Seu segredo.

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Acordo com o bip exagerado do despertador. Faz um semana que não vejo Callie e Judd, conversamos poucas vezes por mensagem, já estou morrendo de saudades. Desço para tomar café e logo saio, adentro o carro jogando as coisas no banco de trás e vou para aula. Assim que chego vejo Judd e Callie encostados no carro, eles riam e conversavam sobre alguma coisa, parei o meu um pouco longe, já que não havia vagas mais perto. Corri em direção à eles e os abracei, eles se assustaram e então começaram a rir.

- Cara, você tá com pontos na cabeça!- Judd exclama quando percebe minha euforia.

- Não dói. Só às vezes.- faço um careta ao sentir uma pontada e depois começamos a rir.

Do outro lado, vejo Sebastian estacionar o carro e ir cumprimentar Jonathan, e então ele se encosta no carro e parece perceber que alguém está o observando, porque ele procura até seus olhos pararem em mim, e nessa hora, eu sinto uma grande sensação de deja vu, lembro-me da noite em que sai sozinha, do milkshake, de Sebastian saindo daquela esquina, a mesma de ontem à noite, do pó no chão. Mas por que? Por que ele faz isso? Ele é tão diferente, tão legal, por que ele precisa disso?. Me viro pra Callie e Judd e falo para eles que eu queria entrar já, eles então concordaram e eu olhei de relance para Sebastian que mantinha os olhos vidrados em mim.
A primeira aula foi um saco, a segunda, um lixo e a terceira, foi a junção das duas primeiras. O sinal do intervalo tocou e eu fui para o meu armário deixar os livros de biologia, encontraria com Judd e Callie debaixo da árvore daqui alguns minutos, ou talvez não. Assim que me afasto um pouco da porta do armário, apenas vejo um vulto a acertar em cheio, fechando-a, dou um pulo de susto e olho irritada pra quem é.

- Qual o seu problema? Tem fetiche por bater em postas de armário?- digo irritada para Sebastian.

- Eu tô falando, não conta sobre ontem pra ninguém!- ele diz me encarando.

- Sobre o que mesmo? Sobre ontem ou sobre aquele dia que...

Sebastian me pega pelo braço e abre a porta de uma sala com força, sua mão apertava meu braço e então meu corpo foi contra a parede, Sebastian estava tão perto que era possível sentir o calor do nervosismo de seu corpo, sentir sua respiração e detalhar como era a íris de seus olhos esverdeados.

- Carson, eu não to de brincadeira!- ele diz quase que em um sussurro.

- Vai me ameaçar que nem fez com aquele babaca?- pergunto com raiva do que ele estava fazendo.

- Não!- ele exclama.- claro que não.- ele me solta e se afasta.

- Porque é o que tá parecendo!- digo.- Qual foi, eu sei o está acontecendo.- eu me arrisco tentando arrancar algo dele.

- Não.- ele ri.- Você não sabe nem a metade.- ele diz indo até a porta. Seguro seu braço antes que saía.

- Por que você está fazendo isso?- pergunto. E então ele se solta e sai andando me deixando sozinha com as minhas trezentas e uma dúvidas sobre quem ele era.

***

O dia estava um incrível saco, Callie não pode vir aqui em casa, pois teria que ir as compras com à mãe e Judd sairia com Stevie já que essa é sua última semana aqui. Deixo meus pensamentos voarem até Stevie e sinto meu coração se apertar. Antes que eu possa me aprofundar nesses pensamentos, sou tirada deles quando ouço barulho de uma ambulância muito próxima, vou até à janela e vejo Dona Clarissa sendo tirada de dentro de casa em cima de uma maca, pego meu celular e desço as escadas correndo, saio e corro até o jardim, Sebastian estava no celular com alguém, ele me olha e logo entra na ambulância junto à ela. Volto para casa e pego as chaves do carro, isso não podia estar acontecendo!
O caminho todo até o hospital, penso em como as Dona Clarissa parecia bem e feliz ontem, penso nos seus olhos radiantes e na sua simpatia e gentileza, deixo algumas lágrimas escorrerem enquanto tento imagjnar o que vai acontecer com ela, assim que chego no hospital, entro pela porta da frente a procura de Sebastian, é então que vejo os paramédicos correndo com ela pelos corredores e um segurança barrando Sebastian que insistia e discutia com ele. Me aproximo dos dois e toco no braço de Sebastian, que para o que está fazendo para olhar para trás, eu puxo seu braço e o abraço com toda força, mas não sinto-o fazer o mesmo.

- O que você está fazendo?- ele diz abafado entre meus braços.

- Te consolando. Abraços sempre ajudam.- digo.

- Eu não preciso do seu consolo.- ele solta meus braços de seu pescoço e me afasta.

O meu olhar cai totalmente e meu rosto de indignada era bem visível, à minha frente Sebastian mantinha sua postura e seus olhos fixados à mim. Eu não acredito no que ele fez, penso comigo mesma. Minha maior vontade naquele momento era de bater tanto nele e o xingar. Eu me importava com ele e com sua mãe e ele simplesmente me diz isso? Qual é a desse garoto? Ele é um grande idiota.

- Eu nem sei porque vim aqui.- digo enquanto me virava.- quer saber? eu sei sim!- viro.- eu vim pela dona Clarissa, ninguém merece ter o filho que ela tem.- digo deixando à raiva me consumir.

- Vai embora daqui.- ele diz ainda calmo. Seus olhos brilhavam mais do que o normal, talvez se eu não estivesse ali, Sebastian cairia no choro igual um neném chorão, mas eu sabia na minha frente ele não faria isso.- Sai daqui, Mellory, vai embora!- ele diz com a voz meio trêmula e com raiva.

Volto a me dirigir a porta, mas antes olho para trás e vejo Sebastian sentado no banco de espera de cabeça baixa.
Talvez agora seja a hora da culpa me consumir por eu ter dito aquilo, talvez Sebastian não era realmente um bom filho, mas ele era o que Clarissa tinha, e ele tentava ser melhor, mas do jeito dele, mas nunca ninguém via sua tentativa de melhora, porque sempre fora mais fácil critica-lo, do que tentar elogiar uma mísera coisa que ele possa ter feito.

Não me deixe irWhere stories live. Discover now