Capítulo V - Declínio

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A realidade se estilhaçava ao meu redor enquanto eu era engolida por redemoinhos descontrolados de luz e fogo

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A realidade se estilhaçava ao meu redor enquanto eu era engolida por redemoinhos descontrolados de luz e fogo. Era como se meu corpo estivesse em vários lugares ao mesmo tempo; algumas partes faltando e outras espalhadas pelo chão. Havia a quietude, e com ela, a incerteza. Se isso era um sonho, eu iria abrir os olhos mais uma vez? Cada pedaço de meu ser, cada átomo meu estava sendo despedaçado pela mesma força que me arrebatara, até o momento em que eu então fui reconstruída, longe das chamas, mas ainda sentindo como se a minha cabeça fosse explodir.

Ao mesmo tempo em que lutava com a desorientação, eu era capaz de sentir um aroma fraco de fumaça à minha volta. O esforço físico feito por minha parte foi seguido por grunhidos de dor e desconforto. Mas o que diabos havia acabado de acontecer? Que raio de lugar era esse?!

Respirando pesadamente, minha atenção correu até meu braço, para a pele exposta. O fogo havia desaparecido. Ele sequer deixou marcas.

Meu Deus... Lori... ela viu tudo!

— Eu... onde...? – disse uma voz abafada – O que aconteceu?

Na escuridão, segui a voz de Tine para o canto da sala mergulhada em breu somente para vê-la caída no mesmo chão frio que eu pisava. Ela esfregou seus olhos e estudou o ambiente ofuscado com eles, atônita e estonteada. Nós duas nos encontrávamos em uma câmara mal iluminada dotada de paredes de pedra e um piso polido feito de mármore e granito.

Suas írises âmbar e aterrorizadas por fim me encontraram.

— S-sua mão... o banheiro...

Tine parou de falar, provavelmente se tornando ciente do fato de que os últimos momentos realmente aconteceram. Ela se empertigou, colocando-se de pé num sobressalto e dando passos apressados até que suas costas se chocassem com a parede rígida, o bastante para criar uma distância considerável entre nós. Ela... estava com medo de mim?

Não existiam motivos para tentar explicar o que houve. Eu nunca encontraria as palavras certas. Suor começou a escorrer de minhas têmporas, e tudo o que pude fazer foi fitar as mãos trêmulas que pertenciam a mim, horrorizada. O que aconteceria se as chamas explodissem de novo?!

Eu te disse para ir embora – sibilei, sem de fato pensar.

— Sim. Claro. Você parecia que estava tendo um derrame e então começa a correr para longe, então é claro que eu ia te deixar sozinha.

A esse ponto, eu não tinha ideia de como eu ainda estava viva. Minha frequência cardíaca disparara, como se na margem de um desmaio.

— Kat. Mas que inferno? – indagou Tine – Que inferno aconteceu?!

As palavras de minha melhor amiga escaparam de meus ouvidos. Elas não foram sequer registradas. Tudo no que eu pensava era fogo. A mulher sem face, o sonho com meus pais, a pedra e o fogo descontrolado.

Luas de Diamante (Volume 1) [EM REVISÃO]Where stories live. Discover now