Capítulo I - Lua Nova

6.4K 374 298
                                    

28 DE OUTUBRO DE 2015QUINTA-FEIRA23:43

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

28 DE OUTUBRO DE 2015
QUINTA-FEIRA
23:43

Minha respiração era irregular e ofegante.

O tapete de folhas secas abaixo de mim era esmagado a cada passo que eu dava nesse caminho tortuoso e escuro. A floresta era como um labirinto, e para onde quer que eu olhava, não havia sinal algum de que alguma saída estava por perto. A luz da lua escapava através de pequenas aberturas entre a densa folhagem da copa das coníferas e espécies arbóreas que possuíam pelo menos dez vezes o meu tamanho. Apesar disso, a trilha continuava mal iluminada, tornando quase impossível me orientar em meio a todo esse breu.

E foi exatamente por isso que eu tropecei numa raiz exposta. Levou apenas uma fração de segundo para meu equilíbrio se perder e o meu corpo começar a rolar por um declive na mata. Desesperadamente, tentei agarrar em alguma coisa, qualquer coisa, mas isso de nada adiantou. Minhas costas se chocaram com uma pedra, e o impacto que sofri ao ter o ar expulso de meus pulmões me tornou incapaz de gritar, por mais que a dor estivesse me rasgando de dentro para fora. Eu sentia um gosto metálico na garganta.

Al... alguém... aj-ajuda... – meus sussurros eram quase inaudíveis.

Não sei por quanto tempo fiquei parada ali. Algo quente e que se espalhava lentamente cobria a maior parte da região da minha bacia, sinal de que eu realmente devia ter perfurado uma parte do corpo. Inutilmente, tentei me levantar, somente para me dar conta de que eu não conseguia sustentar o meu próprio peso. Em meio a gemidos de dor e tentando lutar contra o pânico que aumentava a cada segundo, me agarrei em um tronco para me manter de pé, apesar de estar quase desabando. A esse ponto, nem respirar pela boca adiantava mais. Eu estava ficando sem fôlego mais rápido do que eu poderia repô-lo. Repousei todo o meu peso contra a árvore, e imediatamente as pontadas de dor vieram. Arrisquei levantar meu casaco um pouco, o suficiente para ver a mancha vermelha que escorria de uma ferida.

Porém, isso não foi tudo o que eu vi. Meus ouvidos se deram conta do farfalhar das folhas mais uma vez, e com ele, a forma de uma silhueta que por algum motivo se destacava no meio de toda essa escuridão. Eu levantei o olhar para ela, e tudo o que eu mais queria no mundo era nunca ter feito isso. O que eu vi foi a figura de uma mulher esquelética e sem rosto, dotada de asas negras que se assemelhavam a um anjo ceifeiro. Mesmo sem olhos, eu podia jurar que ela estava fitando a minha alma e ponderando se eu era digna de viver.

Eu pensei em gritar. Pensei em pedir para me deixar em paz. Pensei até mesmo em ignorar a dor excruciante que eu estava sentindo e disparar pela floresta para tentar achar um jeito de sair daqui. Eu pensei em tudo isso e mais um pouco, mas ela agarrou meu pescoço antes que eu pudesse reagir.

Se eu havia pensado que o choque com a pedra foi doloroso, a sensação que o toque dela provocava não podia nem ser descrita por palavras. Por mais que eu tivesse forças para lutar contra o seu domínio, não teria como resistir ao escurecimento dos cantos da minha visão e do torpor que se apossava do meu corpo a cada segundo que se passava. Os seus dedos transformavam o meu sangue em fogo, uma chama descontrolada cuja força eu desconhecia. Esse fogo explodia do meu corpo e consumia todas as árvores ao meu redor, transformando a floresta em um inferno de tons púrpuros que deixavam apenas cinzas para trás. A destruição se alastrava a uma velocidade incrível.

Luas de Diamante (Volume 1) [EM REVISÃO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora