— Eu vou contar no tempo certo! — Gael disparou
— Sério?! — a jovem riu na cara dele com deboche. — Não teve oportunidade?! De quanto tempo precisa para dizer: VOCÊ É UMA GUARDIÃ!
— Mas que merda! — ele começou a gritar também. — Não era para ela saber assim!
— Você é um irresponsável!
— E você, uma inconsequente! Por que não vai embora?! Ninguém te chamou aqui!
O meu cérebro estava rodando enquanto eles trocavam elogios. Eu sou uma guardiã?! Eles brigavam como duas crianças pequenas. Parecia que a qualquer momento iam se agarrar pelos cabelos e começar a se estapear. Ah, eles já fizeram isso!
— Calem a boca! Os dois! — me enfiei no meio, empurrando um para cada lado.
— A culpa é dela! — Gael começou a se defender. — Foi ela que começou!
— Minha?! Foi você que...
— Calem a boca! — berrei com raiva. Eles ficaram em silêncio, com cara de culpa. — Do que ela está falando, Gael? — exigi. — Ela disse que eu sou uma guardiã! — o silêncio dele foi mais confirmativo do que qualquer coisa. — Então era o meu cheiro que você estava caçando! Eu confiei em você. Eu disse que queria saber a verdade! Esqueceu de me contar esse detalhe?!
Dei as costas e comecei a me afastar. A decepção e o choque queimando com gosto de traição.
— Carissimi! — Gael veio atrás de mim. — Espera!
Me virei e espetei o dedo no peito dele, pontuando cada palavra.
— Você. Mentiu. Pra mim! — voltei a andar.
— Eu omiti, é diferente. — ele deu a volta e bloqueou a minha passagem. — Eu ia te contar!
— Me dá a chave do carro! Eu vou para casa!
— Você não sabe dirigir.
— Eu sei dirigir! Só não tenho carteira! E isso não é problema seu! —acabei gritando.
— De jeito nenhum! Você poderia sofrer um acidente!
— Isso não importa! — gritei ainda mais alto.
Gael aproximou o rosto a milímetros do meu e disse numa voz grave e aveludada:
— Nunca mais repita isso.
Elisa ria às nossas costas, descaradamente. O rapaz lançou um olhar fulminante para ela.
— Cala essa boca, Elisa! Olha só o que você fez!
— A culpa é sua! — a loira se aproximou com passadas graciosas. — Por que não contou a verdade?
Gael rosnou as palavras na cara dela:
— Porque eu não encontrei as palavras adequadas para explicar à mulher que amo que eu deveria ser o assassino dela! — e virou as costas, caminhando em direção à trilha.
Elisa ficou lá, eu também, olhando o desenho das penas aparecendo pelo rasgado da camisa.
— Eu não sabia. — ela disse por fim. — Pensei que ele... sei lá... talvez só estivesse precisasse de uns bons tapas. — a garota me viu observando-o e sorriu. — Ele também não te contou isso, não é?
— O que?
— Que ele a ama.
Eu não era cega em relação à atração que ele sentia. Mas amor? Isso era diferente. Ouvir aquela confissão, tão espontânea e natural me deixou em êxtase.
— Ele é mesmo um idiota! — a loira riu alto. — Não faz nada direito sem mim!
A resposta dela me tirou dos meus devaneios.
— Não está chateada? — perguntei.
— Deveria, afinal você é uma traidora, mas ele agora também é e eu não sou tão inocente assim. — deu de ombros. — Eu o amo mais que tudo no mundo. Quando descobri que era ele o caçador que estava ajudando um guardião não pude fazer nada a não ser vir ajudá-lo.
Acho que o meu cérebro andava meio lento.
— Você só queria ajudar? Então o que foi aquilo lá atrás com as espadas?!
— Relaxa. — ela começou a descer a trilha. Dei por mim caminhando ao lado dela. — Eu disse para ele que um dia ia ter volta! — falou em tom vingativo. — E de qualquer forma, essa não é a melhor parte do relacionamento entre irmãos? A briga? — declarou toda animada.
O problema não era do cérebro, era do ouvido!
— Irmãos?! Ele disse que não tinha família, que as crianças escolhidas eram levadas para longe!
— Não somos irmãos de sangue. Eu cheguei ao centro de treinamento dois anos depois dele. Eu era pequena para a minha idade. Gael sempre me defendia dos mais velhos. Ele já levou muita surra por minha causa.
— Ah. Achei que você gostasse dele... de outra forma... talvez já tivessem sido...
— Nem termina! — ela fez uma encenação como se fosse vomitar. — Que nojo! Credo, garota! Como eu vou comer depois disso?!
Quando terminamos de descer a trilha, o olhar do Gael pulou de mim para a garota que continuou se afastando.
— Ela é legal. — falei.
— Tirando as vezes em que não está tentando me matar de raiva! — ele franziu a cara numa carranca.
O caminho até em casa foi silencioso, mas aí...
— Ah não! — o carro fez uma manobra não aconselhada e parou bruscamente. Ele desceu como um tufão. — O que está fazendo aqui?!
— Estou esperando você abrir a porta. — Elisa o olhou como se ele tivesse problemas mentais.
— Você quer ficar na minha casa?
— Exatamente, gênio!
— Não, não, não e não. Não mesmo!
A loira olhou para mim com aflição.
— Como é que você aguenta?! — voltou a encará-lo. — Eu venho aqui, de livre e espontânea vontade, oferecer o meu auxílio para desencalhá-lo da lama, aí eu descubro que você está encalhado na merda, mas mesmo assim eu não desisto! E olha só o que eu recebo de volta.
Gael tinha cruzado os braços e ficado olhando com cara de tédio.
— Nem sequer um teto sobre minha cabeça! — completou de forma dramática.
Ele resmungou alguma coisa ininteligível e ela arrancou o chaveiro da mão dele, acrescentando com cara de anjo:
— Você pode ficar com o sofá!
Elisa sendo Elisa. kkkkkk
Bjos e até mais!
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Doce Pecado | 1
RomanceO caçador foi enviado para matá-la! Assim como uma tentação é provocante e sedutora, o amor se ofereceu ao jovem Gael Ávila de forma proibida. Agora ele precisa decidir entre ser fiel ao seu povo e assassinar a bailarina, ou se deixar levar pelo qu...