— Cecília, você realmente precisa de três conjuntos de biquíni? – Halima ergueu sua sobrancelha esquerda sentada na poltrona do meu quarto enquanto me assistia arrumar as malas para minha viagem para o Brasil, que seria no dia seguinte. – Você não vai ficar nem duas semanas por lá!
— Ai, sei lá! Eu posso usar um enquanto o outro conjunto seca! Não faz bem ficar andando por aí de biquíni molhado. – tento justificar minha incapacidade de arrumar uma mala, sem conseguir convencer nem a mim mesma dos meus próprios argumentos. – E aí, amiga? Tá animada pra voltar pro Líbano?
— Se eu tô animada? Eu tô é uma pilha de nervos! – Halima começou a agitar suas pernas – Esse pedido de casamento ainda vai me deixar maluca.
— Ai, Halima... – sento-me na ponta da cama, com o olhar cauteloso – Será que não seria bom você não criar expectativas? Sei lá... vai que o Labib só quer te contar sobre algo relacionado ao trabalho ou é só sobre algo que ele comprou?
— Ele não é nem louco de fazer isso comigo! – Halima esganiçou-se – Além do mais, a irmã dele me contou que ele anda pesquisando por alianças na internet então...
— Bom, se você tá dizendo... – dei de ombros – É que eu fico pensando que se fosse eu no seu lugar, eu negaria até o último momento minhas suspeitas pra não criar expectativas e acabar me decepcionando caso não seja isso mesmo.
— Aliás, falando em negar os sentimentos pra não se decepcionar... – Halima sacou uma lixa de seu bolso e começou a lixar suas unhas, despretensiosamente – Você pretende contar pros seus pais sobre Tom?
— Eu vou fingir que não ouvi isso, Halima! – protesto, por entre os dentes e os olhos semicerrados voltados para a minha amiga – Mas sim, eu pretendo contar pra minha mãe. Só não sei como.
— Ué, fala que você tá saindo com um carinha legal... que ele é o seu vizinho e que te trata super bem.
— É, mas como eu falo pra ela que o Tom é famoso? – pergunto, preocupada.
— Você pode colocar algum filme dele pra vocês assistirem, pausar em alguma cena com o Tom e falar: "Mãe, pai... conheçam meu namorado!" – ela começou a gargalhar.
— Credo, Halima! Tom nem meu namorado é! – começo a morder os cantos da minha unha, o semblante enfezado.
— Credo você, sua sem senso de humor! – Halima revirou os olhos, ainda sorrindo, e levantou-se para ajudar a dobrar algumas roupas que eu havia separado para colocar na mala – Então, mas justamente por ele não ser o seu namorado será que você precisa mesmo contar que ele é famoso pros seus pais?
— Bom... isso não é bem um detalhe sobre a vida de Tom, né? – respondi, enfaticamente, enquanto guardava na mala as roupas que Halima me entregava. – Na real isso é um ponto bem delicado entre nós...
— Eu sei que é, mas... bom, você não precisa abrir tudo pra eles agora.
— Você tem razão. – ponderei, sorrindo para a minha amiga – Até porque a minha mãe é bem fofoqueira. Quando eu era adolescente ela espalhou pro bairro inteiro quando eu dei meu primeiro beijo... Imagina só se ela soubesse que eu tô saindo com um cara famoso... – ri de nervoso.
Enquanto ríamos da minha desgraça, nossa conversa era interrompida pelo som estridente da campainha.
— Entra! – gritei de dentro do meu quarto, já imaginando quem era à porta.
— Entrando! – ouço a voz de Tom, simultaneamente a um estalo da porta batendo, seguido por seus passos se aproximando em direção ao meu quarto – E aí? Ainda tá ocupada com essa mala?
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Waiting at your doorstep | Tom Holland
Fanfiction[CONCLUÍDA] Aos vinte e poucos anos, Cecília decide ir atrás do seu verdadeiro chamado no velho continente em busca de sua paixão profissional. Deixou para trás família, amigos, namorado e a carreira que odiava para investir no seu bem mais precioso...