Capítulo 9

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— Por que você ainda insiste em se manter afastada de todos? — Miguel esbanjou descontentamento em sua frase, como se um punhal estivesse apunhalando o seu peito

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— Por que você ainda insiste em se manter afastada de todos? — Miguel esbanjou descontentamento em sua frase, como se um punhal estivesse apunhalando o seu peito.

— Você sabe o que aconteceu da última vez em que tentei me aproximar de alguém — respondi sem muita vontade, afinal de contas, se não fosse por mim, minha melhor amiga ainda estaria aqui.

— Isso é coisa da sua cabeça, aprenda a viver. — Era como se Miguel estivesse mudado, agora não era mais meu irmão, ele tomou a forma daquele cirurgião da clínica.

— Não, não... — gritei em pânico. Não! Esse erro não cometo novamente — Me perdoa! Não era a minha intenção, não queria que você fosse embora. Por que você não me escuta? Por que não volta? — Chorei em desespero, sentindo as lágrimas jorrarem pelo meu rosto, como cachoeiras em pleno verão.

— Isso só está acontecendo porque você foi fraca — a voz repetiu diversas vezes em minha mente, como se quisesse me acusar, me deixando cada vez mais louca.

Como nem tudo são flores, no meio da noite acordo por causa de um pesadelo.

Não foi apenas um pesadelo, porém preciso deixar de lado como das últimas vezes — pensei frustrada.

Como todas às vezes, o sonho termina da mesma forma, comigo sozinha no cemitério, pois, resolvi me distanciar de todos, por causa das minhas ações e atitudes. A primeira vez que tive esse sonho, foi após a morte da minha mãe, a partir daí fiquei cinco anos tendo o mesmo pesadelo, depois desse tempo ele nunca mais voltou, até agora.

Suspirei, peguei o celular na mesinha e olhei as horas, são 03h42min da manhã.

Ótimo, perdi o sono uma hora dessas — suspirei.

Ao sair do quarto, caminhei até a sala a passos silenciosos para não acordar nenhum indivíduo. Andei com muita calma, a fim de prevenir qualquer tipo de acidente.

Lancei-me no sofá de modo a conferir a conexão do Wi-Fi no meu celular. Detectando nenhum tipo de mensagem de amigos. Tendo apenas duas mensagens dos meus irmãos, algo cotidiano entre nós. Respondi sem delonga omitindo o que aconteceu.

Para alimentar o meu eminente tédio, sendo quase quatro horas da manhã, resolvi passar pelos sites de fofocas. Foi quando, por incrível que pareça, recebi uma mensagem de quem menos esperava.

— Como você está? — Apareceu como um lampejo na tela do meu celular.

Quase tive um treco, nunca cogitei a hipótese de receber uma mensagem sua.

Bom, o que respondo? — questionei-me.

Como assim? Responde logo mulher!!! — meu subconsciente gritou em aflição.

Eh! Não posso responder apenas, estou bem, preciso de algo a mais — cogitei.

Você está de brincadeira com a minha cara, só pode — reclamou novamente com veemência.

Não acredito que estou conversando com o meu subconsciente, estou louca.

Balancei a cabeça para sair dos meus devaneios e comecei digitar a resposta.

— Estou indo.

Estou indo? Que tipo de resposta é essa garota? Tome juízo, pare de bancar a adolescente e se comporte como uma mulher de vinte seis anos — transbordou em fúria.

Pronto, parei com o drama, basta esperar a sua resposta, algo que não demorou muito.

— Daqui a dois dias você voltará ao trabalho.

Claro que ele me mandou a mensagem para falar sobre trabalho. — A decepção foi eminente.

Você queria que ele falasse sobre o quê? — Novamente com esses questionamentos absurdos. Calada consciência intrometida.

— Sim — respondi sem ânimo.

— Você trabalhará como cuidadora dos meus filhos, provisoriamente.

Ele só pode estar de brincadeira! Sou capaz de esganar os seus filhos.

— Não — praguejei.

Respondi no automático, mas como nada é perfeito, ele não me respondeu e deixou por isso mesmo.

Aquele cavalo filho de uma égua, como ele pôde?

Levantei-me do sofá, jogando o celular em alguma almofada. Passei a mão na cabeça me descabelando ainda mais e, respirei fundo. Tenho certeza de que não poderá piorar, mas por precaução vou procurar outro emprego, não vou sobreviver um mês com aquelas crianças.

Quer saber? Vou dar uma volta para esfriar a cabeça. Espero que esse bairro não seja perigoso.

Peguei meu celular e saí da pensão.

Andei refletindo sobre a minha vida desgraçada. Como uma mulher de vinte seis anos, formada em administração com um mestrado em finanças, não conseguiu um emprego em uma área conceituada no mercado? Claro, isso só pode ser praga.

Após uma hora caminhando pelas redondezas decidi voltar para o meu covil da miséria. Ando pelas ruas com pouca movimentação por causa do horário, já que nesse período as pessoas que se situam na rua são aquelas que estão a caminho dos seus trabalhos, escolas ou faculdades, em sua maioria.

Quando estou prestes a entrar na casa, sinto ser observada. Olho para trás na intenção de ver algo, porém, não vejo nada de anormal. Deve ser coisa da minha cabeça, não há outra explicação.

— Bela, como está minha flor? Não sabia que estava acordada — falou Dona Linda vindo da cozinha.

— Bom dia, estou bem — pronunciei caminhando até a escada.

— As meninas devem estar se arrumando para o trabalho, se quiser, pode tomar o café agora, quando elas saírem você pode dormir.

— Não é necessário estou sem fome, obrigada. — Subi a escada apressadamente.

Entrei no quarto e me joguei na cama, enquanto as meninas estão agitadas pelo quarto, se arrumando.

— Aproveite a folga Bela, até — falou Lúcia saindo do quarto.

— Ela nem me esperou, ingrata! — disse Ângela vestindo a roupa.

— Ela não é atrasada como você. — Coloquei minha cabeça na almofada, rezando para que essa mulher saia logo daqui.

— Vá com esse mau-humor para o espaço Bela, já fui. — Saiu do quarto, mas voltou novamente. — Não esqueça de sonhar com o gostosão do chefinho. — Joguei o travesseiro nela, enquanto está saiu rindo.

Desgraçada, foguenta. Vai achando, nem penso em sonhar com o gostoso do meu chefe. Apaga, quis dizer com o meu chefe exigente. Foi isso que eu quis dizer, exigente e gostoso é quase a mesma palavra, com certeza.

Sacudi a cabeça e fechei os olhos para dormir.

Como a boca de Ângela parece que tem chiclete, pois, tudo o que ela fala acontece, sonhei com aquele pedaço de mau caminho. Em uma cena nada apropriada, é melhor nem falar, pois, não pretendo tomar outro banho, tentei me concentrar no sono para descansar.

Olá gente, espero que gostem, votem e comentem. Beijos...

O Chefe da MegeraWhere stories live. Discover now