Capítulo 26

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Assim que o Rei, a Rainha e todo o séquito deles vão embora, somos levados para a sala de jantar onde um verdadeiro banquete está servido.

Apesar de lento, o jantar é agradável. Amanda está ao meu lado e ela não para de falar nem um minuto. Gosto disso.

Logo a seguir, nós nos reunimos à beira da piscina e conversamos até os Mentores decidirem que é hora de encerrar o encontro para podermos descansar. Afinal os últimos dias foram bastante intensos para nós e acredito que para eles também.

Despedimo-nos, e volto para o meu novo apartamento, onde me entrego ao cansaço. Tiro as sandálias, jogo-me no sofá e coloco os pés para cima para tentar aliviar a dor nos calcanhares que triplicaram agora.

Fecho os olhos na tentativa de dormir.

Mas os minutos passam e, apesar da exaustão, milhares de pensamentos invadem minha cabeça mantendo-me acordada, e não sei qual deles causa um aperto no meu peito que me faz ficar quase sem ar. Involuntariamente toco no dedo onde o anel que o Lucas me deu costumava ficar.

Suspiro triste quando o encontro o vazio.

Por uma fração de segundos, acreditei que sentiria o símbolo do infinito e que poderia contorná-lo com a ponta do dedo como sempre fazia.

E então percebo que o anel que o meu pai me deu, no dedo ao lado, também não está lá.

Não!

Levanto-me em um sobressalto e o procuro no sofá. Quando não encontro, sinto como se o chão se abrisse debaixo de mim.

É a única lembrança que tenho dele. É a única lembrança que tenho do meu passado.

Não penso duas vezes antes de calçar as sandálias e voltar ao terraço para procurar o anel nos lugares onde estive.

O prédio está tão silencioso que me forço a ir mais devagar, o barulho do salto parece que vai acordar todo mundo.

Depois de sair do elevador, atravesso a porta e sinto a brisa morna que passa pela parte descoberta do terraço.

Tenho quase certeza que estava com ele durante o jantar, por isso, começo a andar para a área da piscina, o lugar onde estive por último.

No caminho, é impossível não notar a lua prateada e imponente no horizonte.

— Você está perdida?

Paraliso, sentindo meu coração parar de bater por um momento.

— Não, eu perdi algo — respondo, e me viro devagar já imaginando quem vou ver.

É impossível não reconhecer a voz dele.

— Algo importante? — pergunta, quando nossos olhos se encontram.

Quero perguntar o que ele faz aqui, mas acho melhor responder à pergunta do Príncipe de Gaia.

— Sim, Vossa Alteza, valor sentimental — respondo hesitante, fazendo uma reverência discreta.

— Eu ajudo você — o Príncipe Nathaniel diz, e a atitude gentil dele me surpreende.

— Agradeço, mas não quero incomodá-lo. É só um anel — digo.

É claro que não é apenas um anel para mim, mas prefiro não demonstrar o quanto ele é importante.

— Será um prazer, Emily.

Estremeço quando ele pronuncia meu nome.

O Príncipe, uma das pessoas mais perigosas e cruéis de Gaia, sabe meu nome.

A Resistência | À Beira do Caos (Livro 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora