Capítulo 30: A carta de Charles

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Mídia acima: Música tocada e cantada por Thomas após conversar com Manuela sobre seu pai.

Os olhos de mamãe se abriram com certa dificuldade, e meu coração palpitava cada vez mais forte. Seu rosto parecia ganhar vida outra vez. Apertei sua mão o mais forte que pude, fazendo seu olhar encontrar o meu. Um sorriso sereno nasceu em seus lábios, e tudo o que fiz foi jogar-me em seus braços.

— Mãe! Você está acordada! — exclamei entre lágrimas.

Eu não conseguia parar de chorar. Vê-la abrir os olhos foi sem dúvidas a melhor coisa que poderia ter acontecido. Esperei meses por esse momento, sem perder a fé, sem desistir. Agora eu podia sentir novamente a sensação de ser envolvida em seu abraço, e só Deus sabe o quanto isso me fez falta.

— Filha.. O que, o que aconteceu? — perguntou.

Levantei meu olhar para vê-la mais uma vez e sua expressão parecia cansada, além de confusa. Eu não sabia como ela reagiria ao saber o tempo que ficou em coma, tinha de contar tantas coisas mas agora eu só queria ficar ali em seus braços, seu abraço era tão aconchegante quanto eu me lembrava.

— Mamãe.. Você ficou em coma por um bom tempo, e, e eu senti muito a sua falta. A casa ficou tão vazia sem você... Sem o seu cheiro, sem os seus pratos deliciosos, sem a sua voz e sem a sua presença. Nada foi o mesmo desde o acidente. — deixei algumas lágrimas caírem mas imediatamente as sequei. — Ah, meu Deus! Papai.. Eu preciso avisar à ele!

Sem mais delongas, escapei de seus braços o mais rápido que pude, e corri para fora do quarto onde encontrei com Thomas e papai que me esperavam tranquilamente. Estava ansiosa para dar a notícia, então, aproximei-me deles, fazendo com que ambos me olhassem nitidamente preocupados.

— Pai.. É a mamãe, ela acordou. — disparei.

A expressão no rosto de papai mudou no instante em que ouviu minhas palavras, seus olhos imediatamente se encheram de lágrimas e sem me dar resposta, correu para dentro do quarto. Thomas me encarava totalmente surpreso e antes que perguntasse alguma coisa, corri para o quarto, atrás de papai.

— Obrigado, Senhor! — papai exclamou em meio as lágrimas.

Thomas apareceu logo atrás de mim e assim como todos dali, seus olhos estavam marejados. Estávamos de frente para um milagre. Mamãe nos observava maravilhada, e mesmo sem entender muita coisa, ela estava feliz. Todos nós estávamos. Esse era sem dúvidas, o melhor presente de aniversário.

Quatro dias depois...

Monday, 8:30am.

Foram quatro dias em observação, até que mamãe fosse liberada. E é claro que estávamos prontos para comemorar a sua chegada. Após terminar de encher as bexigas, espalhei-as pelo chão da sala e então, fui ajudar Claire a montar a mesa com todas as coisas deliciosas que preparamos.

— A torta de maçã está pronta! — anunciei.

Vi a porta da sala ser aberta e Julian entrou, sendo seguido por Thomas que carregava dois jarros de rosas. Antes que Claire e eu pudéssemos fazer algum comentário, os meninos começaram a discutir. Não parecia ser nada sério, mas em menos de dois minutos já estava ficando insuportável.

— Parem de brigar! — gritei, deixando-os surpresos.

— Thomas é um idiota. A culpa é dele! — Julian, se defendeu.

— Minha culpa? Onde já se viu trazer rosas brancas? — Thomas questionou, aparentemente indignado com a situação.

— Ficariam ótimas nessa sala colorida. — Julian, resmungou.

O Milagre: ReencontroWhere stories live. Discover now