Capítulo 8

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Após alguns segundos olhando para o chão enquanto aguardo e ainda sentindo o calor do álcool em minha garganta, Tom abre a porta segurando uma long neck de Heineken usando uma de uma jaqueta de couro preta sobre um moletom de capuz amarelo-mostarda e uma calça jeans.

"Tom fica bem de amarelo. Tom realmente fica bem de amarelo." – penso, incrédula.

— Ah, olha quem veio, se não é a vizinha de cima! – sorriu Tom, ajeitando seu cabelo.

Acompanho o olhar de Tom que, começando dos meus pés e subindo, param na garrafa que exibo orgulhosamente em meus braços, tal como um troféu.

— E veio acompanhada! – apontando para a garrafa – Vem, entra! – convida Tom, praticamente me puxando pelo braço.

Da última (e única) vez que estive nessa sala, eu não fazia ideia de que ela era capaz de concentrar tanta gente. Consegui contar pelo menos umas 15 pessoas dentro da sala, além das pessoas que estavam no quintal de trás, que sempre faz parte da propriedade do morador do andar térreo. Do lado de fora, os fumantes se reuniam para conversar e algumas pessoas jogavam beerpong animadamente.

— Uau! Isso aqui já tá fervendo! – digo, sorrindo – Trouxe isso aqui pra você. É cachaça, um destilado lá do Brasil.

— Valeu, Cecília! – disse Tom, admirando a garrafa – E como se bebe isso?

— Puro, como se fosse vodka. Ou você pode fazer drinks com ela também. Mas essa envelhecida é bem saborosa, ela pura já é o bastante.

— Bom, não vou ser mal-educado então! – Tom buscou rapidamente dois copos de shot no balcão da cozinha, tomada por potes e mais pots de snacks, os encheu e entregou um pra mim. – Cheers!

Saúde! – brado, erguendo meu shot e brindando com o de Tom.

Ambos viramos nossos shots e eu olho fixamente para Tom esperando sua reação. A julgar pelos olhos arregalados e um quase rugido, Tom não esperava ser uma bebida tão forte, e nada me restou fazer a não ser tirar sarro da situação.

— Ah, Tom! Não é tão mal assim... Se você esperar um pouco, fica até docinho. – digo às gargalhadas, as bochechas já corando.

— Wooooow! Não é tão mal?! – Tom arregalou os olhos, ainda bufando – Isso aqui é pior que vodka! Como você aguenta?

— Digamos que são alguns anos de experiência... – digo, como quem se gaba.

— Ok, vamos deixar essa garrafa aqui por enquanto... – disse Tom, repousando a garrafa com cautela sobre o balcão, quase como se estivesse com medo – Ah, antes de qualquer coisa...

Tom mais uma vez me pega pelo braço e me leva até uma espécie de cesta que estava perto de sua porta, repleta de celulares etiquetados com o que pareciam ser os nomes de seus donos.

— Nas minhas festas não entram celular! Você trouxe o seu? – perguntou Tom, já estendendo a mão para pegar o meu.

— Trouxe sim, mas... por que isso? – cruzo os braços, a sobrancelha arqueada.

— Isso foi algo que aprendi logo nas primeiras festas que frequentei em Hollywood. Primeiro que obriga todo mundo a se desconectar e a realmente interagir e aproveitar o momento. Segundo que, se ninguém tiver a posse das câmeras nada sai do controle. Mesmo que as coisas saiam do controle, se é que me entende. – Tom ainda mantinha a mão estendida.

— Parece prudente. – dou meu braço a torcer, colocando meu celular no modo avião e entregando para Tom.

— HEY, TOM! VOCÊ PRECISA ESCUTAR ISSO! – gritou um rapaz forte e meio ruivo, do outro lado da sala, enquanto gesticulava para Tom se aproximar.

Waiting at your doorstep | Tom HollandWhere stories live. Discover now