Capítulo 26

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Antes que chegassem à margem do rio Aryen parecia que realmente lutara desesperada por sua vida. Nem Orfeu acreditava que ela pudesse ser tão convincente.

Ele olhava pasmo, com grande vontade de gargalhar, para ela descabelada, suja e com sangue seco por toda a extensão de seu corpo e rosto. Ele não conseguia acreditar que ela se arranhara e se machucara sozinha com tanto realismo. Ela realmente ignorava dor de forma espetacular.

Como ela faz isso?

Vendo-a no estado em que se encontrava, Jack e Brooke não duvidaram nem por um segundo da história absurda que ela lhes contou.

Depois de terminar sua deslavada mentira, ela pegou as folhas estranhas que recolheram dias antes e costurou uma faixa para usar nos seios enquanto costurava as costas de seu corpete. Não podia simplesmente mudar seu corpo se ia fingir que não tinha mais quase nenhuma magia.

Assim que o corpete estava pronto, ela pulou do barco para o rio, ainda vestida. Afinal estava imunda e suas roupas não estavam melhores. Pensou que talvez tivesse exagerado na performance, mas agora era tarde, precisaria se lavar e às roupas também.

Apesar de ter voltado ao barco, já vestida, notou que Orfeu olhava concentrado para o outro lado, ela riu.

— O que? – ele perguntou voltando seu olhar para ela que pingava água e só agora notando que ela não voltara nua.

— Nada! – ela respondeu olhando para ele divertida.

Apesar de Orfeu se parecer fisicamente com Aster e ter alguns dos mesmos pensamentos que tanto a incomodaram por dias, olhando suas atitudes podia notar também várias semelhanças de personalidade com Josh, Tellon e Darwil. Isso a deixou subitamente mais à vontade com ele.

— Não entendi nada agora. – ele franziu as sobrancelhas, confuso.

— Reconheci em sua timidez, muito de meus amigos vampiros Orfeu. – ela disse baixo a ele se aproximando, então completou – e ver isso me deixa mais calma.

— Por quê?

— Porque você se torna menos parecido com seu tio, portanto mais fácil de lidar.

— Meu tio não é assim?

— Nem de longe. E agora estou pronta para te dizer o que me incomodava em você. Por que ficava brava sem motivo aparente. – ela olhou nos olhos dele e continuou – várias frases que usa são as mesmas que ele sempre usou comigo, como se não bastasse você ser uma cópia fiel dele.

— Está brincando, certo?

Ela fechou os olhos e deixou Orfeu ver em sua mente Aster.

— Não acredito! – ele ofegou.

— Esse é seu tio. – ela disse simplesmente.

— Só agora entendo sua difícil situação. E isso torna minha infantilidade de dias atrás muito pior.

— Nem por um momento eu confundi você com ele Orfeu. Mas acho que agora entende o que lhe disse sobre lembretes.

— Certamente.

— Me desculpe por ser um pouco ranzinza com você em várias ocasiões sem que você soubesse o motivo disso. Só estava um pouco chateada – ela suspirou, então continuou – De todos os lugares no universo para onde ser sugada pela magia dimensional, vim parar justamente onde existe um duplo do homem que amo e do qual fui separada. Por um tempo isso me incomodou muito, mas você não tem culpa disso, portanto peço que me perdoe. – ela pediu sinceramente.

Batalha da AliançaWhere stories live. Discover now