É hora de partir.

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Duas semanas depois…

Sebastian

Era difícil, faziam duas semanas que eu não pisava o pé fora de casa, se eu não estou dormindo, estou cheirando ou fumando, só para vê-la. Aquilo estava me matando, eu não aguentava mais não poder tocar ou abraçar ela, eu queria tê-la aqui comigo. Eu estou cansado, nada faz sentindo. Daqui uma semana as aulas voltam, e três meses depois, faculdade. Ela ia me ajudar a escolher algo, iamos juntos ver a faculdade e o lugar.
Levanto do sofá e olho ao redor, a casa estava toda suja, e eu pior ainda. Qual é a graça de viver quando não se tem mais nada?, penso enquanto vou ao banheiro. Olho-me no espelho. Vazio, é isso que penso ao me olhar. Decepção, é isso que deixei de lembrança antes da minha mãe ir. Monstro, foi isso que fui a duas semanas atrás e em outras várias vezes com Mellory. Soco o espelho cortando minha mão, seguro-a mas deixo que o sangue escorra. Por que? Por que alguém um dia tentaria me amar como minha mãe? Se nem meu pai que tem meu sangue consegue, quem dirá outra pessoa. Eu não tenho futuro. Não adianta eu querer me esconder atrás desse babaca estupido que se acha um cara fortão e impõe medo. Tudo isso não passa de fachada para esse idiota aqui.
Acendo o esqueiro e trago. Ando até o quarto e fecho as cortinas. Sento-me no chão e deixo-me levar pelas fumaças que saem da minha boca.

- Filho?- ouço a voz da minha mãe e abro os olhos assustado.

- Mãe?- digo a procurando.

- Aqui, querido.- olho pro lado e ela está sentada ao meu lado.

- Não, não.- a encaro.- isso não é real, você morreu.

- Calma.- ela segura meu rosto.- Você está assustado. Sou eu, meu amor.

- Para! E-eu não… Eu te enterrei.- levanto assustado.

- Mas eu voltei por você…- ela se levanta.

- Como assim?- digo confuso.

- Vim te buscar, meu amor. Venha comigo!- ela se aproxima.

- Ir pra onde?- arregalo os olhos.

- Pra onde você quiser.- ela diz e desaparece.

- Não, não, não!- grito e procuro o pó.

Uma, duas, três cheiradas e nada. Mais um e mais uma. Eu já perdi as contas de quanta droga já usei, pego a garrafa de vodca e viro de uma vez. Tudo gira ao meu redor, eu não consigo fixar minha visão.

- Sebastian?- ouço a voz de Mellory e algo embaçado está a minha frente.

- Melly?- digo tentando toca-la.

- Vem, cara! Arremessa você consegue!

- Jonathan?- procuro por ele.

Minha cabeça dói, meu corpo todo dói. Eu não paro de tremer, estou soando e minha visão está turva. Pego a garrafa da mesa e dou mais um gole indo para o quarto.

- E ai, filhão? Pronto para ver mais um jogo dos Lakers?- ouço meu pai da sala.

- Pai?- olho pra trás e ele me encara com a camisa dos Lakers.

- Olha o que eu comprei pra você.- ele me dá uma camisa.

- Minha blusa original e autrogafada dos Lakers.- digo ao pegar.

- Meu amor.

- Mamãe?- olho para o quarto aonde vem sua voz.

Ela está deitada em sua cama e logo desaparece, corro até a cama e não consigo mais vê-la, finalizo a bebida e então a vejo mexendo no armário. Meu peito começa a doer fortemente. Deito-me na cama enquanto gemo de dor, estou com febre, estou soando como se tivesse corrido uma maratona. Minha respiração começa a falhar e eu entro em pânico.

- Mãe, mãe, mãe!- grito na cama.- E-eu n-não tô c-conseguindo respirar.- digo ofegante.

- Calma, meu amor.- ela senta ao meu lado.- Está tudo bem, você só esta indo.- ela passa a mão em meus cabelos.

- Como assim?- eu começo a chorar em desespero. A dor aumenta e a dificuldade também. Tento levantar mas ela me impede.

- Ela estava certa, você iria assim.- minha mãe se levanta.

- Ela quem?- a encaro em pânico.

- Mellory. Ela tentou te ajudar, mas você não quis.- ela anda pelo quarto.- Torci para que cedesse, mas você não a deixou te ajudar, então a última coisa a se acontecer era sua morte.

- E-eu vou morrer?- digo.

- Desculpa, querido.- ela sorri.

Pego meu celular com dificuldade no bolso e então entro no contato da Mellory, antes que eu possa ligar para ela, perco a força da mão. Olho sua foto do dia da praia e rezo para voltarmos aquela manhã. Meus olhos reviram-se sozinho. O que está acontecendo?

Não me deixe irWhere stories live. Discover now