Capítulo XVIII - Ignição

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To ekanes thalassa

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To ekanes thalassa.

Essa é uma expressão grega que significa você estragou tudo, que em sua tradução literal soa algo como você fez disso um mar. Tenho para mim que não é um mar qualquer, e sim o Egeu em tempesta; ondas como arranha-céus encarnando a fúria de Cila e Caríbdis. Também tenho pra mim que é algo que meu pai falaria para mim, se estivesse vivo e se soubesse da confusão em que me meti. Derrubar o sistema de vigilância foi a única coisa boa que consegui fazer essa semana, e eu posso ser preso por causa disso.

Me tranquei no quarto assim que cheguei em casa depois de levar Lori até a estação. Todas as trinta e oito mensagens que mandei foram ignoradas, e me senti na obrigação de deitar ao lado do celular e esperar um milagre acontecer. Ela está abalada, e é exatamente por isso que não consigo fazer nada além de me preocupar. Já se passava das dez, mas não sentia o menor sinal de sono. Na cafeteria da biblioteca, eu disse que daria um jeito, que consertaria tudo. Quem sou eu para ao menos garantir isso?

Ela teve o coração partido e o pulso machucado. E a culpa é toda minha por ter insistido para que fosse no treino de hoje. Eu fiz Lori acreditar que tudo ficaria bem, e assisti enquanto era humilhada e despedaçada.

Apertei meu rosto com força, deixando marcas de arranhões.

— Filho?! – Trisha deu três batidas na porta, sua voz no tom cansado de sempre – Estou indo dormir. Não quer comer nada? Você não jantou hoje!

— Eu tô sem fome – respondi, mas mesmo assim a maçaneta girou.

Minha mãe mantém cópias da chave do meu quarto guardadas com ela desde que fiz dez anos. É impossível manter segredos nessa casa. A porta abriu, e vi seu rosto na soleira tentando enxergar algo no escuro.

Ela acendeu a luz, e cobri os olhos tarde demais. A luminosidade fez minha cabeça girar. Quando me recompus, se sentou na cadeira do computador. Estava despenteada, tranças ruivas saltando para fora da curva natural que seus cabelos faziam até o pescoço. Exibia olheiras profundas.

— O que está acontecendo com você? Eu passo dois dias sem te dar muita atenção por causa do trabalho, e agora você parece outra pessoa?

Ignorei sua pergunta, apenas para receber outro sermão.

— Eu conheço você, Jonathan. Por incrível que pareça, eu te conheço. E sei que tem algo errado. Pode me contar. Problemas na escola?

Não, mãe. Eu estou no meio de uma investigação paranormal com minhas duas melhores amigas e nossas vidas estão em risco. Ah, e sem contar que fui para outro país e invadi as câmeras de uma delegacia.

— Não é nada demais – eu menti, virando o rosto – Eu estou dando tudo de mim pra ajudar a Lori na decoração da festa. Só preciso descansar um pouco.

Luas de Diamante (Volume 1) [EM REVISÃO]Where stories live. Discover now