Capítulo VII - Cinzas

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Eu ainda estava tentando me convencer de que tudo isso não passava de um sonho

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Eu ainda estava tentando me convencer de que tudo isso não passava de um sonho.

Desde que eu e Clementine havíamos sido abordadas no interior da câmara, eu tentei de tudo para provar minha teoria. Beliscões não funcionavam. O chão de pedra polido e a rocha bruta das paredes dos corredores eram gelados ao meu toque. Considerei a possibilidade de permitir que o jovem me atingisse com a ponta de sua lâmina, para ver se isso me faria sangrar. Caso realmente funcionasse, eu acordaria por causa da dor. Isso sempre dá certo. Porém, eu duvidava que ele me ajudaria a testar essa hipótese, não quando estava ocupado conosco, certificando-se de que nós o seguiríamos para aonde quer que estivesse nos levando. Sob a luz das tochas enfileiradas, a bainha do aço que brandia se comportava como uma lembrança. O metal queria ser visto. Ele não deixaria que esquecêssemos de sua presença nesse labirinto de mármore.

— Para onde nós estamos indo? – eu perguntei em voz alta após alguns instantes para reunir coragem para confrontá-lo, e seu rosto sequer sofreu qualquer mudança ante minha questão.

— Para onde deveriam estar – disse ele, indiferente – Mais tarde, irão me agradecer por estar fazendo isso. A guarda real não as trataria com a mesma cordialidade.

Mesmo em meio ao peso de toda a situação, seu comentário fez com que Tine se manifestasse.

— Você chama isso de ser cordial? – ela franziu o cenho – Qual é o seu problema?!

Ele não respondeu as objeções de Clementine. Quando ela percebeu que não valeria a pena discutir com esse sujeito, demos boas vindas ao silêncio que se instaurou enquanto éramos conduzidas ao longo da trilha solitária que ele desbravava. Em vez de tomar o caminho pelo qual Natasha nos levou, ele seguiu pela direção oposta, longe das passagens arejadas e dos painéis de vidro. Essa área da construção era diferente. Erguida em rocha e vigas singulares de pedra fosca, ela carecia da pompa que os pilares de mármores e afrescos esculpidos ostentatavam. Tal decoro não era necessário, pois esses corredores desempenhavam outra função. Eles não precisavam de qualquer cerimônia para poderem realizá-la.

Julgamentos como os de Clementine requeriam uma plateia. Agora, uma vez que todos foram embora, Alistair faria o que tivesse de ser feito longe de quaisquer holofotes.

Por algum motivo, eu me vi me afogando no horror antecipado por meus pensamentos sem rédeas. Dizia para mim mesma que isso não faria diferença alguma, pois estávamos sozinhas desde o momento em que chegamos aqui. Não é uma audiência de rostos estranhos que mudariam esse fato.

Nós continuávamos navegando na trilha mal iluminada, até o momento em que uma estrutura diferente surgiu em meio ao mosaico rochoso da parede. Eu via pilares polidos talhados na pedra, emoldurando uma porta de madeira escura desprovida de maçaneta. O jovem com a espada parou, e fomos forçadas a fazer a mesma coisa. Clementine e eu percebemos tarde demais que nós três não estávamos sozinhos. Diante da soleira, um homem robusto a vestir um sobretudo acima de ombros largos estava nos esperando. Linhas de idade marcavam sua testa e bolsas abaixo dos olhos, embora parecesse ser apenas um pouco mais velho que Maxwell. Ele imediatamente dirigiu sua atenção até nós duas, alheio a presença do jovem.

Luas de Diamante (Volume 1) [EM REVISÃO]Where stories live. Discover now