Canadense?

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Eu já não aguentava mais ficar deitada naquela maca, ontem ainda tive Callie pra me distrair, mas hoje, parece que nada pode me tirar desse tédio. Minha previsão de alta estava prevista para sábado e ainda era quinta, eu tenho dois dias condenada aqui ainda.
Parece que foi só pedir para sair do tédio que ele chegou, Stevie aparece na porta do quarto segurando algumas flores.

- Odeio flores.- digo assim que ele sorri pra mim.

- Que bom que eu não te perguntei!- ele adentra ainda sorrindo e coloca as flores no vasinho com água na mesa próxima à cama.

Stevie se sentou ao meu lado e me encarou e eu fiz o mesmo, passamos em torno de cinco minutos nos encarando, até Stevie decidir tentar tocar em mim, mas eu recuo e então a discussão começa, tudo sobre eu ser egoísta e marreta e como ele só estava querendo aproveitar nossos últimos dias e blábláblá, mas qual foi? Eu deveria ficar sabendo, caraca, ele vai embora e só Deus sabe quando vamos nos ver, ele não queria aproveitar o tempo, ele queria tirar o dele da reta, porque não sabia como dizer pra mim que ele iria embora antes mesmo de eu piscar os olhos.
E então, depois de uma hora e meia de briga, fomos interrompidos, o que foi ótimo porque eu já estava a ir pra cima de Stevie.

- Desculpa, eu volto depois...- diz Sebastian na porta.

- Não, está tudo bem!- digo antes que ele se vire.- Stevie já estava de saída.

Stevie sorri incrédulo com a minha ação e simplesmente sai andando quase levando Sebastian e a porta junto à ele.

- O clima está quente aqui...- Sebastian diz entrando.- e não é maliciosamente.- ele se senta.

- Sim.- dou risada.- E ai? como foi o jogo?

- Ganhamos, como sempre!- ele se gaba da melhor forma possível.

- Convencido.- sorrio.

Ficamos um bom tempo sem saber o que falar, um olhando pro chão e o outro pra porta, até Sebastian criar coragem e perguntar algo.

- O que aconteceu aqui?- ele pergunta olhando para o quarto todo.

- An?

- "Stevie já estava de saída..."- ele finge imitar minha voz.

- Ah... Ou! Eu não falo assim!

- Fala sim...- ele imita de novo.

- Babaca!- arremesso meu travesseiro nele que desvia e começa a rir.- Stevie vai embora.- digo ficando um pouco mais séria.- e brigamos porque ele só me contou agora e ele vai embora daqui uma semana e alguns dias.

- Hmmm, nada te impede de vê-lo ainda.- ele diz sem me olhar.

- Passagem pra Toronto tá caro!- faço careta.

- Mentira!- ele me olha incrédulo.

- O que?

- Você namora um Canadense?- ele ri.- Eu sabia que aquele sotaque me era bem familiar.- ele cai na gargalhada.

- Cala a boca, Hastings.- dou risada da sua empolgação.- mas então, como foi o jogo?

- Ganhamos!- ele diz calmo.- E você já me perguntou isso?- ele me olha confuso.- caraca, você está com amnésia!- ele diz surpreso.

- Sério?- encaro ele e ele balança a cabeça positivamente.- Isso não pode acontecer!- digo em desespero.- mas eu me lembro de tudo e...- Sebastian começa a rir muito, percebo então que ele estava zoando com a minha cara.- Você é um idiota, Hastings!

- Você tinha que ver sua cara...- ele se joga pra trás na cadeira.- "isso não pode acontecer."- ele continua rindo enquanto me imitava.

***

Sábado, 4:16 p.m.

Nada de interessante passa na tv, Callie não pode vir me ver e Judd nem se quer atende meus telefonemas, eu e Stevie não estamos nos falando, e bom, Sebastian não é uma opção de companhia para um filme, nem sei se ele sabe o que é um filme. O dia estava entediante, mas por sorte, eu estava com tédio no meu sofá e na minha casa. Eu havia recebido alta de manhã, plena sete horas da manhã, meus pais foram almoçar na casa de um casal de amigos depois de eu ter insistido e dito que não morreria. Depois de várias tentativas de ver algo bom, decido ir até o jardim, respirar um pouco de ar. Ando até a porta e pego um sobretudo, jogo-o por cima do pijama e saio.
O dia está ensolarado, mas o frio predomina, olho pras plantas e pro movimento da rua.

- Olá, querida.- me viro assustada.- Como você está? Sebastian me disse que você estava internada.- Dona Clarissa estava regando suas plantas enquanto me olhava.

- Oi, Dona Clarissa. Estou bem, bem melhor…- sorrio fraco.

- Que bom! Sabe que qualquer coisa que precisar pode nos chamar.- ela sorri gentilmente.- Sebastian pode ser esse ogro que você já viu, mas tem um grande coração.- ela ri.

- Claro…- dou risada.

- Soube que ele foi te visitar…- ela agora já tinha outro tom na voz.

- Ah, é, ele…ele foi na quarta à noite, ele foi só ver se eu estava viva…- digo sem graça.

- Ele disse isso?- ela sorri sem me olhar.

- Sim.- digo e logo ela me olha sorrindo.

Me despeço dela e entro em casa, vou até meu quarto e começo a arrumar as coisas bagunçadas em cima da escrivaninha.

- Ou.- ouço alguém dizer. Ando até a janela e logo vejo Sebastian.- Sabia que é feio ficar conversando com a mãe do seu vizinho gostoso só pra saber colher informações sobre ele?- ele diz calmo enquanto eu me perdia no seu corpo seminu.

- Você não tem blusa, não?. É porque eu tenho várias que devem servir em você, sério, eu faço doações…- digo indo até o armário.

- Babaca…- ele ri fraco e eu volto-me à ele.- Como está seu dia em casa, enferma?

- Isso foi bem ofensivo. Um tédio!- digo e sento-me na cadeira. Nossas janelas eram tão próximas que dava pra conversar como se ele estivesse lá dentro.

- Notícias do seu Canadense?- ele ri ao dizer isso.

- Não, eu não sei se devo falar com ele ou não…- olho para o celular em cima da mesa.

- Isso eu não posso decidir por você.- ele senta na janela.

- Liga pra mim.- finjo dar o celular pra ele. Ele me olha e revira os olhos como se não tivesse mais me suportando.

- Ae…- ele diz depois de um tempo em silêncio.- Seu namorado mora em um Iglu?- eu o encaro por um tempo e depois nós dois começamos a rir. (americanos costumam zoar que canadense moram em iglus devido ao Canadá ser perto de um polo, ou seja, neve o tempo todo)

- Você realmente é um preconceituoso!- eu digo ainda rindo.

Não me deixe irWhere stories live. Discover now