Capítulo 44

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Quando chego à faculdade, Nathaniel está no corredor da minha sala de aula.

Não, eu não tenho nem um dia de paz.

A postura dele está rígida, e a roupa de Comandante da Guarda Real, ao contrário da casual que ele usava no outro dia no shopping, o deixa bastante intimidante.

Olho para o lado e percebo que o corredor está quase vazio, apesar de ainda faltarem dez minutos para o início das aulas. Provavelmente, nenhum aluno quer chamar a atenção do Príncipe ou dos seguranças da Escolta Real ao lado dele.

Nathaniel está ajeitando o quepe preto com o símbolo de diamante brilhando na frente quando nossos olhos se encontram, e sinto uma vulnerabilidade nele, mas só por um segundo.

Rapidamente, os olhos verdes dele ganham a confiança e a determinação as quais estou acostumada.

Ele faz um gesto para eu ir até ele, e eu me odeio por ter mantido contato visual por tanto tempo.

Quando chego à sua frente, cumprimento-o com uma reverência formal demais. Hoje, meu nervosismo não deixou que o movimento tivesse o toque de deboche que costumo usar.

— Preciso falar com você! — A voz dele não está amigável, e o que quer seja que ele quer comigo parece sério. — Acompanhe-me, por favor.

Tudo o que aconteceu ontem no encontro com a Resistência volta à minha mente, e me pergunto se ele descobriu.

Ou pior, a voz poderia ser dele ou ele poderia estar vendo tudo do fundo da sala, e tenho que respirar devagar algumas vezes para controlar o nervosismo.

Nathaniel me guia por entre os corredores, andando sempre um pouco à minha frente com passos largos que são difíceis de acompanhar. Ele abre uma porta e me dá espaço para que eu possa entrar. Apesar da minha hesitação, é isso que eu faço.

— Lucas não acreditou — diz sem rodeio depois de fechar a porta.

Viro-me rapidamente para ele, sentindo meu coração bater ainda mais rápido. Isso parece pior do que ele falar que sabe que falei com a Resistência.

— Ele está bem? — Em meio a tantas perguntas que poderia fazer, faço a que estou mais ansiosa pela resposta.

Nunca vou me perdoar se algo ruim tiver acontecido a ele.

— Por enquanto — Nathaniel diz, com um tom fatalista, mas dou um suspiro de alívio.

Claro, não é uma resposta totalmente animadora, mas já é alguma coisa.

A seguir, Nathaniel abre o zíper da parte de cima do uniforme militar e tira de um bolso interno algumas fotos. Nelas, Lucas aparece entrando em um edifício abandonado e depois saindo com um rapaz que não conheço.

Ele é mais velho que o Lucas, um pouco mais alto. Tenho certeza que não trabalha no hospital e, pela idade, não deve frequentar a universidade.

— O nome dele é Armon — Nathaniel diz. — Você o conhece?

— Não — respondo rápido, pegando a foto e olho para ela mais atenta. — Nunca o vi.

Meus olhos se desviam então para o Lucas.

Por um momento, sinto um alívio por ter tido notícias dele e por saber que está bem.

Não achava que iria vê-lo novamente, nem por fotos.

E sinto tanta falta dele que meus olhos se enchem de lágrimas e preciso respirar fundo. Mas, neste momento, nem é necessário esconder isso do Nathaniel. Ele já sabe o quanto o Lucas é importante, e vai usar isso contra mim sempre que tiver oportunidade.

A Resistência | À Beira do Caos (Livro 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora