Epílogo: sob a sombra do cedro

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Cecília, me ajuda com essa gravata, pelo amor de Deus! – ouço a voz de Tom se aproximando de mim enquanto sai do banheiro em direção ao quarto da pequena cabana da pousada onde estávamos acomodados para o casamento de Halima em Halat, no Líbano.

Se tem uma coisa que eu sabia com certeza era que Tom, definitivamente, não tinha problema algum com gravatas. Ele já estava habituado e tinha habilidade com elas, sobretudo depois de tantos red carpets. Acho que toda essa mise-en-scène de pedir ajuda com ela era aquele pretexto pra ter aqueles pequenos instantes de proximidade, cuidado e carinho, assim como cresci vendo meu pai fazer com a minha mãe. Os ciclos se repetem.

— Eu não sei muito bem se é assim mesmo... não tenho muita experiência com gravatas-borboleta. – me aproximo para um selinho rápido em seus lábios, ajeitando seus suspensórios no lugar. – Halima devia ter dado um curso sobre isso antes de impor essa roupa pros padrinhos...

— Não se preocupa, tá perfeito! – Tom sorriu, embora eu soubesse que logo ele iria para a frente do espelho ajeitar a gravata. – A propósito, você tá linda!

— Você achou? – ajeito meu vestido cor de salmão – Não acho que eu fique bem com essa cor... mas Halima pediu, né... Não tinha nada que eu pudesse fazer.

— Cecília... – ele levantou meu rosto segurando-o pelo meu queixo, me olhando de maneira séria – Para de encontrar defeitos e só acredita na minha palavra! Você. tá. linda.

Eu mal podia acreditar que mesmo depois de tanto tempo eu ainda sentia meu rosto corar com qualquer elogio que Tom me fizesse. Me aproximo para outro beijo em seus lábios e logo fomos interrompidos por algumas batidas apressadas na nossa porta, seguidos por uma voz feminina esganiçada que dizia coisas em árabe, de maneira obviamente incompreensível para nós.

— Acho que é a cerimonialista mandando a gente ir lá pra fora... – sorrio, encolhendo os ombros. – Vamos?

— Hm... vai indo na frente que eu...

— Vai ajeitar a gravata, né? – coloco minhas mãos na cintura.

— N-não! Eu vou só passar perfume antes de sairmos! – Tom arregalou os olhos.

— Mais? – ergo as sobrancelhas, debochada.

— S-só me espera, tá legal? – Tom dirige passinhos apressados em direção ao banheiro, enquanto não consigo me conter de rir da sua dissimulação.

Do lado de fora, precisava ser cautelosa para não torcer meus tornozelos nas pedras arredondadas que pavimentavam o pátio a céu aberto da pousada onde estávamos. Tudo estava ornamentado com inúmeras lâmpadas incandescentes dispostas em vários fios sobre algumas fileiras de cadeiras à volta de um largo corredor, cercado por flores-mosquitinho e alguns lírios. Ao fim do corredor, um pergolado de madeira semi-coberto por heras e mais lírios protegia uma espécie de altar. Como uma perfeita moldura para esse cenário pitoresco, ao fundo estava o mar mediterrâneo, soprando uma brisa muito bem-vinda naquele fim de tarde quente e ensolarado.

Enquanto os demais convidados aos poucos tomavam seus lugares, Tom e eu nos juntamos ao grupo de padrinhos que, guiados pela cerimonialista, se colocavam em formação para a entrada.

Após tomarmos nossos lugares e entrarmos, a atenção de todos é pescada por Labib, que fazia sua entrada de braços dados com uma adorável senhorinha, que dada a idade avançada, supomos ser a sua avó.

Em poucos minutos, violinos anunciam a chegada de Halima que, com uma coroa de flores adornando seus cabelos e de braços dados com seu pai e sua mãe, arranca sorrisos de todos os presentes. Não consigo conter as lágrimas que marejavam meus olhos enquanto a via se aproximar com um sorriso resplandescente de seu noivo. Seu vestido no estilo boho parecia dançar ao ritmo ditado pela brisa fresca do mediterrâneo.

Waiting at your doorstep | Tom HollandWhere stories live. Discover now