CAPÍTULO 21

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Rebecca não aguentava mais a pressão que o povo de Ian fazia para que eles encontrassem uma solução. Ian e ela finalmente trabalhavam em equipe, ela tentando encontrar uma solução e tendo as ideias sobre o que falar para o povo e ele sendo o porta voz da situação.

Mas o povo não estava satisfeito com palavras bonitas. As pessoas não paravam de sumir. Todos queriam respostas.

Enquanto a líder caminhava com a postura, que aprendeu com sua mãe, pelos corredores do abrigo, pessoas ao seu redor a chamavam, a cercavam, implorando por respostas. Ela se mantinha séria, em silencio, olhando para o seu caminho. Até que foi surpreendida com uma voz feminina que dizia:

-- Ela não deve nem ao menos entender o que estamos falando, seu povo estúpido não pode nos ajudar em nada.

Foi quando ela foi tomada pela raiva, respirou fundo ao chegar na porta do escritório de Ian. Virou-se para a multidão com leveza.

-- Vocês querem respostas? – Ela disse com doçura e todos pararam para ouvi-la – Então mexam-se e vão procurar! – essa última parte ela gritou, assustando a todos. – tenham um bom dia e parem de estragar o meu. – então ela finalizou sua fala com um sorriso meigo.

Se virou para a porta e a abriu rapidamente, ouviu o objeto de madeira bater com força. Não se virou, mesmo com o barulho absurdo que aquilo fez. Ela apenas correu para a janela do escritório, ignorando a repreensão de Ian sobre "como era errado bater a porta daquele jeito e como ele não era milionário para ficar pagando as coisas que ela quebrava". Rebecca ignorou tudo, jogou seu busto para fora da janela e deu um grito que veio do fundo de seus pulmões. Logo, recuperou o fôlego e ficou olhando para a paisagem. Tentando ver se alguma coisa naquele cenário a fazia ficar mais calma.

Até que um toque em seu ombro a fez sair de seus pensamentos e arrepiou os pelos de seu corpo. Ela estava tão nervosa e tão atordoada que se jogou nos braços daquele que a tocou. Ian. Ela não chorava, mas respirava como se estivesse em prantos.

O movimento fez Ian se assustar e ficar em um leve choque, mas ele não podia simplesmente jogar ela no chão. Apenas a ajeitou para que sua cabeça se encaixasse no ombro dele. Enquanto ela respirava daquele jeito, talvez fosse seu jeito de se acalmar, Ian passava levemente sua mão pelas costas da mulher.

Ela foi tirando levemente seu rosto do ombro do líder e ele a foi soltando no mesmo ritmo. Até que eles estivessem totalmente separados. Ela sentou numa poltrona, daquela sala moderna para a época. Ian se ajoelhou para ficar na altura – um pouco mais abaixo – de Rebecca.

-- O que diabos foi aquilo? – Ian perguntou para ver se o clima de estresse se quebrava e Rebecca se acalmava.

Mas isso não funcionou. Ela apenas apoiou seus cotovelos nas pernas e tapou seu rosto com a palma das mãos.

Ian suspirou e voltou a acariciar as costas da líder, ele definitivamente não sabia o que fazer nessa situação.

-- Eu não consigo! – ela disse, o som saiu abafado pelo fato de suas mãos estarem tapando seu rosto. Ela percebeu isso e destapou o mesmo. – Não consigo descobrir como derrotar os zumbis.

Ela deu levemente de ombros em sinal de desistência. Contraiu os lábios, olhando tristemente para Ian. Que não tirava seus olhos azuis do rosto dela.

-- É claro que consegue. – Ian tentou animá-la. – Você fez com que eles parassem de brigar entre si. Foi pelo seu discurso. Você vem dizendo a coisa certa esse tempo todo. Não deixe que nada te desanime agora. Estamos perto!

-- Não estamos perto. Estamos fora do caminho! – ela sentiu suas mãos começarem a tremer – Não sabemos nada sobre os zumbis. N-a-d-a! E não tem como descobrir!

Ian suspirou novamente. Segurou as mãos dela para ver se elas paravam de tremer, pois aquilo já estava irritando ele.

-- Olha, não será fácil encontrar respostas, mas nós podemos fazer isso. Nós dois. Juntos! Podemos encontrar uma solução. Ou uma desculpa. – ele ri um pouco e Rebecca sorri – Desistir não é uma opção. Mas, por favor, não me deixa com essa sozinho não, porque se você gritou da janela, eu me jogaria.

-- Sério?

-- Não. Eu jamais me mataria... Não seria capaz de fazer isso com o mundo...

Ela ri e balança a cabeça, mas ele fica sério, como se não entendesse o motivo da risada.

-- O pior é que quando eu te vi correndo para a janela, eu realmente pensei que você fosse se jogar. – ele diz sério – eu fiquei num misto de alegria e desespero.

-- Desespero? Como assim, pior inimigo? – ela diz e fica com uma expressão de zoação.

-- É claro. Quem ia domar seu povo? Eu ia ficar sozinho no meu do fogo cruzado! – ele brinca com as expressões de seu rosto e Rebecca acha isso divertido – Sua vida não é tão inútil assim.

-- Ok. É... obrigada. Eu acho... – Rebecca balança a cabeça – Sendo assim, não se preocupe da próxima vez que eu correr para uma janela. Eu nunca me mataria assim.

-- Por que não? – Ian pergunta, curioso.

-- Tenho medo de altura. – Rebecca cochicha isso como se fosse um grande segredo a ser guardado.

-- Óh! Sério?! Continue contando suas fraquezas para o seu pior inimigo. Qual a pessoa que você mais ama? – Ian dá um sorriso sarcástico e ela revira os olhos.

-- Nós não somos inimigos. Somos aliados – ela para um pouco e logo corrige – Por enquanto.

-- Tá. – ele levanta – Agora vamos falar de coisa séria. O que descobriu sobre os zumbis até agora?

-- Uma grande lista de nada. Tudo o que sabemos é ficção. E ainda sabemos pouco sobre a ficção.

Ele balança a cabeça em negação, enquanto toca o mini bonequinho que tem o seu rosto esculpido. Não existe, existirá ou já existiu alguém na Terra que se ame como Ian se ama.

-- Não é possível que saibamos tão pouco!

-- Se ao menos pudéssemos enviar pessoas até lá para observá-los.

No mesmo instante em que isso foi dito, Ian se virou para ela com um olhar malicioso. Ela percebeu o que ele estava tramando e logo o fitou com um olhar de repreensão. Levantou seu dedo indicador e ditou a ordem:

-- Nem pense nisso! Mandar pessoas para lá está fora de questão!

-- Estamos em uma guerra! Temos que enviar soldados! Arriscar! Ou perderemos para um inimigo idiota!

-- Não sabemos se eles são idiotas. E já arriscamos soldados demais.

-- Tá bom, Rebecca. Tá bom.

Ele revirou os olhos e alguém bateu bruscamente na porta.

-- Mas que diabos é isso? – Ian disse, com raiva da brutalidade – Entra, né. Precisa quebrar a porta não.

Quando a ordem foi dita, um rapaz, aparentemente de uns 20 anos, entrou na sala. Um dos guardas de Ian.

-- Senhor, mais três pessoas sumiram e suas famílias querem falar com o senhor imediatamente!

Ian respirou cansado de tudo aquilo. Entediado.

-- Eu vou dessa vez. – Ian disse – Só tente achar mais coisas sobre eles. E tente não ficar muito nervosa. Você tremendo me dá raiva. Obrigado.

Ao dizer isso, ele sai com o guarda. E Rebecca fica andando de um lado para o outro, pensando em algo que poderia ser feito que a deixasse em vantagem contra os zumbis e que não precisasse sacrificar a vida de mais ninguém.

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