Apalpei a cômoda ao lado da cama e peguei o celular, 5:32h da madrugada de um — pasmem! — domingo. Apertei o travesseiro sobre a cabeça, mas os latidos continuavam perfurando o meu cérebro.
— Eu vou matar o John! — resmunguei.
Olhei o cachorro fofo tentando alcançar a minha janela. Estava tomando conta dele no final-de-semana.
— Big! — ralhei. — Deixa a minha janela em paz!
O meu pai apareceu na porta do meu quarto com olhos vermelhos.
— Alma, se você não der um jeito nesse cachorro vou dar um jeido de ele vai voar até lá embaixo.
— Eu não sei o que deu nele. — me sentei. — Parece que viu um fantasma.
— Tem que ser uma amizade muito boa para valer todo esse sacrifício. — lá vem ele com essa história de novo. — Tem certeza que esse seu amigo ainda é só um amigo?
— Pai. — revirei os olhos.
— Acho melhor que não seja uma daquelas amizades modernas que acabam em cima de uma cama! Ou vou ser obrigado a cortar fora — imitou uma tesoura —, você sabe, algumas coisas que ele tem, caso não saiba manter guardado.
— John é só um amigo, pai. — acalmei a fera, e agora estava falando do meu pai, não do cão! Ele morria de ciúmes da filha única. A palavra namoro fazia o meu pai engasgar. — Um amigo tradicional.
E o cachorro seguia firme e forte fazendo escândalo! Eu o peguei no colo e mostrei a noite que ainda pairava do lado de fora.
— Não tem nada lá fora, Big. Todo mundo está dormindo.
— Menos o nosso prédio. — meu pai resmungou. — Pode apostar que ninguém pregou o olho a noite inteira. Por favor, querida, dê um jeito nesse bicho. — ele saiu e fechou a porta.
Me troquei e peguei a coleira do bichinho. Já estava amanhecendo quando começamos a descer a rua. O sol brincou de sombra e luz atrás dos prédios. Adorava aqueles tons dançando no céu. Mas aquela era uma manhã de domingo, e não era justo que só eu estivesse acordada.
Peguei o celular, uma voz zonza atendeu. Senti um prazer imenso em estragar a manhã dele.
— Alma? Está tudo bem? Que horas são?
— Seis da manhã de um domingo que promete ser quente como o inferno e não tem piscina no meu prédio.
— Você está bem? O que aconteceu?
— Nada. Só liguei para te acordar e estragar o seu domingo. Afinal de contas, se eu estou acordada segurando a guia de uma bola de pelo a culpa é sua. Nada mais justo do que você padecer comigo.
Ouvi o riso rouco e abafado como resposta.
— Não consegui estragar a sua vida? — fingi desilusão.
— Não, linda. Muito longe disso. Padecer com você não é realmente um castigo.
Big começou a puxar a guia e a emitir sons entre rosnados e latidos.
— O seu cachorro engoliu uma buzina. — avisei.
— Estou ouvindo daqui. — ele riu. — Prometo te compensar quando eu voltar.
— Acho bom mesmo! — o bicho continuava puxando rumo à rua lateral, mas eu só conseguia andar devagar o meu equilíbrio não estava dos melhores. — Tenho que ir. A gente se vê segunda.
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Doce Pecado | 1
RomanceO caçador foi enviado para matá-la! Assim como uma tentação é provocante e sedutora, o amor se ofereceu ao jovem Gael Ávila de forma proibida. Agora ele precisa decidir entre ser fiel ao seu povo e assassinar a bailarina, ou se deixar levar pelo qu...