite foi agradável até que a tal Blair aparecesse e estragasse tudo. Ao lembrar-me dela, no mesmo instante meu sorriso desapareceu.

— Como foi o cinema? — ouvi a voz de papai despertando-me de meus devaneios, olhei em direção da voz e encontrei-o no topo da escada, me observando.

— Pai, ainda está acordado? — perguntei, surpresa.

— Até parece que consigo dormir antes de você chegar em casa. — disse, e eu sorri.

— Pai, sei que está tarde, mas posso conversar com você?

— Claro.

Era a minha hora de contar à papai tudo o que aconteceu, ele precisava saber. Subi ao quarto junto com ele, e o ajudei a se deitar, em seguida me sentei na beirada de sua cama e sem delongas, comecei a contar toda a história, do início ao fim, só não falei sobre o pagamento do hospital, que isso eu ainda precisava pensar em como contaria à ele. Papai não falou uma palavra enquanto eu explicava tudo o que aconteceu entre Thomas e eu, ele apenas ficou prestando atenção, em silêncio, e quando eu terminei de falar, ele deu um longo suspiro e me encarou fixamente, sem dizer nada.

— Pai, fala alguma coisa. — pedi, já não suportava seu silêncio. — Você está bravo comigo? — perguntei.

— Por que eu estaria bravo com você?

— Eu não sei.. Por eu estar noiva?

— Princesa, — disse, pegando em minha mão. — eu estou feliz por seu noivado, mas estaria ainda mais, se o seu noivo fosse o Thomas.

Engoli em seco ao ouvir suas palavras, sei que para papai era como se o tempo não tivesse passado, e ele não conhecia Barry o suficiente para gostar dele ou até mesmo para apoiar nosso noivado, mas eu precisava que de alguma maneira ele entendesse que tudo já era passado. Eu precisava do apoio de papai, precisava que ele compreendesse toda a minha situação, afinal, fazia meses que eu esperava por isso.

— Pai, eu sei que para você é como se tivesse passado apenas um dia, mas não passou. Já faz mais de um ano, eu mudei, o Thomas mudou. Somos outras pessoas. Estamos seguindo em frente, somos amigos agora e eu não poderia estar mais feliz por isso, mesmo com tudo o que aconteceu, ele nunca deixou de ser importante em minha vida. O Barry é incrível, e se você conhecê-lo melhor, eu tenho certeza que se darão super bem. Ele cuida de mim, me ama, e eu também o amo.

— Manu, não me entenda mal. Eu não tenho nada contra o Barry, — pausou, me encarando seriamente. — mas o tempo pode ter passado, Thomas e você podem ter mudado, mas os sentimentos, continuam os mesmos. Intactos, dentro do coração de vocês. E sabe por que eu ficaria mais feliz se você se casasse com ele? — perguntou, e neguei imediatamente com a cabeça, estava fazendo um esforço para não começar a chorar. — Porque eu quero que você se case com o homem que você ame. — concluiu.

O Milagre: ReencontroWhere stories live. Discover now