Capítulo XXII - Weltschmerz

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Eu nunca havia visto uma tempestade tão forte

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Eu nunca havia visto uma tempestade tão forte.

As árvores distantes eram ricocheteadas por rajadas de vento frio, e o canto das aves que permeava todas as noites já não era mais audível pelas janelas da sala de estar. Mark fora para o lado de fora, embaixo do pequeno telhado sobre o portal de entrada para se proteger do temporal, vigiando o perímetro a procura do menor dos movimentos. Todos já haviam se trocado, utilizando os mantos negros de combate tradicionais. Nós estávamos em silêncio havia horas, esperando que as barreiras denunciassem a presença de algum elemento do lado de fora. Este momento de letargia chegara ao fim quando Edmund desceu silenciosamente a escada, capturando a atenção de todos presentes. Imediatamente, levantamos.

Gwen se colocara de pé no tapete, as mãos sobre o coração. A julgar pelo seu olhar, queria lhe dar uma bronca enorme, mas acabara por desistir no último segundo. Ele já havia colocado suas roupas de combate, uma espada de duas mãos pendurada no cinto. Franzi a testa, incapaz de compreender. Ele nunca usava armamentos para lutar. A magia dentro de si era tão poderosa que nenhuma prata era capaz de conter o fulgor flamejante que corria por suas veias. Edmund era o líder mais poderoso de toda a Europa, sendo capaz de ultrapassar a herança divina de Leonard e as fitas de aço de Renée, a líder do Segmento Francês, uma lutadora nata que combina velocidade com graciosidade em sua bela dança da morte.

Edmund repudiava espadas. Por que estava usando uma?

Mark percebeu que ele havia descido. Se retirando momentaneamente do seu posto de vigia lá fora, se colocou entre ele e a porta.

— O que pensa que está fazendo? Você não vai lutar. O que passou pela sua cabeça quando tirou aquelas coisas do baú?! O que queria fazer?!

Edmund ignorou seu tom de preocupação crescente, continuando com seu comportamento destrutivo e indiferente ao caminhar até a pequena janela, observando pingos de chuva deslizarem sobre o vidro fosco.

— Natasha veio até nós – eu disse, me dirigindo até o seu lado – Ela informou que Alistair e Aurora pretendem retirar seu cargo e adquirir a guarda de Katherine. Melinda será nossa porta-voz. Vamos ter que convencê-la a depor ao nosso favor. Não podemos perder o Segmento. Você não pode.

Ele soltou uma risada rouca e irônica, sem olhar para mim.

— Que coisa, não é? – seus braços se cruzaram – Esta era para ser uma das terras mais valorizadas da Europa. Um marco em nossa história. O exato lugar onde uma tirana fora morta. Querem saber a verdade? A maldita Ordem não quer saber desse buraco dos infernos. As florestas germânicas já tiveram seu tempo, o qual chegou ao fim quando o surto de magia sombria das últimas décadas estourou. Os dois líderes antes de mim, em seus esforços desesperados para defender as terras mortas, sucumbiram à loucura da necromancia, e isso os levou a ruína. Verdade seja dita, este será o meu destino. Ninguém quer saber da Alemanha. Ninguém se importa com o maior depósito natural de magia sombria do mundo. E ninguém nunca se importou com o pobre infeliz responsável pelo lugar.

Luas de Diamante (Volume 1) [EM REVISÃO]Where stories live. Discover now