Capítulo 3

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Na fachada da pensão sinalizava, pousada da Dona Linda

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Na fachada da pensão sinalizava, pousada da Dona Linda. Com uma entrada trazendo uma releitura de casas do interior, uma pintura amarela por toda a extensão da parede e um portão enorme com uma placa informando: proibido visitas indesejadas.

Entrei no local com aparência antiquada, e logo uma senhora baixinha veio nos atender.

— Ângela, não sabia que traria uma amiga hoje — falou a senhora cumprimentando a moça.

— Não, Dona Linda, ela veio para a vaga em um dos quartos da pensão — corrigiu solícita.

A senhora de aparência frágil e meiga, com seus cabelos negros e pele aparentando a cor do cravo e canela, aproximou-se para cumprimentar-me.

— Boa noite, deseja alugar um quarto? — Prontificou-se a minha frente, mas mantendo um pouco de distância.

— Sim, quanto custa? — perguntei torcendo para que não fosse tão caro.

— Custa 200 dólares, mensalmente, com três refeições diárias.

Não era tão barato como imaginei, mas daria para alugar... Sabendo que terei que arranjar um emprego esse mês de qualquer jeito, se não estarei na rua da amargura.

— Quero um quarto — comentei me conformando com a desgraça da vida. Mentira!

— Ângela, mostre o quarto a moça para que ela se acomode e depois desçam para jantar — pediu a Ângela, depois, virando-se para mim, perguntou:

— Qual é o seu nome minha jovem?

— Bela, é um prazer conhecê-la. — Estendi a mão em cumprimento, mas fui recebida com um abraço pela senhora, o que me deixou sem jeito, já que não sou acostumada com esse tipo de afeição.

Andando pela pensão, reparo que é tudo muito simples, mas muito aconchegante. Lembrei-me da paz que sentia quando mamãe era viva, senti uma dor no peito ao pensar nisso.

Vivi isolada de todos, após a morte da mamãe, mudei de casa quando terminei a faculdade, fundei minha empresa e apenas uma vez ao ano visitava meus irmãos. Não queria incomodá-los, mesmo que eles sempre me pedissem para visitá-los. Philip está casado e tem uma filhinha de dois anos. Miguel mesmo tendo aquela fama de bad boy, está noivo com um filho a caminho e logo após o nascimento da criança, ele fala que irá se casar. Todos estão constituindo família e eu ficando para trás. Lembro que sempre dizia para os meus irmãos quando perguntavam se eu pretendia namorar pelo menos mais uma vez na vida, sempre respondi que o amor da minha vida será sempre o trabalho e nada mais.

Não sirvo para maternidade, lembro-me que sempre quando chegava do trabalho e via as crianças na rua brincando, eles saiam gritando para os seus pais que a megera havia chegado. Nunca entendi o porquê, talvez fosse pelo simples fato de não ser gentil com as crianças como o restante das pessoas. Não sirvo para a maternidade e nunca sonhei em ser mãe, meu foco foi sempre, e será eternamente a carreira, tudo que passar disso é bobagem. Tanto que minha única e melhor amiga sempre foi Clara, já que não sei fazer amizades, porque sempre fui fechada para relacionar-me com as pessoas. Mas todas essas circunstâncias nunca me incomodaram, sempre vivi bem com isso.

Entrando no pequeno quarto, reparei nas três camas de solteiro, uma ao lado da outra, três cômodas com abajur em cima, três guarda-roupas de duas portas, um ao lado do outro e uma pequena penteadeira com um espelho de corpo inteiro pregado na parede. Fiquei impressionada, como um quarto daquele tamanho cabia tanta coisa?

— Seja bem-vinda, você ficará com aquela cama. — Ângela apontou para uma cama que fica no meio das outras — Neste quarto também dorme a Lúcia, mas ela é professora e está em viagem com a turma nesse final de semana, segunda ela estará de volta. Você vai amar conhecê-la — disse animada.

— Ok. — Não dei muita importância.

— Pode acomodar suas coisas, após o jantar, ajudo você a arrumar tudo, já que amanhã é sábado.

Assenti com a cabeça, ela é muito diferente das pessoas que conheço.

— Vamos jantar. — Ângela desceu saltitando pelos degraus da escada.

Ao entrar na cozinha, o cheiro da comida está exalando e a aparência está muito boa. Sentei-me à mesa e deliciei-me com o saboroso ensopado de verdura.

Enquanto saboreio a comida, com todas as mulheres tagarelando ao meu lado, incomodando o eminente silêncio que desejo, já que a cozinha está mais parecendo a casa da vovozinha em todos os aspectos.

— A comida estava muito saborosa, Dona Linda, obrigada e boa noite — Ângela agradeceu após o término da refeição.

— Não precisa agradecer menina, faço com prazer.

— Obrigada, estava ótimo — falei sem jeito.

Subi os degraus em direção ao quarto, tendo a moça no meu encalço como se fosse um encosto.

— Não precisa me ajudar, você deve estar cansada.

— Não custa nada, além do mais não irei dormir agora — pronunciou me auxiliando a dobrar as roupas.

A olhei e achei diferente sua atitude. Clara nunca me ajudou em nada, só estava com ela quando ia às compras, salão de beleza ou em festas. Nunca a visitava e nem perguntava se queria ajuda para alguma coisa, e essas atitudes se intensificaram com a morte da sua irmã.

— Então, você trabalha em quê? — Sentou-se em sua cama.

— No momento estou desempregada — falei, não querendo abordar muito a minha vida pessoal.

— Que pena, mas logo você conseguirá um emprego. Você está procurando para qual área? — Curvou-se para frente parecendo interessada na conversa.

— Sou formada em administração com mestrado em finanças, então, só mereço o melhor.

— Uau! Você deve gostar muito de estudar. Quando souber de alguma vaga na empresa ao qual trabalho eu te informo — disse animada.

— Você trabalha em quê? — perguntei pelo seu súbito interesse na minha vida.

— Trabalho como recepcionista, na empresa Martilhe.

— Sério? Ela é uma das maiores empresas do país — perguntei com absoluta surpresa. Aumentada pelo fato de uma grande multinacional estar localizada em uma cidade tão pequena, como Corno.

— Você conhece? — Pareceu interessada pela minha indagação.

— Quem não conhece? — Devolvi a pergunta.

Simplesmente, a empresa Martilhe é uma das maiores desse país, e uma das multinacionais mais influentes no mundo, já que seu principal produto é relacionado a investimentos e tecnologia, algo muito estruturado pelo fundador da organização. Sei tudo isso, porque a empresa é um marco em administração de finanças, prestando serviços para todo o tipo de organização seja ela com fins lucrativos ou governamentais.

Quando acabamos de arrumar as coisas, nos deitamos e fomos dormir. — Amanhã será um grande dia — pensei enquanto adormecia.

Mais um capítulo espero que gostem. Até aproxima tchau, tchau. 😘😘👋👋

O Chefe da MegeraWhere stories live. Discover now