Capítulo 28

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Acordo às 06h20 da manhã ao som do meu terceiro despertador programado. "Só mais cinco minutinhos pelo amor de Deus..." – imploro para mim mesma em meus próprios pensamentos.

— Qual é, garota! Vai levantar ou não?! – Halima surge como uma ventania dentro do meu quarto e escancara as cortinas abertas, para o desespero das minhas retinas que tinham que lidar subitamente com toda aquela claridade queimando-as – A gente vai se atrasar pra aula!

Hmnhpfmh... – resmungo, minha cara enterrada no travesseiro, em negação.

— Anda que eu não tenho paciência pra te ver nesse baixo astral aqui! – cada palavra que ela dizia era alternada com uma palma ruidosa e logo em seguida sinto meu edredom ser arrancado de mim.

— Aaaaaaah! Porra, Halima! Parece até a minha mãe! – reclamo, aumentando meu tom de voz e esfregando meus olhos, já que minha única opção parecia realmente ser a de levantar e viver o meu dia.

— Isso, levanta logo que eu tô fazendo café da manhã pra gente! – minha amiga finalmente vira as costas para deixar o meu quarto e só agora percebo que ela tinha, pendurado em seu ombro, um pano de prato.

Solto minha cabeça de novo no travesseiro e me preparo psicologicamente para um novo dia por alguns instantes. Me arrasto até a minha cabeceira, onde meu celular já estava quase caindo no chão por conta das vibrações do despertador que ainda tocava.

Ao navegar pelas notificações que chegaram pela madrugada, vejo que há uma mensagem no grupo de Tom e seus amigos, no qual eu tinha sido adicionada tempos atrás, ainda na França. Haz havia enviado algum meme genérico, após dias de silêncio no grupo. Com certeza os amigos de Tom já souberam o que aconteceu e o clima ficou esquisito... Talvez eles até já tivessem feito um novo grupo sem mim, o que seria perfeitamente compreensível, na verdade. "É... eu acho que não tem mais lugar pra mim aqui." - reflito, acompanhada de uma respiração profunda.

Cecília saiu do grupo

Em um salto, saio da cama em direção ao meu banheiro. Ao debruçar minhas mãos sobre a pia, me encaro no espelho: minhas olheiras continuam escuras, mas não tão profundas quanto antes. Aquela foi a primeira noite completa de sono que havia tido desde a briga com Tom. Com certeza a presença e o apoio de Halima foram fundamentais pra que as coisas começassem a melhorar, embora ainda doa... "Por que ele não acredita em mim?!" – sinto meus olhos marejarem - "Por que eu desisti tão fácil de alguém que eu..." – os músculos do meu pescoço enrijecem e meus lábios se contraem – "gosto.".

Eu sabia que Halima me esperava na sala e que eu deveria me apressar se não quisesse que nos atrasássemos. Um banho rápido sem que eu ao menos lavasse os cabelos foi o suficiente para que eu terminasse de despertar antes de me vestir em uma calça verde militar, com uma camiseta preta com mangas compridas e um sobretudo caramelo. Nos pés, um coturno preto.

— E aí, já descobriu alguma coisa? – chego na sala em direção a Halima, que estava sentada concentrada olhando seu notebook e segurando sua caneca de chá e dou um beijo no topo da sua cabeça.

— Eu falei que tentaria descobrir. – Halima ergueu os olhos até mim, enfática. – A verdade é que eu não sei nem por onde começar...

Enquanto deixava meu chá em infusão e separava algumas panquecas em um prato, sinto meu celular vibrar no bolso do meu casaco.

Haz

"Cecília!"

"O que houve?"

"Por que você saiu do grupo?"

Cecília

"Bem..."

Waiting at your doorstep | Tom HollandWhere stories live. Discover now