Manuela POV's
Daniel estava parado bem ali na minha frente, e eu não conseguia me mover, sua presença simplesmente me deixou amedrontada. Eu não fazia ideia do que fazer. Quando dei por mim, Thomas tomou a minha frente e tudo o que eu podia enxergar agora era as suas costas.
— O que faz aqui? Quer que eu chame a polícia?
— E diria para eles que seu irmão veio lhe visitar?
— Não somos irmãos. — Thomas retrucou.
— Sinto lhe informar, mas está enganado, irmão.
— Vai embora daqui, se não quiser alguns socos.
Eu podia ouvi-los mas era como se minha alma estivesse distante dali. Não poderia explicar a sensação, mas desde o momento em que abri a porta, um sentimento de impotência era tudo o que eu sentia. Já o tinha visto antes, mas, vê-lo parado na minha frente, me aterrorizou.
— Thomas, quer que eu suba? — cochichei.
— Não. Ele já está saindo. — respondeu firme.
— Tem algumas coisas que precisamos falar. — Daniel começou e passou por nós dois, entrando na casa enquanto analisava o local, Thomas tentou avançar para cima dele mas imediatamente o segurei. — Como eu ia dizendo, o testamento do pai vai ser lido amanhã...
— Vai embora, agora. — Thomas o interrompeu.
— Não aja como criança. — Daniel resmungou.
Me agarrei à Thomas para que ele não escapasse de meus braços, não queria uma briga ali, e eu sabia que se o soltasse isso iria acontecer. Daniel deu três voltas na cozinha enquanto o encarávamos, esperando que ele terminasse o que estava dizendo antes de ser interrompido.
— Eu não creio que ele tenha deixado nada em especial pra você, porque nós sabemos que vocês não tinham uma relação muito boa, mas é totalmente essencial a sua presença porque de maneira curiosa, o advogado disse que essa era a vontade do pai. Então, só por uma vez, eu espero que você a respeite e chegue no horário marcado.
Ao terminar de falar, Daniel puxou um pequeno bloco do bolso do seu terno e uma caneta, pressionou o conjunto de folhas contra o balcão e escreveu algumas coisas que não consegui ler, devido a distância. Após isso, destacou a folha usada e deixou-a sobre o balcão, antes de nos encarar.
— Não sabia que estavam juntos. — disse, apontando para nós dois. — Parecem uma linda dupla de fracassados.
Deixei um suspiro tedioso escapar e assim, Daniel caminhou até a porta. Eu já não sentia o mesmo medo de segundos atrás, mas o sorriso em seu rosto era assustador, seria impossível não me sentir desconfortável com sua presença. Sem dizer mais nenhuma palavra, Daniel foi embora.
— Não devíamos tê-lo deixado entrar.
— Uma briga não seria nada bom. — adverti.
— Eu só queria...
— Esquece isso. Agora, eu preciso ir.
— Tudo bem, eu te levo pra casa. — assentiu.
Paramos juntos na minha varanda e nossos olhares se cruzaram. O clima estava totalmente diferente, não sabíamos ao certo o que dizer, apesar de cada um de nós ter total consciência do pensamento do outro. Eu me sentia confusa, e estava péssima por ter encontrado com Daniel.
— Ei.
Ao ouvir a sua voz, levantei meu olhar, encontrando-o com um sorriso sereno em seus lábios. Meus olhos se encheram de lágrimas, então, suas mãos calmamente vieram de encontro às minhas bochechas, e ao segurar meu rosto, Thomas aproximou-se, ainda com sua atenção em mim.
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O Milagre: Reencontro
SpiritualContinuação da obra: O Milagre ♥ Após a partida de Thomas do país, a vida de Manuela virou de cabeça para baixo, com seus pais em coma, teve que deixar sua faculdade de Teologia de lado para trabalhar. Mesmo com todos os problemas que enfrentou e to...