Dia do enterro.

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Arrumo a gravata de Sebastian antes de ele entrar na igreja. Todos estão aqui, Callie e Judd, meus pais, Antony, Jonathan e os pais, mais algumas pessoas que não conheço. Entramos na igreja e sentamos na primeira fileira. Jonathan, Sebastian, eu, Callie e Judd. Ouvimos a pregação do padre e todas os versículos dedicados. Olho para Sebastian e vejo seu rosto se contorcendo, como se segurasse ao máximo as lágrimas, pego sua mão e então ele me olha surpreso, eu sorrio sem mostrar os dentes para ele e entrelaço nossos dedos. O padre anuncia o nome de Sebastian no microfone para homenagear a mãe e então seu corpo todo enrijece, ele me encara e eu sorrio, ele então se levanta e solta minha mão, sobe até o padre e o cumprimenta
O padre se retira deixando apenas Sebastian no pequeno palco. Era perceptível o nervosismo de Sebastian, ele demora um pouco para falar.

- Obrigado. Obrigado à todos que vieram, sei que ela provavelmente deve estar bem feliz em ver alguns rostos aqui.- ele fala sério e encara o pai logo atrás de nós.- Clarisse Dan Hastings, minha mãe.- ele sorri.- minha perspectiva de mulher. Ela foi meu maior exemplo de coragem e amor.- ele diz sério.- quando eu tinha 7 anos, lembro-me de vê-la chorar por conta do meu pai...- ele encara Antony novamente.- eu não sabia o que fazer, eu estava em pânico, porque eu estava vendo a mulher da minha vida chorando por causa de alguém que a largou.- ele sorri debochadamente.- e naquele dia eu pedi para Dona Doroty fazer cookies para eu dar à ela, e quando cheguei com os cookies ela sorriu, e o sorriso dela...- ele sorri junto ao lembrar. Seu sorriso era igual o dela.- o sorriso dela era a minha maior vitória, e naquele dia eu jurei nunca a abandonar. Eu cumpri, mas da pior maneira, eu não soube como lidar com ela e eu errei, mas mesmo com todos os meus defeitos, ela nunca deixou de me amar e eu a amo por tudo o que ela foi e por tudo que ela sempre vai ser para cada um aqui.- ele deixa uma lágrima escorrer e joga umas flores e um papel amassado dentro do caixão.

Ele sai do palco e não volta para seu lugar na primeira fila. Lembro-me do sonho e corro até o segundo andar da igreja, e lá estava ele, chorando, igual ao sonho.

- Não, por favor, saí daí!- grito em pânico.

- Mellory?- ele se assusta.

- Vem aqui, saí daí!- digo fazendo sinal para ele se aproximar de mim.

Ele, sem entender nada, vem em minha direção e então eu o abraço, eu o abraço tão forte que ouço ele resmungar.

- O que tá acontecendo?- ele diz me afastando um pouco.

- No meu sonho, você se jogava.- digo chorando.

- Calma, eu não vou me jogar.- ele diz rindo e segurando meu rosto.

- Que seja, só... fica aqui!- digo irritada e volto o abraçar.

***

Todos estão em sua casa. Parentes distantes e não tão distantes, sua tia havia organizado tudo sem ao menos dizer a Sebastian. A casa estava lotada. Fico com Callie e Judd conversando. Vejo Sebastian pegando um pouco de refrigerante e jogando um pó dentro. Digo para Callie que já voltava e ando em direção à ele.

- Me dá!- estendo a mão.

- Te dar o que?- ele diz se fazendo de desentendido.

Pego o copo com a bebida e jogo na pia. Ouço ele reclamar e vir até mim.

- Me dá, Sebastian!- exijo. Ele me encara irritado.- Quer que eu pegue de você? Ou que dar numa boa?- digo brava. Ele então revira os olhos e tira um saquinho do bolso.- Qual foi? Você disse que ia ao menos tentar! Eu não posso ficar 24 horas por dia vendo o que você faz!- encaro ele. Ele me puxa pro quarto e fecha a porta.

- Está falando alto demais!- ele briga comigo.

- Ah! Que bom!- exclamo.- espero que alguém tenha ouvido para te quebrar na porrada.- digo brava e vejo ele rindo de mim.- o que?

- Me quebrar na porrada?- ele ri mais ainda.

- É, por que?- cruzo os braços.

- Ela uma vez me ameaçou assim também, sabia?- ele diz parando um pouco de rir.

- Ela?- pergunto sem entender.

- Minha mãe.- ele muda totalmente a feição.- ela dizia que contaria para meu pai e pediria para ele me dar uma surra.

- Por que ela não fez isso?- dei de ombros.

- Porque ela sabia que eu bateria nele também.- ele ri e senta na cama.- e eu só tenho 18 anos, ele não aguentaria.- ele ri e eu rio junto

- Tem razão, por mais que seu pai esteja em forma.- digo.

- Ou!- ele me zoa.- mais respeito, pervertida.- eu dou um tapa em seu braço e começamos a rir.- Sinto falta dela.- ele abaixa a cabeça.

- Eu sei.- encosto meu queixo em seu ombro.

- Eu não faço ideia de como as coisas vão ser daqui pra frente.- ele ri de leve.- talvez minha tia queira vir morar comigo, ou meu pai me leve para morar com aquela famíliazinha mais ou menos dele.- ele diz com raiva.

- Relaxa.- digo.- daqui você não sai.- brinco.

- Ah é? Como sabe?- ele me olha com um sorriso torto nos lábios.

- Porque você tem 18 anos, tem escolhas que já pode tomar.- dou risada ao ver que não era isso que ele queria ouvir.

- Você é uma ridícula, sabia?- ele ri e balança a cabeça.

- Eu? por que?- provoco-o. Ele fica em silêncio por um tempo ainda sorrindo

- Por que, Carson?- ele se aproxima.

- Por que?- pergunto. Sinto sua respiração chocar contra a minha pele.

- Porque é tão boa comigo, depois de tudo que eu fiz com você.- ele aproxima seu rosto.

- Talvez, eu seja teimosa.- sorrio, fazendo-o rir.

- Que ruim.- ele diz.

- Que ruim, por que?- pergunto.

- Porque eu também sou.

Sinto seus lábios prensarem os meus, e sua mão tocar minha cintura, enquanto a outra fazia eu deitar sob a cama. Ele me beijava como se aquela fosse a única coisa que ele pudesse fazer. Sinto seu perfume forte e percorro minhas mãos sobre seu cabelo, bagunçando-o. Sebastian desce o beijo para meu pescoço, fazendo-me revirar os olhos. Que droga, garoto. Ele pressiona meu corpo contra o dele e sinto o calor entre ambos, é quando eu paro o beijo.

- Tem um enterro acontecendo.- digo o olhando.- não é falta de educação se pegar no quarto?- pergunto.

- Tem razão.- ele sai de cima de mim. nãooo.- Vamos pra lá.

Ele se ajeita e eu faço o mesmo. Ele então abre a porta e se depara com Antony indo bater, penso duas vezes antes de sair do quarto, mas então vejo que Sebastian estava calmo o suficiente para ter uma conversa civilizada, mas me manteria por perto, ele era imprevisível.

Não me deixe irWhere stories live. Discover now