Capítulo 15: Sempre estarei com você

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— O quê? — indaguei.

— As possibilidades da sua mãe acordar são pouquíssimas. Você tem que se preparar...

— Me desculpe, doutor... — estiquei meu olhar até o crachá em seu peito para ler seu nome. — Melendez, mas a única coisa pela qual tenho que me preparar é receber a minha mãe de volta em nossa casa.

— Eu sei que deve ser muito difícil ouvir esse tipo de coisa, tenha certeza que não é fácil para mim ter que dizer essas palavras. Quanto mais passam os dias que sua mãe fica nesse hospital, menos possibilidades ela tem de sair daqui.

Engoli em seco, estava fazendo um esforço para não chorar. Não podia ser fraca, eu tinha fé que mamãe sairia daquele lugar, não deixaria de acreditar agora. Eu tinha certeza que assim como papai, minha mãe também voltaria para casa. Mesmo com todo o meu esforço, deixei uma lágrima cair mas imediatamente a sequei, então, encarei o médico a minha frente.

— Eu sei que minha mãe vai sair daqui. Meu pai saiu, e ela também vai sair, mesmo que você não acredite que isso seja possível.

— Você tem que começar a pensar na possibilidade de desligar os aparelhos.

— Eu não vou desistir da minha mãe. — disse firme.

— Quando não há o que ser feito, não há o que ser feito.

Antes que eu pudesse responder, ele se retirou, deixando-me sozinha no quarto. Fui imediatamente à cama de mamãe, e a encarei. Não conseguia cogitar a ideia de desligar os aparelhos e deixá-la ali para morrer, mesmo que algumas pessoas já a considerassem morta. Ela não estava morta, ela ainda estava aqui. Eu podia senti-la.

— Mamãe... Não importa o que digam, eu não vou desistir de você. Eu prometo. — engoli o choro e continuei. — Eu sei que você está aí, mãe. Você não pode me deixar, eu não quero te perder.

Deitei minha cabeça em seu colo, e deixei que algumas lágrimas caíssem. Fiquei ali por minutos, repetindo para mim mesma que ela não estava morta. Depois de algum tempo, despedi-me de mamãe e saí do quarto, na sala de espera, avistei o médico que conversei e mesmo que eu tentasse passar desapercebida, ele acabou me notando e veio imediatamente em minha direção.

— Senhorita Soares! — chamou-me e então me virei para trás. — Podemos conversar um minuto?

— Eu tenho que ir para casa, meu pai está me esperando.

— Em todos esses anos que tenho de experiência médica, já vi muitos casos como o da sua mãe. E praticamente dez por cento deles, realmente sairam bem do hospital, sem nenhuma lesão. Se sua mãe acordar, ela provavelmente terá sequelas. E dentre elas tem coisas muito difíceis de lidar, eu não acredito que queira ver sua mãe passando por algo assim, pelo resto da vida, talvez. Ela não será a mesma pessoa que você se lembra.

— Meu pai não teve sequelas. — argumentei.

— Você sabia desde o início que o caso da sua mãe era bem mais grave que o dele. As circunstâncias aqui são outras. — disse, e respirei fundo. — Eu sinto muito.

— Obrigada.

Saí daquele lugar o mais rápido possível, não queria ouvir mais nada. Minha cabeça parecia uma bomba relógio, mal podia respirar, todas as minhas forças pareciam estar se esgotando. Peguei um ônibus para casa e chegando lá, encontrei papai andando de um lado para o outro na sala enquanto falava no telefone, mas assim que me viu, despediu-se de sei lá quem e desligou o telefone.

— Estava chorando? — perguntou, preocupado enquanto me analisava.

— Sim. Estava pensando no meu problema de ontem, com o Barry e o Thomas. — menti.

O Milagre: ReencontroOnde histórias criam vida. Descubra agora