Capítulo 12

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— O que eu tenho que fazer? — pergunto.

Atrás do James, há mais Puros do que eu consigo contar, e meus olhos se desviam para o Lucas de novo, que vai até ao balcão da recepção e começa a escrever algo em um papel.

— Apenas nos acompanhar para a Matriz — James responde. — Não se preocupe com nada, tudo será resolvido para você.

Fico paralisada e percebo que todos à minha volta estão esperando que eu diga algo.

— Agora? Tenho que ir agora? — é a única coisa que consigo dizer, e James sorri, concordando.

— Posso me despedir dela? — Ouço a voz do Lucas atrás de mim.

Sinto como se não estivesse em mim, como se estivesse vendo isso acontecendo com outra pessoa.

Não pode ser real.

— Fique à vontade — James diz, e se afasta um pouco, dando-nos um pouco de privacidade.

Meus olhos se enchem rapidamente de lágrimas.

— A gente se vê em algumas semanas — Lucas diz, segurando a minha mão.

Sinto um papel.

O papel onde ele estava escrevendo há pouco.

— Serão as mais longas da minha vida — digo, guardando o bilhete no bolso. — Vou morrer de saudade.

— Eu já estou.

Lucas se afasta, e eu só queria poder acordar desse pesadelo.

— Vamos? — James pergunta.

Olho mais uma vez para o Lucas e acompanho o meu Mentor. Despeço-me da Rachel, da Anna e dos outros funcionários do hospital.

E então as lembranças da Tômbolas anteriores voltam à minha cabeça e sei o que me espera do lado de fora do hospital.

Apenas me preparo.

Flashes dos jornalistas da Matriz.

Palmas das pessoas do meu Setor que acompanharam a Comitiva até aqui para saber quem foi escolhido pela Tômbola.

— Você pode apenas ignorá-los — James diz. — Não tem problema, Emily.

E é isso que faço enquanto ele me conduz até o veículo.

*

Na estação de trem, sou deixada em uma sala de espera e começo a me sentir sufocada.

O calor me faz duvidar que ainda estou no meu Setor. Por isso, tiro o cachecol e o casaco, e continuo sentada no sofá, enquanto algumas pessoas andam de um lado para o outro.

Não sei exatamente quanto tempo já estou aqui, mas agora James me pede para acompanhá-lo.

— Você não vai mais precisar do casaco nem do cachecol ou das luvas — diz quando me abaixo para pegar minha roupa no sofá. Antes que eu consiga contestar, uma vez que estamos no pico do inverno, ele me dá um sorriso gentil. — Não se preocupe, o trem é aquecido.

Então reparo que ele também não está agasalhado mais.

Deixo minhas roupas para trás e ando na direção dele.

— Vamos para a Matriz agora? — pergunto mais uma vez, apesar de ter certeza que sim. — Há pessoas de quem eu gostaria de me despedir.

— Receio que não será possível, Emily! — James responde, e consigo sentir que a expressão condescendente dele é sincera. — Infelizmente, tenho ordens para levá-la diretamente para a Matriz. Posso lhe mostrar onde diz isso no regulamento...

A Resistência | À Beira do Caos (Livro 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora