Capítulo 6 - Revelações

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JOSIE POV

Lizzie estava em prantos, com as mãos no rosto tentando se controlar após gritar e surtar com os nossos pais. Mamãe a abraçava, parecia apreensiva, com medo de que ela perdesse o controle, na verdade todos nós estávamos.

Eu me sentia dormente. Minhas mãos e pernas tremiam, a ponta dos meus dedos formigava. Eu sentia o poder coçando, pedindo pra sair, mas eu não podia perder o controle, nunca.

Então era esse o grande segredo, era por isso que minha mãe nunca estava por perto, por isso que meu pai vivia com a cara enfiada em livros antigos, porque com 22 anos teremos que nos fundir e a gêmea mais fraca irá morrer, ou podemos nos tornar hereges aos 20 e uma de nós passar o resto da existência como uma vampira.

Ser descendente do clã Gemini não havia trago nada de bom para as nossas vidas. Nossa mãe biológica havia morrido, nos quase morremos, não podemos usar magia como as bruxas normais pois somos sifonadoras, uma subseção de bruxas. Nada de bom vinha de ser descendente dos Geminis. Nada!

Tentei pensar racionalmente, me conectar com a realidade. Meu pai estava parado diante de mim, sem dizer uma palavra sequer, apenas me observando. Vampiros não são criaturas conhecidas pelo seu autocontrole e ver minha mãe abraça a Lizzie, com medo do que poderia acontecer...

- Eu faço isso. - falei, com a voz firme - Quando chegar a hora, me transforme.

- Josie, você não tem que decidir nada agora... - o toque suave do meu pai recaiu sobre o meu ombro.

- Pai, imagina a Lizzie com acesso ilimitado aos seus poderes. Ela puxou a parte... Ela não possui muito controle, você sabe.

- Josie...

- Pai. Já está decido... E você sabe que é assim que tem que ser, todos nós sabemos.

A volta para casa foi bem silenciosa, mamãe se sentou no banco de trás com os braços em volta de nós. Lizzie finalmente havia adormecido em seu colo e eu estava somente absorvendo o seu cheiro, com medo de que ela decidisse correr pelo mundo novamente atrás de uma outra solução, mas era isso, esse era o último recurso.

Ao descer do carro eu me afastei de todos eles rapidamente e eles não me impediram, queria ficar sozinha, mas ao mesmo tempo eu sentia a falta de companhia. Eu precisava dela.

Corri de em direção ao interior da escola, subi as escadas e bati na porta de madeira do dormitório. Os olhos azuis de Hope estavam esperando por mim como se ela soubesse que eu iria até lá, e nela encontrei o conforto de um abraço. Pela primeira vez naquela noite eu chorei, eu desabei e me permiti ser vulnerável pois com a Hope eu me sentia livre para ser quem eu era.

- Calma, vai ficar tudo bem. - Sua voz trêmula chegava até os meus ouvidos.

Eu não conseguia formular uma frase completa, uma palavra, eu só queria chorar e colocar para fora tudo o que estava me afligindo.

Hope se afastou e os meus dedos a puxaram para perto, ela insistiu e segurou meu rosto em suas mãos, secando as minhas lágrimas. Por trás da tristeza eu achei o seu sorriso, achei os seus olhos marejados, achei o seu beijo.

Não percebi o que havia feito até fazer. Seus lábios eram macios, suaves e seu beijo era preciso, urgente. Senti seus dedos acariciarem a minha nuca e se envolverem nos meus cabelos. Quando ela se afastou minha boca foi a sua procura, sedenta por mais.

- Josie... - nossas testas se encontraram e um sorriso bobo me escapou.

A porta do quarto se abriu em um baque alto. Uma voz masculina chegou rude até os meus ouvidos. Vi Landon de relance, seus olhos ardendo de raiva e então o quarto ficou turvo. Meu corpo se chocou a alguma coisa e o ar me escapou.

Hope estava gritando, seus olhos brilharam laranja e em segundos Landon estava no chão, desacordado. Ela gritava por ajuda enquanto apalpava meu abdome. Mas por quê? O que estava acontecendo?

Subitamente os cabelos loiros da minha mãe tomaram conta da minha visão, seus olhos azuis estavam molhados e a voz de Lizzie, gritando, aos prantos me assustou.

Eu não conseguia respirar, não conseguia focar meus olhos. Hope. Onde ela estava?

- Hope?

- Eu estou aqui. - sua voz parecia distante - Ande, Caroline faca alguma coisa, faça alguma coisa agora!

Meu corpo estava dormente novamente, eu me sentia leve, livre dentro de mim. Meus olhos se fecharam e a escuridão veio, contudo ela não me assustou, ela me abraçou, me preencheu, e tudo então se transformou em nada.

Último Recurso - Fic PhosieWhere stories live. Discover now