Capítulo 75

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Eu digo a mim mesma que você não significa nada
Que o que nós temos não tem nenhum poder sobre mim
Mas quando você não está lá, simplesmente desmorono
Só amor pode machucar assim
(Only Love Can Hurt Like This | Paloma Faith)

— Estou passando na Torre em trinta minutos para pegar você — Nathaniel diz, desligando o telefone a seguir, sem me dar chance de falar nada.

Arrasto-me até o banheiro e deparo-me com a minha imagem sonolenta no espelho. Não tenho vontade nenhuma de sair a esta hora, mas a curiosidade não me deixa voltar para a cama.

São quatro horas da manhã.

O que ele quer comigo?

Tomo um banho rápido para despertar, escovo os dentes e visto um short de cintura alta e um top cropped. Procuro um casaco moletom. Sei que estamos na Matriz, mas a esta hora pode estar um pouco frio lá fora.

Desço exatamente trinta minutos depois.

É estranho não ver pessoas circulando pelo saguão, há apenas dois recepcionistas que me olham com curiosidade, mas se limitam a me desejar bom dia.

Nathaniel já está a minha espera encostado ao carro dele. E na frente e atrás estão os jipes da Escolta Real.

Ele me dá um sorriso divertido quando vê a minha expressão chateada.

— O que você quer, Nathaniel? — pergunto, quando ele me puxa pela cintura e me dá um beijo rápido.

Gosto de quando ele é espontâneo. E a esta hora, sem paparazzi ou outros olhos atentos, ele pode ser.

— Mostrar algo para você — responde enigmático, com os olhos verdes brilhando de empolgação. — Vamos, não podemos perder tempo.

Entro no carro e ele anda rápido até o lugar do motorista. Reparo na camiseta branca que está usando, no cabelo todo desgrenhado e na tatuagem aparecendo.

Odeio aquela tatuagem.

Odeio porque ela me faz sentir ciúme, e não quero sentir ciúme. Não quero ter certeza do quanto gosto dele.

Nathaniel entra no carro, coloca o cinto e saímos.

— Como está sua mão? — pergunto, vendo que ele não mudou o curativo que eu fiz.

— Ótima — responde, fazendo uma curva acentuada para sair da Torre.

— Você não foi ao médico, não é?

A mão dele não deveria estar doendo ao ponto de ele não estar apertando o volante.

— Confio em você, Emily.

— Você não deveria — respondo. E percebo que isso não se aplica apenas a esta situação. — Eu não tinha todo o material necessário. Promete que você vai ao médico assim que amanhecer. — Nathaniel apenas sorri em resposta. — O que é engraçado?

— Não é engraçado. — Ele desvia rapidamente os olhos para mim. — Mas sua preocupação comigo é adorável — conclui, pegando um caminho pelo qual eu nunca tinha passado antes.

Rapidamente entramos passando por um lugar parecido com as florestas do meu Setor. Avançamos pela estrada inclinada devagar por causa das curvas fechadas.

Depois de alguns minutos, a Matriz é um emaranhado de casas, prédios e avenidas ao longe. Já estamos bastante altos. Nathaniel sai da estrada principal e avançamos por uma secundária bastante acidentada e estreita.

Ele para o carro em frente a um grande portão de ferro, enquanto os Seguranças da Escolta se dirigem para abri-lo.

Olho para a minha direita, acompanhando o muro que se estende até onde meus olhos conseguem ver, e sinto um arrepio com o rosto do Nathaniel se aproximando do meu, o nariz dele tocando minha pele, a respiração dele despertando todos os tipos de sensações em mim.

A Resistência | À Beira do Caos (Livro 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora