Capítulo 82

14.9K 2.4K 1.3K
                                    

Observo Nathaniel avançar com passos rápidos.

Quando está a poucos metros do carro que bloqueou nossa passagem, noto um vulto vindo na direção dele. Estreito os olhos na esperança de ver melhor, mas não adianta. Está escuro demais.

Nathaniel para em frente à pessoa, sei que estão discutindo, mas a esta distância não consigo entender nem uma palavra.

Uma onda de alívio passa por mim quando vejo que ele se virou e está voltando, mas o alívio não dura muito. Outras pessoas saem do carro e alcançam Nathaniel que para, mas não se vira.

Sinto o desespero fazer meu coração se apertar.

Ligo os faróis do carro sem pensar muito.

Três homens estão apontando armas para o Nathaniel. E então a pessoa com quem ele estava falando antes surge por trás deles.

Matt!

Abro a porta do carro e mesmo sem perceber já estou correndo em direção a eles.

— O que você fez, Emily? — Nathaniel grita e consigo sentir a raiva na voz dele.

Ele não resiste, não luta, e sei que é por causa da arma que estão apontando para mim.

Nossos olhos se encontram.

Consigo ver a expressão no rosto dele iluminado pelos faróis do carro, e esse é o momento que temi nas últimas semanas.

Acabou!

Nathaniel e eu acabou para sempre.

E isso dói!

É insuportável.

— Você me prometeu que não o machucaria — digo para Matt, e não escondo o desespero na minha voz.

Estou mesmo na frente do Nathaniel e consigo sentir os olhos dele em mim, mas não consigo mais encará-lo.

Mal consigo ficar em pé.

— Nós não vamos — Matt diz. — Agora ele vai cooperar.

Matt faz um sinal para o homem que está apontando a arma para mim, e ele volta a mirar o Nathaniel.

Eles o colocam na parte traseira de uma espécie de furgão que estava estacionado no escuro e me fazem entrar também.

As armas nunca deixam de apontar para ele.

Sei que Nathaniel está armado, mas não conseguiria traí-lo mais uma vez e entregá-lo. Até porque ele não parece ter intenção nenhuma de usar a arma, e ele nem poderia com tantas outras apontadas para ele. Qualquer movimento suspeito que ele faça pode ter consequências, e Nathaniel sabe disso.

Os olhos dele continuam fixos em mim.

Nenhuma palavra.

Apenas nos encaramos.

Quero que ele veja nos meus olhos o que realmente estou sentindo.

Não é satisfação.

Como poderia ser?

Estou apaixonada por ele apesar de tudo.

Quero que ele veja a minha dor, que veja que isso não foi uma decisão fácil e que as coisas que tenho que fazer estão me destruindo de novo. E ele vai conseguir reconhecer isso, ele já me viu assim muitas vezes.

Mas a expressão dele não me diz nada, e essa indiferença dói mais do que qualquer outra coisa.

O carro inclina um pouco e preciso me segurar. Estamos descendo para a Muralha.

A Resistência | À Beira do Caos (Livro 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora