Capítulo 31: Não somos irmãos

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Manuela POV's

Daniel estava parado bem ali na minha frente, e eu não conseguia me mover, sua presença simplesmente me deixou amedrontada. Eu não fazia ideia do que fazer. Quando dei por mim, Thomas tomou a minha frente e tudo o que eu podia enxergar agora era as suas costas.

— O que faz aqui? Quer que eu chame a polícia?

— E diria para eles que seu irmão veio lhe visitar?

— Não somos irmãos. — Thomas retrucou.

— Sinto lhe informar, mas está enganado, irmão.

— Vai embora daqui, se não quiser alguns socos.

Eu podia ouvi-los mas era como se minha alma estivesse distante dali. Não poderia explicar a sensação, mas desde o momento em que abri a porta, um sentimento de impotência era tudo o que eu sentia. Já o tinha visto antes, mas, vê-lo parado na minha frente, me aterrorizou.

— Thomas, quer que eu suba? — cochichei.

— Não. Ele já está saindo. — respondeu firme.

— Tem algumas coisas que precisamos falar. — Daniel começou e passou por nós dois, entrando na casa enquanto analisava o local, Thomas tentou avançar para cima dele mas imediatamente o segurei. — Como eu ia dizendo, o testamento do pai vai ser lido amanhã...

— Vai embora, agora. — Thomas o interrompeu.

— Não aja como criança. — Daniel resmungou.

Me agarrei à Thomas para que ele não escapasse de meus braços, não queria uma briga ali, e eu sabia que se o soltasse isso iria acontecer. Daniel deu três voltas na cozinha enquanto o encarávamos, esperando que ele terminasse o que estava dizendo antes de ser interrompido.

— Eu não creio que ele tenha deixado nada em especial pra você, porque nós sabemos que vocês não tinham uma relação muito boa, mas é totalmente essencial a sua presença porque de maneira curiosa, o advogado disse que essa era a vontade do pai. Então, só por uma vez, eu espero que você a respeite e chegue no horário marcado.

Ao terminar de falar, Daniel puxou um pequeno bloco do bolso do seu terno e uma caneta, pressionou o conjunto de folhas contra o balcão e escreveu algumas coisas que não consegui ler, devido a distância. Após isso, destacou a folha usada e deixou-a sobre o balcão, antes de nos encarar.

— Não sabia que estavam juntos. — disse, apontando para nós dois. — Parecem uma linda dupla de fracassados.

Deixei um suspiro tedioso escapar e assim, Daniel caminhou até a porta. Eu já não sentia o mesmo medo de segundos atrás, mas o sorriso em seu rosto era assustador, seria impossível não me sentir desconfortável com sua presença. Sem dizer mais nenhuma palavra, Daniel foi embora.

— Não devíamos tê-lo deixado entrar.

— Uma briga não seria nada bom. — adverti.

— Eu só queria...

— Esquece isso. Agora, eu preciso ir.

— Tudo bem, eu te levo pra casa. — assentiu.

Paramos juntos na minha varanda e nossos olhares se cruzaram. O clima estava totalmente diferente, não sabíamos ao certo o que dizer, apesar de cada um de nós ter total consciência do pensamento do outro. Eu me sentia confusa, e estava péssima por ter encontrado com Daniel.

— Ei.

Ao ouvir a sua voz, levantei meu olhar, encontrando-o com um sorriso sereno em seus lábios. Meus olhos se encheram de lágrimas, então, suas mãos calmamente vieram de encontro às minhas bochechas, e ao segurar meu rosto, Thomas aproximou-se, ainda com sua atenção em mim.

O Milagre: ReencontroWhere stories live. Discover now