3 - Vislumbre

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Cheguei em casa muito grata pela carona. Que sensação estranha! Eu nunca fui o tipo de garota que anda olhando por cima dos ombros, mas... aquele dia... tinha sido estranho, realmente estranho! Por que estava me sentindo observada? Isso não era normal!

Depois do jantar e um banho morno bem demorado, percebi como estava cansada. Decidi ir logo para a cama. Tinha dever de casa, mas... queria tanto dormir, fechar os olhos e desligar o corpo e a mente, então... teria que ver o que poderia ser feito no dia seguinte em relação a isso. Nada de dever de casa agora! 

A noite estava fresca, tinha caído bastante a temperatura em comparação ao dia. Uma feição alheia invadiu sem nenhuma autorização os meus pensamentos. Um estranho lindo. Me lembrei de como aquele rapaz tinha me encarado naquela manhã. Senti outra vez o corpo estremecer. Não! Sacudi a cabeça tentando me livrar das imagens e da sensação.

— Chega de estranheza por hoje! — falei sozinha.

Tranquei as janelas do meu quarto, embora o meu subconsciente me advertisse que eu estava começando a agir como neurótica, porque, afinal de contas, aquela abertura ficava bem longe do chão. Eu morava no terceiro andar!

Mas ignorei totalmente o meu subconsciente intrometido, porque ninguém estava pedindo a opinião dele, e tranquei a porta do quarto também, só por precaução. Que mal tem, não é mesmo?

Não conseguia desacelerar as batidas frenéticas do meu coração e controlar aquela inquietação desagradável que me esfriava o corpo. 

Liguei o ventilador no máximo, me joguei na cama e puxei as cobertas até à cabeça. Encolhida em um ninho, senti o conforto da segurança chegando de mansinho, e com sua voz doce e gentil, sussurrar uma canção de ninar ao meu ouvido. Me deixei embalar, enclausurada ali, e me esqueci totalmente de um pequeno detalhe... me esqueci de checar em baixo da cama.

Segundo reza a lenda, quando o bicho papão resolve fazer uma visita, é lá onde ele costuma se esconder.

Eu adormeci. Um sono de sonhos. 

O monstro no meu quarto, engolido pela escuridão das sombras, relutava cheio de hesitação, decidindo se estendia a mão para tocar o meu rosto com gentileza. 

Obscuro como uma noite de lua nova. Sisudo e frio. Sonho ou pesadelo? Eu deveria ter medo dele no silêncio enevoado daquele mero vislumbre, mas o que senti foi curiosidade. Queria que alguns sonhos não fossem tão vagos e opacos, queria vê-lo com mais clareza. Mas de uma coisa eu fiquei muito ciente. Surpreendentemente, aquele era um mostro com um cheiro delicioso.

 Surpreendentemente, aquele era um mostro com um cheiro delicioso

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Doce Pecado | 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora