CAPÍTULO 14

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Já faziam três dias da união dos clãs. Exceto pelo incidente entre Meredith e Eloise, nada de ruim havia acontecido. Cada vez mais os sulistas se mostravam fiéis à Rebecca e os nortistas dispostos a abandonar fronteiras pelo bem de todos.

Luke tentava de tudo para que Meredith aprendesse a lutar, mas a garota simplesmente não nasceu para isso. Ela não sabia nem se esquivar dos socos que Luke dava, apesar de não doerem, ela ainda reclamava e muitas vezes até chorava. O garoto já estava à beira de perder a paciência.

Ele estava ensinando a ela alguns golpes, quando do nada ela caiu no chão. O sulista ficou confuso.

─ O que foi isso, Dith?

Ele não percebeu quando chamou ela pelo apelido, mas ignorou o fato e continuou olhando para ela, tentando entender o porquê da queda.

─ Sei lá. Minhas pernas não têm mais forças para se manterem de pé!

"Que exagerada", ele pensa, mas não diz nada.

─ Mas nós acabamos de começar!

─ O quê?!

Ela se mostra indignada.

─ Mas já faz duas horas que a gente está treinando! ─ ela sente as lágrimas vindo e solta um pequeno gemido ─ Eu tô cansada, Luke!

─ Mas você não se esforça! Se estivesse, a gente já teria acabado!

─ Eu não me esforço?!

A garota se levanta, agora revoltada com o que ouviu. Levanta a manga do casaco e mostra manchas roxas no braço, depois levanta a blusa preta e mostra as mesmas na barriga e, por último, levanta a perna da legging rosa que está usando e mostra as marcas.

─ Eu estou me esforçando sim! Se meu pai me pegar e ver essas marcas ele me mata!

─ Eu quero dizer que você não revida!

Ele tenta ser mais específico que antes.

─ Eu já disse que me recuso a te bater!

Ela cruza os braços como uma garota mimada que se nega a fazer algo que os pais mandam.

─ Então não adianta ficar toda roxa, rosa, amarela... precisa revidar!

─ Eu não quero te bater!

Se ela batesse o pé, Luke teria certeza de que ela era mimada e arrogante.

─ Relaxa, você não vai me machucar!

Esse era o jeito de Luke animá-la.

─ Tá duvidando de mim?!

Ela já estava ficando irritada, o que era o objetivo de Luke. Se ela ficasse irritada, ela iria bater nele e ele finalmente poderia se ver livre daquilo. Apesar de que ele estava gostando desses momentos. Não eram o tédio que ele imaginou que seriam. Com certeza sentiria saudades disso quando voltasse para o seu clã.

─ Não, só tô dizendo a verdade. Eu sei me defender!

Ela tenta dar um soco na cara dele, mas erra. E ele nem saiu do lugar.

─ Isso é frustrante. Está acabando com a minha autoestima, você sabe, né?

Ele ri e balança a cabeça. Meredith tem vontade de fotografar esse momento. Depois de três dias de convívio, esse é o primeiro sorriso que ela vê ele dando. Ela simplesmente não consegue parar de admirar seus dentes perfeitos.

─ Que fofinha.

Ele a tira de seus pensamentos. E ela aproveita esse momento de vulnerabilidade e dá um soco na cara dele, finalmente acertando.

─ Muito bem! Conseguiu! ─ Luke brada e aplaude. ─ Só precisa melhorar a técnica, mas gostei de você ter esperado minha guarda baixar para fazer isso.

A nortista finalmente percebe que ele baixou a guarda propositalmente. E fica com raiva de si mesma por ter acreditado que o mérito era totalmente seu.

Ela fica tão chateada que senta, dessa vez para valer. Desistiu e não iria mais voltar a lutar, nunca mais.

─ Eu não sou fofinha!

─ É sim, principalmente agora que está bravinha.

Ele ri e ela lembra que foi ela quem ensinou essa palavra a ele.

─ Eu não vou te ensinar mais palavras não.

─ Eu aprendo sozinho. Agora levanta e vamos voltar ao treino, anda.

─ Eu desisto!

Luke revira os olhos ao ver o quão teimosa aquela garota era. Mas tudo bem, se ela não queria, ele não iria forçá-la.

─ Tudo bem então. Seja fofinha para sempre.

Essa foi a gota que faltava para o balde de Meredith. Quando Luke se virou para beber um pouco de água, ela levantou e foi correndo para atacar ele. Porém tropeçou e foi para cima dele caindo. Luke, por reflexo, segurou ela, derrubando toda a água no chão. O mesmo escorregou e ele deu com as costas no chão, apenas segurando Meredith, para que ela não se machucasse.

─ Você está bem?

Ele pergunta, ainda ofegante com o susto.

─ Sim, eu estou.

Foi quando eles perceberam o quão próximos seus rostos estavam. Eles olhavam no fundo dos olhos um do outro.

Não me surpreenderia se eles se beijassem nesse momento.

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