Capítulo 59

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— Emily Reid? — A voz soa alto demais, enquanto termino de amarrar o cabelo em um rabo de cavalo depois de abrir a porta.

— Sou eu! — Confirmo com a cabeça também, minha voz saiu sonolenta.

São sete horas da manhã, e hoje é sábado.

Eu tinha planejado dormir até mais tarde.

— Temos uma entrega para você — o rapaz fala animado. — Por favor, assine aqui!

Pego o papel tentando descobrir quem foi que enviou, mas não encontro nenhum nome.

A única coisa que me chama a atenção é a quantidade.

Livros.

Dezenas de livros.

— Quantos são? — pergunto, passando as folhas da fatura com os títulos, sem conseguir controlar a curiosidade.

— Trezentos — uma mulher responde, surgindo por trás dos entregadores. — Olá, Emily! Meu nome é Melina.

Ela é bastante jovem e está usando uma roupa casual e tem um sorriso gentil no rosto.

— Trezentos livros? Onde vou colocar todos eles? — pergunto, olhando para a sala de estar.

— Não se preocupe com isso — ela diz com um sorriso tranquilo. — Sou design de interiores, a decoradora está a caminho. Preciso apenas da sua autorização para instalarmos as estantes no corredor entre a sala de estar e o quarto.

— No corredor?

Crio uma imagem mental, sem entender como eles poderiam ficar bem ali.

— Depois de analisar a planta que nos forneceram do seu apartamento, chegamos à conclusão de que seria um ótimo lugar. — Ela me entrega um papel que tira da pasta e começa a explicar apontando a localização com um lápis. — Ficará perfeito no espaço entre as janelas, e a luz natural, mas não direta, é ótima. Nós vamos ter que analisar seu sistema de refrigeração para conservar melhor os exemplares, mas, também não se preocupe, está tudo pago e você não precisa lidar com nada.

— Ok — limito-me a dizer, ainda surpresa demais para me sentir empolgada, além de achar que metade de mim ainda está dormindo.

E como não quero ser indiscreta, continuo sem saber quem enviou.

O que não importa, a regra é clara, não podemos rejeitar presentes. Mesmo que tivesse sido o Kyle ou o Gabriel, eu teria que aceitar.

— Você já assinou o comprovante de entrega — ela fala devagar enquanto procura algo dentro da pasta. — Agora, preciso que assine esse documento aqui nos autorizando a montar as estantes e decorá-las, por favor!

Pego o papel da mão dela.

Provavelmente foi o Louis depois da nossa conversa de ontem. Ele deve ter ficado comovido com a história que contei sobre ler sempre os mesmos livros.

Sinto o rosto corar de vergonha e de culpa por ter usado ele para cumprir a missão da Resistência.

— Se preferir, pode tratar de outras coisas, isso aqui fica por nossa conta — Melina diz, quando entrego o documento assinado.

— Certo — digo, enquanto observo as caixas de livros serem empilhadas ao lado do sofá por vários funcionários.

Agradeço, vou até a cozinha para preparar um chá e volto para o quarto.

A luz do sol invade o ambiente quando abro um pouco a cortina mesmo que o céu esteja com algumas nuvens. Pego o livro da mesa de cabeceira, enfio-me debaixo das cobertas feliz por ter deixado o ar-condicionado ligado e retomo minha leitura.

*

Depois de algumas horas, alguns cochilos e um livro quase finalizado, saio do quarto curiosa para ver como tudo está ficando.

As estantes já estão instaladas, e duas assistentes estão organizando os livros sob o olhar atento da designer de interiores e da decoradora.

E tenho que admitir que as eles realmente ficaram perfeitos aqui.

Entre os livros, há porta-retratos com fotos minhas, vasos com plantas pequeninas, luminárias, velas, suportes e luzes embutidas.

— Está ficando lindo — digo, sentindo-me agora emocionada ao ver tantos livros juntos e disponíveis para mim.

Tenho que fazer um esforço quando sinto meus olhos brilharem com a lembrança do meu pai.

Ele iria adorar ver isso.

— Fico feliz que tenha gostado. Ah, já ia me esquecendo. A Sua Alteza Real...

— Espera — interrompo, surpresa. — Foi o Nathaniel que enviou os livros?

Melina me dá um sorriso animado.

— Sim! Inclusive, ele próprio escolheu alguns — responde, entusiasmada. — Tão atencioso. Ele também fez questão de escolher uma foto de vocês dois para colocar neste porta-retratos.

Melina vira o objeto para mim e vejo uma foto em que estamos sorrindo um para o outro. Mais do que ninguém, Nathaniel sabe o que aconteceu nesse dia e o que está por trás daquele sorriso.

Ele realmente adora me irritar, mesmo quando parece não estar tentando fazer isso.

Sorrio com o pensamento e isso encoraja a designer a ir até a estante e a testar o porta-retratos em alguns lugares.

— O que você acha de ele ficar aqui?

— Está perfeito — respondo.

Até porque independente do lugar onde ela o coloque, eu vou tirá-lo de lá assim que eles saírem.

A última coisa que eu quero é uma foto do Nathaniel no meu apartamento me lembrando da existência dele o tempo todo.

— E isso é para você.

Ela me entrega um livro embrulhado e um envelope pequeno.

Melina se despede, dispensando minha companhia até a porta. E, assim que tenho certeza que eles saíram, pego o pequeno envelope e tiro um papel preto de dentro, com uma mensagem escrita à mão em branco.

"Para você nunca mais ter que reler o mesmo livro... a não ser que queira. N."

Desfaço o laço prateado e abro o papel preto.

— O Pequeno Príncipe — leio o título em voz alta.

Guardo o bilhete dentro e tiro o sorriso que surgiu no meu rosto, irritada comigo mesma por não conseguir odiar o Nathaniel neste momento.

Você colocou um feitiço em mim
Estou perdendo a cabeça
É melhor você parar com esses jogos
É uma questão de tempo
Antes de eu te caçar
(I Put a Spell On You | Austin Giorgio)

Será que ele está apaixonado?

Quem ai queria um Nathaniel neste momento?

Estão votando nos capítulos? Se estiverem gostando da história, VOLTEM E VOTEM nos capítulos para a nossa família de Resistentes crescer! Mando o Nate com uma gravata para quem fizer isso kkk

Até amanhã!

A Resistência | À Beira do Caos (Livro 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora