Capítulo 11

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Os primeiros raios de sol da manhã de domingo atingiram em cheio meus olhos através de uma fresta mal-fechada da cortina do meu quarto. Por algum milagre da meteorologia, o céu resolveu clarear em Londres em pleno outono. Isso não deixava o dia menos frio, mas a luz do sol onde ela é tão escassa sempre traz um ânimo para o dia. Abro os olhos e vejo que tem um pedaço de papel colado na porta do meu armário. Depois de esfregar os olhos e me espreguiçar, me levanto preguiçosamente para ver do que se trata.

"Você dorme demais, credo. Mas fiquei com pena de te acordar e resolvi ir pra casa mesmo sem me despedir. Não quis correr o risco de uma certa pessoa aparecer por aqui e eu acabar cortando o clima. De nada. ;) – Halima"

"São 8 da manhã... eu nem dormi tanto assim!" – penso, numa tentativa falha de convencer a mim mesma de que dormir não é uma das minhas coisas favoritas na vida. Ao olhar o celular, não vejo nenhuma mensagem de Tom, o que me faz supor que talvez ele ainda esteja dormindo. Munida do meu bom e velho roupão por cima do meu pijama mais confortável, arrasto os pés pela casa em direção a cozinha, tossindo ocasionalmente e lutando para manter os olhos abertos. Andando através do corredor, percebo um chiado ritmado ao longe. Como se alguém ouvisse alguma música indistinguível muito, muito distante de onde eu estava. Ao passar pela sala em direção à cozinha, minha visão periférica percebe uma silhueta sentada no sofá. Eu moro sozinha.

— AAAAAAAAAAH, QUE SUSTO! – berro, as mãos trêmulas e a respiração entrecortada.

— Foi mal, Cecília! – Tom levantou-se e gargalhou, tirando seus fones dos ouvidos, amplificando um pouco mais a música alta que ouvia – Eu sabia que isso não seria uma boa ideia...

— Que?! Como você entrou aqui?! – levanto a gola do meu roupão de forma que ela cobrisse toda a minha cabeça e o meu rosto, deixando apenas os meus olhos aterrorizados de fora.

— Eu encontrei a sua amiga saindo daqui quando eu tava subindo as escadas. Ela parecia gente boa... é Ha... Hal...

— Halima. – corrigi, ainda imóvel e com o rosto coberto.

— Isso, Halima. A gente conversou um pouco e ela insistiu por umas cinco vezes de que seria uma boa ideia que eu esperasse você acordar ficando por aqui. – o sorriso de Tom murchou – eu não devia ter ido na dela, pelo visto.

— Não, tá tudo bem... Halima é doida mesmo!

— Você não vai tirar isso da cabeça?

— Não!

— Por quê?! – Tom levantou as sobrancelhas e voltou a sorrir, cruzando os braços.

— Porque eu acabei de acordar e não estou apresentável!

— Ah, nada a ver! – disse, abrindo os braços e vindo em minha direção.

— Nãonãonãonãonãonão! – saio correndo até chegar na porta do meu quarto, tentando segurar o roupão em minha cabeça. Uma cena patética – Você. Volta pro sofá e espera um pouco. – digo, apontando para o sofá enquanto seguro meu capuz improvisado com a outra mão. – Eu já volto.

— Tá bom então! – Tom balançou a cabeça e sorriu, indo para o sofá.

Bato a porta do quarto e suspiro, nervosa. Corro em direção ao meu telefone para falar com Halima.

Cecília

"Halima."

"Você. é. louca."

"MUITO OBRIGADA POR ISSO!"

Halima

"Me agradeça me chamando pra ser madrinha!"

Waiting at your doorstep | Tom HollandOnde histórias criam vida. Descubra agora