Capítulo 38

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Com os meses correndo e toda a agitação fervilhante de preparação e planejamento das equipes ela conseguira deixar de lado seus sentimentos e ignorá-los. Era mais fácil assim, até a semelhança de Orfeu com Aster não a incomodava mais. Afinal ele a seguia tanto, impunha tanto sua presença, na esperança de que ela superasse logo o tio, que conseguira.

Realmente ela não se incomodava mais com a semelhança entre os dois. Podia diferenciá-los tão facilmente agora que não havia mais meio de isso a incomodar, Orfeu mostrara-se diferente de Aster em pelo menos uma dúzia de aspectos.

O fato de agora ele usar tatuagens mágicas no rosto, assim como todos os outros, que Somor disse se chamarem selos, ajudava muito, mas ela realmente não pensava em Aster. Se ele não queria vê-la, era uma opção dele e não havia o que pudesse ser feito, ele tinha esse direito, portanto ela conviveria com isso. Como sempre, tinha trabalho a fazer e não perderia tempo com sentimentos inúteis e pouco práticos.

Também não tinha tempo para se deixar pensar muito, devido aos constantes chamados, perguntas, requisição de atenção, brincadeiras, entre a infinidade de situações em que os aprendizes a colocavam. Por mais de uma vez esconfiou que Orfeu orquestrara isso, ele sabia de tudo que ela abrira mão, tanto por assumir o posto de Eros, como por mandar Allenya para MoonMur.

Ela não poderia se certificar dessa desconfiança vendo sua mente, porque não tinha acesso a ela. E também não gostava de estar na mente de todos o tempo todo. Conseguira com Somor um meio de ser avisada magicamente quando fosse necessário se atentar aos pensamentos de alguém. Agora somente ouvia o que realmente era importante, conseguira bloquear todo o resto.

— Ele não viu o convite chave! – afirmou Orfeu quando conversavam sobre a situação de seu pai.

Aryen lhe dissera que não podia simplesmente invadir a mente de Eros, não sabia o que ele ainda poderia fazer e isso podia ser prejudicial a ele, deixando-o irremediavelmente louco, portanto precisava que Aster lhe confirmasse que havia realmente algum desequilíbrio que não fosse já inerente a Eros.

— Não Orfeu, ele não o usou porque não quis. Primeiro seu tio é o ser mais poderoso e inteligente que conheço; Segundo usei aquela pulseira com ele por meses e recolhi amostras nas mesmas capsulas, ele conhece o equipamento; Terceiro meu sangue está limpo lá dentro, portanto o cheiro é diferente, é claro que ele notou.

— E acha mesmo que se ele soubesse usar a pulseira já não estaria aqui?

— Não se esqueça que Allenya está lá. É óbvio que não há realmente pressa agora.

— Ary ele não viu! Mesmo que tenha razão, o que duvido, dificilmente ele deixaria essa situação da forma que está sem uma chance de falar com você. – ele insistiu.

— Não há realmente o que falar, então por que o faria Orfeu? – ela exalou, não gostava de voltar a esse assunto, era óbvio o que acontecia e não precisava ficar lembrando.

— Porque eu não deixaria assim simplesmente. E ao que diz somos mais parecidos do que apenas na aparência.

— Obrigada meu amado amigo, mas não acredito que Aster fosse se preocupar como você, porque ao contrário de você, ele não se importa em se explicar ou com o que pensam a respeito dele.

— Eu também não me importo com o que pensam a meu respeito, mas me importo com o que você pensa. Por isso sei que ele também.

Aryen não sabia o que dizer e Orfeu notando isso continuou.

— Ary. – ele suspirou – Tive momentos de confusão sobre o que sentia em relação a você e por mais de uma vez a provoquei e a quis. Sabe disso, mas depois de tudo que passamos, percebi que considero você parte da minha família, gosto de ter você por perto, gosto da forma como pensa, como nos desafia, nos ensina. Não tenho mais qualquer dúvida, hoje você é minha irmãzinha sabichona e superinteligente e isso me faz pensar que Aster não a trocaria simplesmente.

Batalha da AliançaWhere stories live. Discover now