Capítulo 36

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Ainda consigo me lembrar do seu adeus, em meio a manhã fria, quando me dizia que tudo iria ficar bem, que essa nova família iria cuidar de mim

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Ainda consigo me lembrar do seu adeus, em meio a manhã fria, quando me dizia que tudo iria ficar bem, que essa nova família iria cuidar de mim. Entretanto, pelo menos ela cumpriu o que prometeu, eles cuidaram de mim, mesmo despedaçando o meu coração, anos depois.

— Mamãe, a senhora promete que vai me buscar? — perguntei com lágrimas nos olhos, por ter a total certeza de que nunca mais a veria.

Enquanto ela me direciona para a casa de adoção, minha mão segurou a barra do seu vestido com força, com o eminente medo do que sucederá.

— Não tenha medo Bela, prometo que quando tudo se resolver voltarei. — Acariciou o meu rosto e saiu, deixando-me solitária naquela sala.

Mais uma promessa que não foi cumprida, assim como o papai falou quando sumiu sem deixar rastros. Com isso, tentei enxugar o máximo possível as lágrimas que jorram como cascatas.

Fiquei alguns minutos em estado de choque, nesse meio tempo a mulher mandou os filhos se retirarem, garantindo a nossa privacidade.

— Quem é você? — Me levantei num salto do sofá.

— Senti que era você, desde o momento em que te vi naquela madrugada, só era questão de tempo para nos encontrarmos. — Tentou se aproximar.

— Que madrugada, quando? — Entrei em parafuso.

— Já têm algumas semanas, você estava andando sozinha, até olhou para trás, mas consegui me esconder.

Aquele dia, em que saí de madrugada, após o acidente na casa dos Martilhes, logo depois de atender a ligação de Ryan. Sempre tive a certeza de que tinha alguém me observando, só não imaginava que essa seria a minha mãe biológica. O destino é algo que realmente não entendemos.

— Isso não é verdade. — Coloquei as mãos na testa.

— Você é igual ao seu pai, ama mentir para si mesma. — Soltou um suspiro frustrado.

Olhei para ela pasma, a minha vida é uma incrível comédia. Ela sempre soube quem eu era, por que não me procurou?

— Por que não me procurou? — O meu tom de voz se alterou um pouco.

— Quando você foi adotada, fizemos um trato, em todos os seus aniversários a Dona Solano me enviaria uma foto sua, isso aconteceu até os seus 18 anos, depois disso nunca mais tive notícias. Após 5 anos consegui vir para cá, o meu plano era te encontrar e dizer que não queria te deixar, mas tive imprevistos, as dívidas foram aumentando e não consegui localizar a sua família adotiva. Nunca quis que nenhum dos meus filhos vivessem no mesmo antro de prostituição que vivi para pagar as dívidas do seu pai. Quando ele morreu, finalmente garanti minha liberdade, peguei um dinheiro emprestado e corri para cá. Porém, infelizmente fiquei doente, não posso trabalhar e só Helena recebe dinheiro para pagar o empréstimo e colocar alimento dentro de casa.

O Chefe da MegeraWhere stories live. Discover now