Capítulo 32

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Equilibrando o copo de gin tônica na minha mão enquanto tentava desviar das pessoas em busca de um pequeno espaço vazio pra dançar, deixo-me envolver pelo ritmo e pelas lembranças que aquela música me causava. Eu me sentia uma adolescente novamente. As luzes estroboscópicas piscavam freneticamente e, enquanto eu estava de olhos abertos, tinha a impressão de que as pessoas à minha volta dançavam em câmera lenta.

Eu mal podia acreditar na vida que eu estava vivendo. Estava seguindo meus sonhos de carreira em outro país, tinha feito amigos maravilhosos e tinha me livrado do Bruno que, embora não soubesse na época que o deixei, só viria a me fazer mal. Bem... também vivi uma história linda com um cara que eu com certeza nunca esqueceria. A cada batida da música e a cada gota de suor que escorria do meu corpo enquanto eu dançava, eu me sentia mais e mais leve. Eu definitivamente estava precisando de uma noite como essa.

Quando a minha música acaba, volto o meu olhar para o bar, onde a menina do cabelo rosa conversava com algumas amigas. Nossos olhares se cruzam por uma fração de segundos, até que ela o desvia e não consegue disfarçar um sorriso tímido.

"Ok... eu sei o que isso significa." - suspiro - "Mas eu não vim aqui hoje pra isso... Eu tô de boa, tô solteira, tô livre. Só queria dançar e me divertir..." - continuo a dançar, de olhos fechados - "Ou talvez ela só queira conversar... Pfff... quem quer conversar em uma balada, Cecília?!". Finalmente abro os olhos em direção ao mezanino, onde Halima acena quase que desesperadamente para chamar a minha atenção. Assim que percebe que eu a vi, ela gesticula com as mãos para que eu suba. Aceno de volta para minha amiga, pedindo para que ela esperasse um pouco. Ao voltar os olhos para o bar, já não encontro mais a menina do cabelo rosa. "Será que ela desistiu?!" - rio sozinha, já um pouco alterada, enquanto me afasto da pista, indo em direção ao banheiro.

- Ei, moça! - vejo o barman gesticulando em minha visão periférica quando eu passo em frente ao bar.

- Eu?!

- Isso, você mesma! - ele sorriu, sinalizando para que eu me aproximasse - Alguém deixou um drink pago pra você.

- Nossa! - gargalhei, puxando papo com o barman - Acredita que isso nunca me aconteceu antes?

- Pra tudo tem uma primeira vez, né? - ele sorriu.

- Aparentemente sim, né? - dei de ombros - E cadê a bebida?

- Tá aqui! - ele me serve um mero shot de uma bebida transparente com um pedaço de papel sob o copo.

- Um shot puro?! - ergo a sobrancelha esquerda, demonstrando meu estranhamento - Querem me ver doida, aparentemente!

O barman sorri e dá de ombros, continuando a atender outras pessoas. Viro o shot de olhos fechados e sinto o álcool queimando a minha garganta. Pelo que eu conheço do meu limite, aquele seria meu último drink em pelo menos algumas horas. Vejo que o pedaço de papel sob o copo tinha algo rabiscado e levo algum tempo para conseguir decifirar o que estava escrito tanto por conta da letra quanto pela pouca iluminação do lugar.

"Acho que no bar do mezanino a gente consegue conversar melhor..."

"Gente... e não é que a menina queria conversar mesmo?!" - arregalo os olhos, que se mantinham fixos no bilhete. "Bom, vamos ver no que vai dar..." - suspiro, dobrando o bilhete e guardando-o dentro do meu sutiã. Exibo minha pulseira para um segurança que ficava na escada do mezanino, que libera a minha subida. Logo avisto Halima e Labib sentados um ao lado do outro em um lounge, cochichando animadamente um com o outro e decido não atrapalhá-los. Ao varrer meu olhar pelo bar, não reconheço nenhuma figura familiar, o que me deixa confusa a princípio. Decido encostar por lá mesmo assim e peço uma água, para dar um respiro ao meu fígado, enquanto espero minha companhia chegar.

Waiting at your doorstep | Tom HollandWhere stories live. Discover now