Capítulo XX - Reflexos

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Até que tortas de abóbora eram gostosas

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Até que tortas de abóbora eram gostosas.

Pelo o que Gwen dissera, eles só iam nas grandes feiras da cidade uma vez a cada três meses para abastecer a geladeira com coisas básicas. A maior parte da comida era proveniente das plantações, uma dieta verde que ajuda a enriquecer nossa força vital, segundo as palavras de cozinheiro de Mark.

Essa manhã em especial foi bastante movimentada. Eu não consegui dormir à noite, pois meu cérebro pensou que seria uma ótima ideia revisar todos os acontecimentos dos últimos dias em plena madrugada. Se as coisas continuarem assim, nunca vou me acostumar com o fuso horário. Já é hora de adicionar sono desregulado na minha listinha de problemas, junto com ansiedade, estresse pós-traumático e insônia. Que vida maravilhosa!

Por esse motivo, tive que me ocupar com tarefas básicas do segmento. Ajudei Gwendolyn a arar o terreno, e arrumei os encadernados de Mark por ordem alfabética, entre eles Iniciação a Arte da Luta: Um Estudo em Conjurações e Armamentos Rúnicos e Aprender Alemão: O Básico. Este livro em particular não aparentava ter mais de dez anos, diferente dos outros que estavam mais desgastados que as paredes do meu novo quarto.

Delicadamente, folheei suas páginas, identificando rascunhos feitos a lápis, a caligrafia aparentando ser de um garoto. Além de pequenas anotações sobre pronúncia e estruturas das palavras aqui e ali, também havia desenhos extremamente bem feitos de árvores, animais e lâminas. Trevor gostava de arte? Isso era uma surpresa para mim. Ele era ótimo nisso.

Trevor era bom em lutar, além de ser habilidoso com palavras e possuir uma alma poética. Seria verdade o que dizem? As pessoas que mais sofrem são as que mais têm a oferecer? Era estranho pensar que nossas vidas eram tão parecidas e ao mesmo tempo tão diferentes. Eu tive que conviver com a dor da perda dos meus pais, enquanto para ele, a dor nunca existiu. Eles se transformaram em fantasmas, não em lembranças.

Isso tornava tudo mais fácil? Não faço a menor ideia.

Quando o vi treinando na extensão do pequeno riacho onde examinamos os cristais, tive vontade de perguntar, mas algo me dizia que ficar calada era a melhor opção. Escondida atrás de árvores e galhos espessos, assisti enquanto ele, trajando uma veste de caça totalmente preta, canalizava o fogo dentro de si. Imagino que quando a noite cair, a camuflagem o tornaria um só com as sombras. Um verdadeiro predador, veloz e impiedoso.

Unindo as mãos em um gesto mágico, padrões circulares semi-transparantes surgiram em volta de seus pés, cujos vértices eu era capaz de enxergar apenas se forçasse minha visão à beira do desconforto. Eram traçados lineares, alternando-se ao longo de uma redoma circular que assemelhava a uma forma geométrica circunscrita em ângulos impossíveis, se sobrepondo uns nos outros como se fossem desenhados na quarta dimensão. Eu reconhecia formatos que havia lido em páginas dos livros daqui. Isso eram runas?

E então o padrão se desfez, levantando colunas flamejantes que lentamente assumiam tamanho e espessura uniformes, assemelhando-se a espadas.

Três lâminas fantasmagóricas, girando em órbita em seu redor feito pós-imagens de fogo. Eram como impressões deixadas no espaço como sombras de um objeto marcadas em nossa retina quando olhamos por tempo demais para um foco de luz. Em um único comando ao estender o braço direito, os armamentos foram lançados a uma velocidade incrível em direção ao tronco mais próximo, fincando-se na madeira e desaparecendo logo em seguida, deixando uma trilha de cinzas.

Luas de Diamante (Volume 1) [EM REVISÃO]Where stories live. Discover now