Capítulo 16

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Cura | Dia 1

Sento-me na poltrona branca de couro que, apesar de fria, é extremamente confortável, enquanto observo minha equipe se movimentar de um lado para o outro na sala de procedimento.

Mas o que me deixa nervosa é a quantidade de equipamentos médicos no mesmo lugar.

Encaro o desfibrilador, e tenho certeza que este está funcionando. Além dele, também há um ventilador pulmonar, cilindros de oxigênio, suportes para soro, uma máquina que parece ser de hemodiálise e alguns outros aparelhos modernos que eu nunca tinha visto antes.

Quando tudo parece estar preparado, Meredith se aproxima, aperta um botão e a poltrona onde estou sentada se abre um pouco, deixando-me em uma posição quase horizontal.

As enfermeiras voltam a atenção delas para mim e rapidamente começam a me preparar.

— Você sabe para que esses aparelhos servem, certo, Emily? — Meredith pergunta.

— Sim! — confirmo, insegura. — Pelo menos alguns deles.

— Ótimo! Vamos monitorá-la durante todo o procedimento e saberemos se algo não estiver correndo bem. — Meus olhos involuntariamente vão para o desfibrilador. — Não se preocupe, nunca precisamos usar um desses antes.

Por algum motivo, isso não me tranquiliza.

— Sempre há uma primeira vez para tudo — digo.

— Então vamos torcer para que não seja com você!

Quando Meredith autoriza, Tessa coloca alguns elétrodos nos meus pulsos, pernas e tórax para monitorar meu coração, enquanto July insere meu dedo no oxímetro para verificar a saturação do meu sangue e um medidor de pressão ao redor do meu braço esquerdo.

— É mais fácil para administrar a medicação e ele via ficar até o final do procedimento — Meredith avisa, mostrando-me um acesso que insere no dorso da minha mão direita. — Estes dois serão para a diálise que será feita apenas durante o dia. À noite, você voltará para o quarto para descansar, e duas enfermeiras vão observá-la de forma permanente.

Dou permissão para Meredith, e ela insere os outros dois acessos na dobra interna do cotovelo.

Odeio ser furada por agulhas, mas desde que comecei a fazer isso como enfermeira, já não preciso virar o rosto para não ver.

Assim que todos os acessos estão inseridos e os outros medidores estão no lugar, Tessa liga o monitor multiparamétrico e o som dos meus batimentos cardíacos preenche o ambiente. Faço uma análise rápida de todos os indicadores mostrados e vejo que tudo está dentro da normalidade.

— Como expliquei ontem, vamos começar o procedimento com o soro da Cura — Meredith avisa, mostrando-me uma seringa grande e cheia de um líquido azulado —, que tornará o vírus da insuficiência cardíaca mais fraco, e o dialisador vai eliminar os vírus que resistirem ao antídoto, bem como todas as impurezas do seu sangue. Após uma hora de observação dos seus sinais vitais, vamos aplicar o sedativo. Não fará você adormecer completamente por muito tempo, mas vai tornar mais fácil lidar com o mal-estar. Apesar de consciente, você não se lembrará de praticamente nada. Tudo bem até agora?

— Acho que sim — digo, ouvindo meu coração bater mais rápido à medida que o líquido entra na minha corrente sanguínea.

— Certeza? — ela pergunta, com um sorriso tranquilizador e confirmo com a cabeça. — Ótimo! Agora, as enfermeiras vão observar você até eu voltar daqui a uma hora.

*

Depois de sessenta minutos olhando para o teto branco e tentando controlar minha ansiedade pensando no Lucas, Meredith reaparece na minha frente.

As enfermeiras conversam com ela, enquanto a médica loira analisa meus sinais vitais.

— Tudo dentro da normalidade, Emily! Agora é hora do sedativo. Nós vamos reduzir a dose apenas para você poder se alimentar e usar o banheiro, e sempre terá pelo menos duas enfermeiras auxiliando você — ela avisa.

— Sou obrigada a tomar o sedativo?

— Não — Dra. Meredith responde rápido. — Mas eu garanto que você não vai querer isso.

Fico olhando para a seringa tentando decidir se deixo aplicar ou não.

— Vou me sentir muito mal se não tomar? — pergunto, para tentar me decidir.

— Em uma escala de 0 a 10? — Meredith pergunta, e eu confirmo com a cabeça esperando ela continuar. — Se você não tomar o sedativo o mal-estar será 10.

Achava que ela iria tentar amenizar a situação, mas Meredith é sincera demais. Eu provavelmente diria para os meus pacientes que seria 9 ou até mesmo 8. Não 10 porque isso os deixaria ansiosos como acabei de ficar.

Mas acho que ela conseguiu o que queria, e respiro fundo quando tomo uma decisão.

Afinal, juntar o sofrimento emocional com o físico não me parece a melhor ideia neste momento.

— Pode aplicar — autorizo, e pouco depois sinto o líquido entrar gelado na minha veia.

O efeito é indolor e instantâneo.

Nada é o mesmo
Há um novo mundo
Chamando meu nome
Eu não posso escapar disso

(This Is The Hunt | Ruelle)

Alguns capítulos são pequeninos, não estranhem...

Estão gostando de ver mais a Mere? Ela também aparecer no decorrer da história, junto com um certo empata ai...

Até amanhã!



A Resistência | À Beira do Caos (Livro 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora