Capítulo 11

664 38 2
                                    

Me virei bruscamente esbarrando em minha mãe que vinha logo atrás de mim.

- Que é isso Ana Clara? – ela me olhou já sabendo o que eu iria fazer – Nem pense senhorita, o seu pai organizou isso tudo pra você.

- Mas mãe é rapidinho, eu só vou tomar um banho – fiz carinha de cachorro molhado – você quer mesmo que eu abrace esse tanto de gente toda grudenta e fedida?

- Tá Ana Clara, Bárbara vai com ela.

- Mãe não precisa, eu não vou fugir.

- Esteja aqui em 30 minutos ou vou lá te buscar.

- Calma tia, eu trago ela nem que seja amarrada – Báh me defendeu do jeito dela.

Eu nem esperei minha mãe falar mais nada, puxei no braço de Bárbara e subi como um foguete as escadas da minha casa.

- Quê que deu em tu mulher? Só dar uns abracim no povo e acabou, eu sei que tu num é de..

- EU BEIJEI UMA MULHER!

Báh parou de falar no mesmo instante e me olhou assustada, mas logo as feições mudaram e vi nascer um sorriso malicioso no canto dos lábios da minha amiga.

- UQUÊ ANACLARA? – Ela colocou a mão no peito e começou a rir como se eu não estivesse ali.

- Para de rir menina, isso num é engraçado não.

- É... – nem conseguia falar – é que eu não sabia que essa coca também era fanta – e dessa vez foi eu que não aguentei e gargalhei esquecendo por 2 segundos o porquê de eu ter falado aquilo para minha amiga.

- Isso não é o pior – só assim consegui atenção dela novamente para mim.

- E tem como piorar mulher?

- Ela tá ali em baixo – falei mais pra mim do que pra ela.

Dessa vem Báh não falou nada, quando voltei meu olhar para ela a doida tava com a mão na barriga rindo sem consegui respirar.

- Para de rir da minha desgraça ô escrota.

Quando ela percebeu que eu não estava pra brincadeira foi se acalmando aos poucos e sentou na beirada da cama onde eu estava.

- Isso é sério? – perguntou colocando a mão nas minhas costas.

- Preferia que não fosse – falei em um fio de voz.

- Me explica isso direito Naclara.

Os 10 minutos seguintes seguiram com eu tentando explicar para a minha amiga como isso tinha acontecido e ela percebendo que eu não estava brincando apenas me ouviu.

- E então quando chego no quintal a primeira coisa que eu vejo é ela, não quero descer pra lá não sis.

- Mas Naclara você tem que ir falar com ela.

- Mas eu não vou é de jeito nenhum.

- Tu sabe que a tua mãe vem te buscar com uma chinela na mão né.

- Aff sis, nam vou é tomar banho – me levantei e segui a passos firmes em direção ao banheiro.

- E tu quer que eu faça o quê mulher? Que eu expulse a menina? – Ouvia minha amiga gritando mesmo com o barulho do chuveiro.

Dessa vez eu não respondi.

- Ô madame pode ir tirando seu viadim da chuva que eu não vou fazer isso não.

A água escorria e escorria e eu não conseguia pensar em nada, a minha vontade era de me enfiar debaixo de um lençol e esperar chegar amanhã. Mas isso não é uma possibilidade, e se eu ignorasse ela?

OTHER WORLDWhere stories live. Discover now