Estava boquiaberta. Sabia que Thomas não tinha uma boa relação com o pai, mas mesmo com todas as diferenças que tinham entre eles, sempre tive certeza que Thomas o amava. Ele tentou agradá-lo por grande parte da sua vida, e agora, o mesmo já não estaria mais lá para isso.
— Eu não sei o que fazer... Meu pai está morto.
Subi com minha mão até meu cabelo e baixei a cabeça, começando a chorar junto com ele. Eu podia imaginar sua dor, e nunca é bom lidar com uma perda sozinho. Eu ainda podia ouvir seu choro, e isso partia meu coração cada vez mais. Agora tudo o que eu poderia fazer, é estar com ele.
— Estou indo pra aí. Eu estou indo. — falei.
Desliguei a chamada e conferi a hora no celular, eram duas da manhã. Me levantei, indo até o guarda-roupa e peguei uma blusa, uma calça jeans e um casaco. Me vesti, deixando o pijama de lado e então, desci à cozinha com uma folha em branco e escrevi um bilhete para papai.
"Pai, caso eu não esteja na cama, não se preocupe.
Estarei bem. Te conto tudo depois."Deixei o bilhete sobre a mesa e peguei as chaves, saindo de casa o mais rápido que pude. As luzes da casa de Thomas estavam acesas, diferentes da maioria. Ao chegar na porta, percebi que a mesma estava encostada e ao abri-la, dei de cara com Thomas sentado no sofá em lágrimas.
— Ei, eu estou aqui. — sussurrei, sentando-me ao seu lado.
— Obrigado por vir. — agradeceu com dificuldade e assenti.
Thomas estava com seus cotovelos apoiados sobre seus joelhos e me agarrei aos seus ombros, deslizando uma de minhas mãos pelas suas costas na tentativa de confortá-lo um pouco. Suas lágrimas caiam de maneira incessante, e era completamente horrível vê-lo assim.
Mantemos o silêncio, e só fiquei ali ao seu lado, abraçada à ele enquanto o mesmo chorava. Thomas sempre se mostrava forte mas hoje, ele não parecia estar preocupado com isso. Nunca o tinha visto daquela maneira, e tudo o que eu queria era poder arrancar toda sua dor.
Apoiei meus lábios em seu ombro e subi com minha mão direita pelos seus cabelos, queria lhe dizer alguma coisa, mas tampouco tinha palavras. Thomas estava sofrendo, e eu me sentia totalmente inútil. Aproximei-me um pouco mais, e beijei-lhe suavemente a bochecha.
Ficamos assim por algum tempo, e aos poucos, pude senti-lo se acalmar. Envolvi meus braços em seu pescoço em forma de abraço, então, senti sua mão ir de encontro ao meu cotovelo e seu rosto foi virado em minha direção, mantendo-me ainda mais próxima à ele.
— Não vai embora, por favor. — sussurrou.
— Eu não vou, prometo.
Thomas se acalmou, e me levantei, seguindo para a cozinha. Não sabia onde ficava as coisas, então, comecei a abrir os armários à procura de pó de café, assim que encontrei, comecei a preparar a bebida e Thomas veio até a cozinha, sentando-se próximo ao balcão.
— Desculpa por te acordar. — murmurou.
— Não peça desculpa, não tem problema.
— Você estava dormindo...
— Eu durmo outra hora. Se sente melhor?
— Com você aqui, sim. — confessou.
Sorri em resposta e quando o café ficou pronto, servi em uma caneca e entreguei-a à Thomas. Voltamos para a sala, sentando-nos no sofá, um ao lado do outro. Seu rosto ainda estava vermelho por conta do choro, mas, ele parecia um pouco mais aliviado, e isso me confortava.
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O Milagre: Reencontro
SpiritualContinuação da obra: O Milagre ♥ Após a partida de Thomas do país, a vida de Manuela virou de cabeça para baixo, com seus pais em coma, teve que deixar sua faculdade de Teologia de lado para trabalhar. Mesmo com todos os problemas que enfrentou e to...