Capítulo VIII - Promessas

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— Sabe que não pode ficar na cama para sempre

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— Sabe que não pode ficar na cama para sempre.

E não vamos esquecer que a polícia deve estar atrás de você. 

Eu imediatamente estreitei minhas sobrancelhas para John, em desaprovação.

— Desculpa – ele se censurou.

Katherine era uma amálgama de vermelhidão e borrões. Fazia pouco tempo desde que havíamos nos reunido, e a primeira coisa que fiz foi levá-la para casa. Não havia tempo para explicações ou quaisquer questionamentos. Isso não era necessário. Não agora. Quando me certifiquei de que estava em segurança, liguei para John, e ele correu até a minha casa assim que ficou sabendo que nós duas estávamos, de fato, vivas. Uma vez que todos nós nos reunimos, Katherine nos contou o que tinha acontecido quando fomos separadas nos corredores de pedra. Ela falou sobre Alistair e a sua família. Sobre Edmund e o garoto.

E, é claro, sobre o fogo.

— Eu... eu só preciso de um tempo sozinha – esse foi o seu pedido.

Nós dois concordamos silenciosamente, e John não tardou em deixar o quarto, sendo o primeiro a atravessar a soleira da porta. Eu me pus a seguir seu rastro, mas antes que eu pudesse alcançá-lo, alguém segurou meu braço. Um gesto desesperado e instintivo, percebi, como o clamor de uma pessoa que não queria ser deixada para trás por conta própria. Esperei para que John saísse para fechar a porta, e quando Katherine se viu sozinha comigo, ela enterrou o rosto em meu travesseiro. Eu esperava ouvir um grito? Soluços, talvez? Um brado motivado por nada além da fúria, em sua forma mais pura? O que se deu em seguida, contudo, foi apenas o silêncio. A mais preocupante ausência de qualquer som e pesar. Eu sabia que tinha uma enchente lá dentro, mas a garota na minha frente estava decidida em não deixar a barragem se romper. Resguardar o dilúvio era um teste de força para ela. A prova de que, de certa forma, ela ainda estava no controle. Seus instintos se curvariam ante sua vontade.

Eu me aproximei devagar, me oferecendo como um refúgio no qual poderia se esconder dos males do mundo. Katherine pressionava seu corpo contra o meu abraço, talvez numa tentativa de buscar em mim o mesmo conforto de uma tarde chuvosa em Seattle. 

— Eu não tenho mais ninguém.

— Nós não vamos a lugar nenhum, e você sabe disso – essa foi a minha tentativa de confortá-la – Tem certeza de que não quer-

— Não – disse ela, de prontidão; uma réplica abafada – Eu não vou vê-lo. 

— Mas...

— Ele se foi. Que diferença faria?

Não fui capaz de pensar numa resposta. Katherine notou a minha tensão, e também notou a forma com a qual eu havia encolhido ante o seu tom. O enigma em seu rosto suspirou, e eu pude ler as entrelinhas em olhares pesados e feições distorcidas. Depois que você perde tantas pessoas, você só quer que isso acabe, seu semblante dizia. Você quer uma conclusão. Um fim.

Luas de Diamante (Volume 1) [EM REVISÃO]Where stories live. Discover now