Novo papai na área.

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- Como assim ele te deu só um selinho?- diz Callie pulando na cama.

- Pois é, ele apenas apertou meus lábios.- eu digo gesticulando.

Explico tudo para Callie. Depois da aula, fui pra sua casa, amanhã e sexta será feriado e então meus pais decidiram ir visitar a vovó no Sul, enquanto isso, fiquei com Callie. Contei porque não apareci ontem na aula e pergunto sobre Judd que anda sumido desde a ida de Stevie para o Canadá. Falando em Stevie, conversei com ele, e as coisas parecem estar indo quase que bem, quero dizer, eu expliquei o que aconteceu e ele pareceu compreender.

- Jonathan disse que passaria hoje lá para ver como Sebastian estava.- ela disse olhando para o celular.

- Jonathan?- exclamo sorrindo.

- Sim, eles não são melhores amigos?- ela se faz de desentendida.

- Jonathan, Callie?- dou risada.- você e Jonathan?- dou um pulo na cama e ouço Millie latir, sua cachorra.

- Não!- ela indaga.- só saímos juntos uma vez e…

- E?

- E dormimos juntos.- ela faz uma careta.

- O que?? Você está louca?- exclamo.

- Não, estava bêbada, nós dois!

- Mas Callie…

- Eu sei, eu sei.- ela se jogou para trás deitando na cama.- isso foi tolice e irresponsabilidade, mas nós conversamos depois disso.

- E o que ele disse?- deito ao lado dela.

- Disse que estava tudo bem e que não contaria à ninguém, caso eu não quisesse. E também perguntou se eu tomei a pílula.

- Você tomou?- a encaro.

- Claro!- ela diz como se eu a tivesse acusado.

- Humm… Que bom!- ficamos em silêncio olhando para o teto.- mas então, ele é bom de cama?- pergunto zoando.

- Melly!- exclama envergonhada.

- A qual foi...- me sento na cama.

- Ele é um deus...- diz e começamos a rir.

Callie se levanta para ler a mensagem que acabara de receber, Judd perguntou se podia passar na casa dela, ela apenas disse sim e descemos para espera-lo. Judd anda tão estranho e mal sabemos o que é, ele parece nos evitar, nem aparece nos intervalos de baixo da árvore ou nos fins das aulas. Ouvimos a campainha e então dona Méri, a empregada de Callie, atendeu, deixando Judd entrar, ele estava com cara de quem não dormia à dias e então se sentou no sofá com a gente, no começo ficamos em silêncio, mas aquilo já estava me deixando louca.

- Ok, já que ninguém vai falar nada, eu falo.- sento-me de frente pra ele.- O que aconteceu?

- Tá tão na cara assim?- ele faz uma careta.

- Sim, você está horrível!- responde Callie e eu a olho repreendo.- Desculpa…

- Eu dormi com a Olivia Parks.- ele diz rápido.

Olivia Parks, garota nerd do segundo ano, fica sempre na dela, mas de uns dias para cá deu a louca, saí para festas e bebe todas.

- Ah, sério?- exclama Callie.- e eu dormi com o Jonathan.- ela ri e da de ombros. Callie as vezes conseguia parecer ter 5 anos de idade. Reviro os olhos e volto a olhar para Judd.

- Mas qual é o problema? Vocês se preservaram, não é?- digo o olhando, mas tava na cara a resposta.- Ah não, Justine Dilan!- grito.

- Não me chame de Justine, é um nome terrivelmente feminino.- ele briga comigo.- não sei o que deu na cabeça da minha mãe!- ele diz irritado.

- Você já sabe se ela está gravida?

- Diz ela que vai fazer o teste, mas que acha que não está.

- Não importa o que ela acha!- me levanto.- caraca o que vocês tem na cabeça?

- Foi um deslize!- indaga.

- Aparecer com um barrigão e com um ser vivo na barriga também é deslize?- digo irritada.

- Pega leve, Melly.- diz Callie.

- Desculpa, é só que…

- Sou novo e imaturo pra ser pai e isso acabaria com a minha vida acadêmica. Tá, tá, já entendi.- Judd diz parecendo uma criança depois de levar bronca dos pais.

- E além disso, somos novas demais pra ser tias…- digo para descontrair, enquanto me sento ao seu lado.

- Eu seria uma tia legal!- Callie diz.

- Cala boca, Callie!- eu e Judd falamos em uníssono rindo.

***

Estava adentrando o hospital quando vi Jonathan discutindo com a recepcionista por não deixa-lo ver o amigo, vou até eles e digo à ela que ele está comigo, no começo ela não quis liberar, mas com um bom papo, ela disse que o daria meia hora, fomos até o quarto 62. No caminho, Jonathan ficava me agradecendo e tudo mais. Assim que entramos Sebastian estava jogado na poltrona com a mão segurando a cabeça, sua cara não era nada boa. Jonathan foi até ele e o mesmo levantou para abraçar o amigo, depois ele me olhou e apenas me deu oi de longe, o que me deixou nervosa, já que havíamos nos beijado, se é que aquilo pode ser classificado como um beijo. Sebastian nos conta que a situação de sua mãe vai de mal a pior, ela já não respira mais sozinha e acorda de vez em nunca, teve uma parada cardíaca e os médicos não querem à operar devido à fraqueza isso faria com ela morresse antes de conseguirem ressecar os tumores, e então nos falou que ela teria meses, semanas ou talvez dias. Isso foi como um tiro pra mim, e era visível a dor que Sebastian sentia pela mãe, por mais que tentasse esconder, aquilo o perturbava. Jonathan teve que se despedir depois da recepcionista o chamar, disse que voltaria e que poderia chama-lo caso precisasse de algo. Ao sair perguntou se eu iria, mas disse que ficaria mais um pouco. Assim que Jonathan foi embora, olhei para Sebastian que fazia o mesmo.

- O que acha de irmos na cafeteria aqui na frente?- pergunto. Ele mexe a cabeça positivamente e se levanta pegando a jaqueta.

O caminho todo - não que tenha sido longo - ele foi em silêncio e eu fiz o mesmo, quando sentamos na mesa, pedimos nossos cafés e ficamos em silêncio até os mesmos chegarem. Sabia que se eu não perguntasse sobre ontem, ele não diria nada. Mas como faria isso, não tenho a menor ideia.

- Sobre ontem…- digo mexendo o canudo e sem olha-lo.

- Não precisa falar disso, se não quiser.- ele diz seco.

- Não, eu quero.- recomponho-me.- Por que fez aquilo?

- Não sei. Desculpa, eu não estava pensando direito…

- Tá tudo bem, eu só achei que…

- Olha, Carson.- ele me interrompe.- me desculpa, talvez tenha sido a pressão, o impulso, o fato de eu não estar legal com o lance da minha mãe, eu nem ao menos gosto de você dessa maneira…

Eu nem ao menos gosto de você. Eu nem ao menos gosto de você. Eu nem ao menos gosto… Então é isso, você me dá uma bosta de beijo e me vem com essa? Qual o seu problema, garoto? Você é o maior babaca da face da terra Sebastian Hastings e a minha maior vontade é de socar essa sua cara perfeitamente linda.

- Está tudo bem, você tem razão, deve ter sido impulso…- sorrio amarelo e tomo um gole do meu café.

Minha maior vontade era de sair correndo dali, mas não, não vou deixar ele achar que isso me afetou.

Não me deixe irWhere stories live. Discover now