Capítulo 38

16.7K 2.6K 689
                                    

Estava tão nervosa pensando em como fazer o Lucas acreditar em mim e sofrendo por saber que iria magoá-lo, que só quando cheguei em casa ontem é que realmente pensei sobre as consequências disso.

Não vou mais vê-lo.

Não consigo parar de chorar.

Não consigo dormir.

Mais uma noite em claro.

E isso explica essa dor de cabeça insuportável.

Vou até o armário do banheiro e não há nenhum analgésico. Mas preciso ocupar minha cabeça, por isso, mesmo assim decido ir para a aula.

Depois de um banho demorado, visto-me de forma confortável, coloco meus óculos escuros, pego minha bolsa e saio.

Chego atrasada na Universidade, os corredores estão vazios e a única pessoa que não queria encontrar aparece na minha frente.

Kyle.

Só de vê-lo, meu mal-estar piora. Abaixo o olhar e continuo andando com esperança de que ele desapareça. Mas não dou muitos passos até ter que parar para não esbarrar nele mais uma vez.

— Cuidado! — O aviso ameaçador faz minhas mãos começarem a tremer.

Sei que ele não está falando sobre o caminho, afinal, ele estava do outro lado do corredor e veio de encontro a mim de propósito.

De novo!

Sentindo meus olhos estreitos de raiva, levanto a cabeça para encará-lo, odiando o fato de ele ser tão alto que acaba fazendo a dor aumentar.

— Qual o seu problema comigo? — Me surpreendo quando minha voz sai áspera e firme.

— Algum problema aqui? — A voz da professora de Pesquisa Jurídica e Redação impede Kyle de responder à minha pergunta, e um sorriso debochado é a última coisa que vejo antes de ele sair da minha frente.

Neste momento, não tenho forças nem pensar no motivo de ele estar me tratando desse jeito.

— Tudo bem? — A mulher me pergunta quando passo por ela na porta da sala.

Não a encaro, apenas confirmo que sim, agradeço, e vou para o meu lugar. Mas ao contrário do que eu tinha imaginado, sentar faz dor de cabeça ficar mais intensa.

E depois de cinco minutos sinto que não vou conseguir controlar a vontade de vomitar.

Pego minha bolsa e ando rápido em direção à porta.

— Você está bem, Emily? — Ouço ao longe a voz de alguém.

— Eu só preciso tomar uma água — respondo, mas acho que minha voz não foi alta o suficiente para alguém conseguir entender.

No corredor, vejo tudo girar a minha volta e me apoio na parede até a sensação de vertigem passar. Continuo o mais rápido que consigo, mas a náusea passa antes de eu chegar ao banheiro.

Entro em uma das cabines, fecho a porta e me encosto na parede. Pressiono as têmporas com os dedos indicadores para tentar aliviar a dor, mas ver o rosto do Lucas sempre que fecho os olhos só a faz piorar.

— Emily, sou a enfermeira Isabel. — Uma voz ecoa do lado de fora. — Uma colega da sua turma me informou que você parecia não estar se sentindo bem.

— Um minuto — digo, enxugando algumas lágrimas que não consegui controlar.

Quando saio, assusto-me com minha palidez refletida no espelho, que realçam as olheiras profundas e os olhos vermelhos.

A Resistência | À Beira do Caos (Livro 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora