CAPÍTULO 11

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Luke passou quase um dia desacordado, ele não voltou com Rebecca e seus parceiros para o Sul, ficou na ala médica todo esse tempo e Meredith não saiu de seu lado.

O garoto foi acordando aos poucos. A luz artificial incomodava seus olhos. Ele ficou meio confuso. Não sabia onde estava ou o que tinha acontecido. Só pensava na bomba, na dor e em tudo ficando escuro. Quando estava quase se acostumando com a luz, ele começou a pensar na possibilidade de ter ido para um espaço celestial. O céu.

— An... — ele não sabia o que dizer diante daquela situação — Jesus?

Meredith se assustou com a fala dele, ela estava quase cochilando na cadeira ao lado da maca em que Luke estava deitado.

— Luke... — ela diz o forçando delicadamente a deitar novamente — Você ainda não está recuperado. Precisa se comportar!

— O q-que aconteceu? — ele pergunta ainda confuso.

Logo percebe que está na ala hospitalar.

— Você não lembra?

Ela olha para ele, um pouco preocupada. Ele poderia ter batido a cabeça forte demais.

— Você quase morreu.

— Hã? — Luke se assusta um pouco com a resposta.

— Você quase morreu. — Dith repete, mas com mais clareza, pensando que ele realmente não tinha entendido sua sentença.

— Eu entendi da primeira vez. — Luke revira os olhos — Mas por que, então, eu não estou vendo uma luz brilhante?

— O que quer dizer? — a garota estava com medo do que ele iria responder e confusa com o assunto.

— Quem mandou me salvar?!

A loira logo entendeu. Luke não estava agradecido por ela ter salvo sua vida. Não estava nem ao menos feliz. Ele estava com raiva.

— Aqui não precisa mandar. Eu salvo quem precisa ser salvo. — ela diz, tentando ser firme, mas já sentindo as lágrimas se formarem em seus olhos, ela estava quase chorando por causa do jeito rude de Luke.

— Mas eu queria ter morrido!

Agora sim Meredith ficou totalmente confusa.

— Como assim? Por que?! — ela começa a raciocinar e fica com medo de seus pensamentos — Se você quer cometer suicídio. Eu só queria dizer que não é uma boa opção. Não é uma morte fácil ou bonita...

— Não! — Luke não aguentava ouvir a voz da garota por mais algum tempo — Numa missão. Na minha cultura, morte é vida. É sinal de bravura.

— Bravura é viver e continuar a fazer o que ainda não fizemos... — ela levanta, tira as luvas e joga no lixo.

— Pra você. — ele diz e Meredith começa a questionar o porquê de estar sendo educada com ele.

— É — ela olha para ele, tentando ser o mais dura possível — Eu já vou. Qualquer coisa... aperta esse botão.

Meredith aponta para um botão vermelho que estava na escrivaninha ao lado de Luke e o mesmo olha para o olha para o objeto. Logo ele pensa que irá ficar sozinho naquele lugar e só o pensamento já lhe dá arrepios.

— Você vai me deixar aqui sozinho? — Luke não era medroso. Nem um pouco. Mas odiava hospitais.

— Por que? Tem medo de ficar sozinho?

Meredith sabia que era errado, mas ria internamente da situação.

— Não gosto de hospitais.

Luke tentava ser forte ao dizer o que estava dizendo, mas várias lembranças invadiam sua mente.

— Minha mãe morreu em um.

Meredith se impressionou com a resposta. Ela passou alguns segundos em silêncio. Sempre pensou em seu próprio sofrimento, mas nunca havia visto que outras pessoas também sofriam com as consequências da guerra.

— A minha também. — ela diz.

Luke fica surpreso. Por um pequeno instante, ele viu Meredith como alguém igual a ele. E não uma garota estranha de outra cultura.

O plano foi discutido várias vezes por Ian e Rebecca dentro da sala dele.

Eles discutiram tanto e brigaram tanto que foi preciso tirar as armas de lá para que ninguém saísse morto.

Depois de muita discussão, eles finalmente chegaram a um acordo. Os clãs iriam se juntar novamente. E, contra a vontade de Rebecca, todos ficariam no clã de Ian. Eles já haviam decidido isso antes, mas precisou de muito mais que só aquelas palavras para eles chegarem nesse resultado final.

Depois de quase 24 horas longe de seu clã, Rebecca e os outros precisavam voltar antes que algo ruim acontecesse, e com algo ruim quero dizer alguma rebelião, guerra ou conflito interno que ela não controlar depois. Rebecca foi bem recebida, mas logo bombardeada de críticas ao contar o que iria acontecer.

Mesmo com todas as críticas, Rebecca não cedeu nem um segundo. Ela estava decidida. E se a líder havia decidido, então todos tinham que concordar. Ela estava começando a se cansar daquela democracia e queria começar um novo período.

Luke já estava com ela, ele se recuperou muito rápido. Era acostumado a se machucar frequentemente, então seu corpo já estava adaptado com aquilo. Depois de tanta radiação incidindo em seus corpos, os sobreviventes se adaptavam rápido a muitas coisas.

Ele saiu de onde Rebecca estava ao perceber que os portões estavam sem proteção. Ouviu uma batida muito forte no portão de ferro e decidiu subir em uma das torres de vigia para ver quem era. Meredith estava lá. Ele saiu bem rápido e foi até onde ela estava, o que diabos a garota ia fazer aquela hora da noite em um local onde poderiam dar um tiro nela a qualquer instante?

— O que você está fazendo aqui? — ele pergunta, meio confuso.

A garota estava super animada por finalmente estar visitando o local, ela nunca havia passado da linha de fronteira e isso a deixava com uma adrenalina nova.

— Eu só vim ver se você está melhor e te dar isso...

Ela estendeu um cupcake para ele, porém Luke não sabia o que era aquilo. Se assustou e, por reflexo, bateu nas mãos dela, derrubando o pequeno bolinho no chão.

A garota se assustou e só essa pequena ação já partiu seu coração em pedaços.

— Qual o seu problema?! — Meredith gritou e começou a chorar.

— Você trouxe uma bomba pra cá?! — Luke diz, com muita raiva.

— Você enlouqueceu?! Não é uma bomba! É um cupcake! — Meredith dizia em soluços — Um doce para você comer!

— Ah... — Luke deu de ombros, fazia mais sentido agora. — Foi mal então.

— Você é louco! — Meredith sai de lá, magoada e zangada.

Algum tempo depois, 48 horas, mais ou menos. Os dois clãs se juntaram. Meredith e Eloise tiveram que dividir quartos. Luke e Rebecca dormiam no mesmo quarto.

Eloise ficou com tanta raiva que quase ficou para trás, onde seu clã ficava. Mas teve que aceitar a ordem imposta por sua líder.

Meredith, por outro lado, ficou super feliz por ter finalmente conseguido uma colega de quarto. Ela ficou empolgadíssima! Pensou em quanta experiência elas iriam compartilhar uma com a outra. Já imaginava as duas pintando as unhas e falando sobre garotos. Coitada, não sabia que Eloise era o oposto do que ela pensava.

Os clãs finalmente se uniram, mas, por quanto tempo?

SobreviventesWhere stories live. Discover now