Capítulo 13

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- Isso é coisa pra tá se dizendo pra todo mundo Vitória? – meus olhos ainda estavam arregalados – mas me fale mais sobre isso.

Ela caiu na gargalhada e eu pude ver o movimento da cabeça dela para trás.

- Não tô falando pra todo mundo senhorita Ana Clara, só pra tu.

- Hum rum, sei. – olhei ao redor – Mas e ai? Tu me chamou aqui pra ficar em pé mesmo? olha que essa carinha jovem aqui pode até enganar – coloquei a mão abaixo do meu queixo -, mas minha coluna tem 80 anos.

- Meu Deus que dramática Naclara, já ofereci meu colchão mas tu num quer – ela olhou para o chão – sabia que deitar no chão faz bem pra coluna? Uma superfície reta e tal...

- O chão está reservado apenas para dias de bad – ela olhava pra mim com a testa enrugada e as sobrancelhas juntas – não é uma boa desculpa né?

- Para de frescura mulher, vem.

Tirei meu sapato ficando apenas de meia e sentei com ela em posição de índio. Ela pegou em meu braço fazendo uma leve pressão para trás.

- Deita.

Deitei e fiquei ali olhando para o teto dela.

- Tu tá parecendo um robô – olhei na direção em que Vitória estava - teus movimentos parecem estritamente calculados.

- Num tô não. – ela riu chegando mais perto de mim.

- Tá sim Ninha. – colocou alguns fios do meu cabelo que teimavam em estar em meu rosto atrás da minha orelha.

Eu apenas balancei a cabeça em negação receosa pela nossa proximidade, o sorriso dela aumentou mais ainda.

- Aquele cômodo era o quarto da Flávia? – mudei de assunto e levantei meu tronco rapidamente me apoiando nos meus braços.

- Tô falando – ela levantou ficando na mesma posição em que eu estava ainda rindo pela minha mudança repentina de assunto – era o quarto dela sim.

- Ela não vai mais morar aqui? – perguntei curiosa.

- Por enquanto não, ela resolveu trancar a faculdade por um semestre.

- Haa – deitei de novo – seu teto é tão branco – eu já disse que sou péssima em puxar assunto?

- Tu é muito ruim nisso Ninha – ela riu e ficou de lado olhando pra mim.

- Em quê? – perguntei fingindo demência.

- Em fingir que não me deve nada

Ok. Eu não estava esperando por isso.

- Se tem uma coisa que eu não faço é dever – a minha risada saiu mais nervosa do que eu esperava.

- Pois eu acho – ela me fez olhar pra ela – eu só acho que tu têm que pagar logo, porque sabe – Vitória estava olhando fixamente pra mim, o sorriso dela estava presente e eu nem pude decifrar a cor da sua íris, já que estava hipnotizada pelo movimento dos seus lábios – existe juros, e pelas minhas contas eles não estão muito baixos não.

- Para isso existe as negociações – consegui me desvencilhar do labirinto em que eu estava perdida entre o olhar e a boca de Vitória – acho que com uma boa conversa tudo se resolve.

- Eu concordo plenamente Ana Clara – meu Deus será que a mandíbula dela não doí de ela ficar sorrindo o tempo todo?

Meus pensamentos foram cortados quando a mão dela repousou novamente em meu rosto.

- Tu deveria seguir meus conselhos Ninha – ela estava próxima demais.

Eu assenti... Apenas assenti, não foi algo pensado. Parece que minha cabeça estava apenas esperando um descuido meu, que provavelmente foi ocasionado pela mistura de respirações, ou pelo cheiro de Vitória que estava mais forte.

E parece que Vitória também só estava esperando por isso, vi o sorriso dela crescer e o olho fechar.

Eu queria aquele beijo... Nossa eu queria muito aquele beijo.

Senti uma pressão contra meus lábios e instantaneamente um arrepio pelo meu corpo. Era bom, meu Deus era muito bom.

Vitória não estava com pressa e nosso contato inicial durou mais do que eu esperava, senti suas mãos em meu rosto e o beijo foi aprofundado, automaticamente me virei de lado e minhas mãos se instalaram na sua cintura. O beijo era ansiado pelas duas, Vitória revelava isso sem nenhum receio através de um toque mais desejoso.

Os movimentos eram sincronizados, o encaixe era perfeito.

A boca dela tinha sido feita pra mim, ah isso eu tenho certeza.

Mas Vitória parou e minha cara formou um perfeito ponto de interrogação. Ela abriu o olho e sorriu pra mim, só aí soltei o ar que estava retido em meus pulmões e eu ainda nem tinha percebido. Ela não disse nada, apenas se levantou e ficou por cima de mim.

Espera... Quê?

Repetindo o movimento de mais cedo ela colocou alguns fios que estavam soltos atrás da minha orelha, eu me permiti olhar para os lábios que a segundos atrás estavam grudados nos meus, a vermelhidão denunciava isso.

- Tu já pode relaxar - ela falou notando que eu continuava imóvel depois de tudo, as voz estava mais rouca que o normal.

Eu apenas sorri. Ela mordeu o lábio inferior e senti a aproximação mais uma vez.

Senti o polegar dela fazendo uma leve carícia no meu rosto para logo em seguida ser tomada pela onda de sensações que é ser beijada por Vitória e dessa vez não era nada calmo, minhas mãos voltaram para a posição inicial na sua cintura onde apertei tentando transmitir o pouco que eu estava sentindo.

Senti sua língua contornando meu lábios em uma tentativa silenciosa de pedir passagem, em questão de segundos a batalha estava perdida e eu estava completamente dominada por Vitória, senti um sorriso colado em meus lábios e logo o beijo foi finalizado com alguns selinhos, nesse momento meu sorriso já estava maior que o dela.

Nem deu tempo abrir os olhos, apenas senti a respiração pesada de Vitória próximo ao meu ouvido.

- Pronto Ana Clara, a primeira parcela já está paga. 

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